quinta-feira, 31 de março de 2016

03.04.1964 - Jornais americanos: 'militares do Brasil são mesmos de 1889'



Jornais americanos:
'militares do Brasil
são mesmos de 1889'

NOVA IORQUE ─ O "The New York Times" diz, em sua edição de ontem, não ser certo que o presidente João Goulart estava levando o país para o comunismo, acentuando que as Fôrças Armadas adotaram a mesma posição de 1889, quando da proclamação da República.

Ressalta o telegrama da agência norte-americana UPI que o sr. João Goulart não pôde modificar a estrutura do Exército, "integrada por elementos da classe média, conservadora". Adverte o órgão americano: "Seja quem fôr o vencedor, terá que se produzir, agora, um longo período de convalescença política e econômica".

EQUILÍBRIO
O Exército, segundo o "New York Times" é constituído de "elementos da classe média conservadora". Aponta o órgão a existência de "desequilíbrio entre as famílias que muito têm e as que nada têm, o que é agravado pela inflação".

"Washington Post" diz que a luta no Brasil "é algo mais que uma disputa entre maus e bons". Após colocar a posição do sr. João Goulart como "inclinado para a esquerda diz o "Washington Post": "Mas também é certo que o sr. João Goulart apoiava a realização das reformas de base e que a oposição ao seu regime, por parte dos ricos e poderosos, não se baseava inteiramente no conluio do presidente com os comunistas".

"IMPARCIAL"
O govêrno norte-americano se declarou "imparcial" na crise. Funcionários do Departamento de Estado disseram que o presidente Lyndon Johnson se manteve "informado" sôbre a crise. Asseguraram que "se o presidente Goulart apresentasse renúncia em favor do deputado Ranieri Mazzilli "não haveria rompimento de relações. (Noticiário da "United Press International" (USA).

Diário Carioca, sábado, 3 de abril de 1964

quarta-feira, 30 de março de 2016

15.03.1973 - Tudo assinado. É a Fiat chegando.


Tudo assinado.
É a Fiat chegando.
(O ESTADO DE MINAS GERAIS E A FIAT SERÃO SÓCIOS, COM IGUAL PARTICIPAÇÃO.)

O governador, o presidente da Fiat e o ministro conversam... ... sobre a fábrica que vai produzir 190 mil automóveis.

O presidente da Fiat e o governador de Minas Gerais assinaram o Acordo de Comunhão de Interesses. Agora só falta o Acordo ser aprovado pelo governo federal, para ser constituída a sociedade, desapropriado o terreno e construída a fábrica. Em 1976 os carros Fiat 127 já estarão rodando. Dois anos depois a fábrica estará em produção total. O novo carro é barato e econômico. É um carro para a família.


Os primeiros 30 mil automóveis Fiat 127, brasileiros, estarão rodando em nossas ruas e estradas até 1976. E nos dois anos seguintes a fábrica que será construída em Betim, perto de Belo Horizonte, atingirá sua capacidade total de produção: 190 mil veículos e 150 mil motores, por ano. Dez mil pessoas estarão trabalhando na nova fábrica e outras 30 mil, nas outras indústrias do setor. É Giovanni Agnelli, o presidente da Fiat, quem garante.


Esse italiano de 52 anos, vestido com elegância, muita segurança e objetividade quando fala, fez essa declaração ontem à tarde. Pouco antes, a sua empresa e o estado de Minas Gerais, representado pelo governador Rondon Pacheco, tinham assinado um Acordo de Comunhão de Interesses que resultará na implantação da nova fábrica de automóveis.

No empreendimento serão investidos 280 milhões de dólares (um bilhão e 700 milhões de cruzeiros, aproximadamente), dos quais 73 milhões de dólares serão por conta do estado de Minas Gerais.

Segundo Agnello, ontem foi feita apenas uma declaração de intenções, que ainda deverá ser referendada pelo governo federal. A força desse compromisso, disse, é dada pela lealdade das duas partes.

Mas o governo federal não participará da indústria, a não ser por intermédio da concessão de incentivos tradicionais, de acordo com o que declarou o ministro da Indústria e do Comércio, que também assinou o Acordo de Comunhão de Interesses. Mas a Fiat será obrigada a atender a uma exigência do governo: a exportação anual correspondente a um mínimo de 40 milhões de dólares, por um período não inferior a 10 anos. Isso foi estabelecido por decreto no ano passado a todas as fábricas brasileiras de veículos.

Após solenidade, o governador Rondon Pacheco ofereceu um almoço ao presidente da Fiat, ao ministro e a outros 40 convidados especiais. Às 16 horas, na Federação das Indústrias, Giovanni Agnelli recebeu o título de Conselheiro Honorário da entidade, pela primeira vez concedido. Em seguida viajou para o Rio de Janeiro, em companhia de dirigentes da Fiat, onde hoje será recebido pelo presidente da República, às 16 horas.

A SOCIEDADE
O Acordo prevê que o estado de Minas Gerais e a Fiat vão construir uma sociedade anônima, a Fiat Automóveis S. A. ─ FIASA ─ imediatamente após a aprovação do Acordo, pelo governo. Essa sociedade vai produzir e comercializar veículos do grupo Fiat e as respectivas peças de reposição.

As duas partes terão 45 por cento das ações, cada uma. Os restantes 10 por cento ficarão com o IMI ─ Instituto Mobiliário Italiano ─ que será o responsável pela construção da fábrica, num terreno de 2 milhões de metros quadrados, doado pela Prefeitura de Betim, e localizado entre os quilômetros 9 e 10 da Rodovia Fernão Dias.

Francisco Noronha, secretário da Indústria e do Comércio de Minas Gerais, explicou que o governo fez algumas concessões à Fiat, mas que dentro de seis ou sete anos receberá, em ICM, o seu investimento. E isso ele considera um bom negócio.

Além do investimento, o governo mineiro fará a terraplanagem e drenagem do terreno e tomará providências para que o local tenha água, energia elétrica, rede de esgotos e outros serviços.

O prefeito Newton Amaral Franco, do município de Betim (aproximadamente 70 mil habitantes), disse que o terreno está situado um pouco além da Refinaria Gabriel Passos e tem valor aproximado de 7 milhões de cruzeiros. Além da sua doação ─ depois de o adquirir de particulares ─ a Prefeitura concederá à Fiat isenção de impostos territorial e predial, até 1985, e terá que aplicar 25,6 por cento do ICM que receber da Fiat, em obras sociais de mútuo interesse.

O dinheiro para desapropriação da área será emprestado pela Caixa Econômica Estadual, com quatro anos de carência e prazo de resgate de cinco anos. Ele considera um grande negócio para a Prefeitura, justificando que a arrecadação do município, no exercício deste ano, será da ordem de 3 milhões e 700 mil cruzeiros mas que passará para 40 milhões quando a Fiat já estiver funcionando.

O ENTUSIASMO
A visita de Giovanni Agnelli, para assinatura do Acordo, foi um acontecimento importante para Belo Horizonte. Desde o Aeroporto da Pampulha, onde um jato da Líder desceu trazendo toda a comitiva, até o Palácio dos Despachos, foram colocadas faixas saudando o presidente da Fiat.

O entusiasmo mineiro pela presença do presidente da Fiat estava nos dizeres das faixas que iam desde Benvindo per sempre sr. Agnelli até Minas corre com Fiat. Houve uma preocupação em ligar a futura instalação da fábrica e do seu presidente com a velocidade.

Além do entusiasmo houve alguma confusão. Durante a assinatura do Acordo, o presidente do Sindicato Nacional da Indústria Automobilística, Oscar Augusto de Camargo, não teve sua presença lembrada. Na Federação das Indústrias, além de um passeio desnecessário da comitiva de Giovanni Agnelli, por estreitos corredores e banheiros, o presidente da entidade preferiu ler seu discurso em um italiano que ninguém entendeu, obrigando Giovanni Agnelli a acompanhar o discurso, nervosamente, até que um de seus assessores providenciou uma cópia do texto para que ele pudesse entender o que se falava.

Caminhões serão feitos no Rio de Janeiro
Agnelli: muitos planos.
O Fiat 127 leva 5 pessoas e muita bagagem

UM CARRO PARA TODA A FAMÍLIA

O Fiat 127, lançado pela Fiat italiana em 1971, foi considerado por dois juris internacionais como o melhor carro europeu do ano. Com seu estilo diferente, de cupê em forma de perua, conforto para 5 pessoas e espaço para um bom volume de bagagem, com acesso por uma porta traseira e também pelas suas características mecânicas e de construção, é apontado como o veículo certo para a família, adaptando-se perfeitamente à formula trânsito durante a semana e à fórmula estrada em fins-de-semana ou feriados.

É um carro que atingiu plenamente os objetivos do projeto. A Fiat conseguiu produzir um veículo que apresenta 80 por cento do espaço reservado aos passageiros e à bagagem e 20 por cento à parte mecânica.

Tem motor dianteiro, instalado transversalmente (o que proporciona grande aproveitamento de espaço), com 4 cilindros em linha, 903 cm3 de cilindrada e potência de 47 HP DIN, ao regime de 6.600 rotações por minuto. Um motor com válvulas na cabeça, refrigeração a água, com sistema de radiador selado. É um carro com tração dianteira, caixa de mudanças com 4 marchas, alavanca de mudanças no assoalho, suspensão independente nas 4 rodas, molas espirais e amortecedores de dupla ação. Os freios são a disco nas rodas da frente, e a tambor nas rodas traseiras, com corretor de freadas e circuitos independentes, para maior segurança.

Com 2.225 mm de distância entre eixos; 1.280 mm de bitola dianteira; 1,295 mm de bitola traseira; 1,325 mm de altura; 1m527 mm de largura e 3,595 mm de comprimento total, o Fiat 127 é um carrinho em condições de fazer aproximadamente 14 quilometros por litro de gasolina e de atingir a velocidade maxima de 140 quilometros por hora.

O preço do Fiat 127 seria
de aproximadamente
Cr$ 14.500,00, se estivesse à
venda hoje. Ele gasta
pouca gasolina: 14km/litro e
anda a 140 km/hora.

ASSIM FORAM
ESCOLHIDOS
O CARRO E O LOCAL
PARA A FÁBRICA

O carro é barato e já
foi testado no Brasil.
Na escolha de Minas, a Fiat foi ajudada
pelo próprio governo federal.

─ O automóvel Fiat 127 foi o escolhido para o Brasil porque é o mais competitivo da linha, e o que demonstrou melhores características para o mercado brasileiro. Além disso, foi projetado para ser produzido, perfeitamente atualizado para o mercado internacional, até 1981, o que corresponde às necessidades da época. Esse modelo custa, aproximadamente, 11 mil cruzeiros na Itália. Aqui, se fosse vendido hoje, em consequência dos impostos mais caros teria seu custo elevado em cêrca de 40 por cento (o que corresponde a aproximadamente 14 mil e 500 cruzeiros).

Giovanni Agnelli justificou assim ─ diante de jornalistas brasileiros, norte-americanos, italianos, alemães, ingleses e de vários países da América do Sul ─ a escolha do carro, feita após testes realizados com os modelos 126 (com motor de 504 cm3) e 127 no Brasil: cada veiculo rodou cerca de 60 mil quilômetros, em estradas de diferentes condições.

Demonstrando muita tranquilidade, rapidez de raciocínio, com gestos rápidos e jeito de quem está pronto para qualquer resposta, Giovanni Agnelli disse que em nenhum momento a Fiat teve dúvidas sobra o êxito do investimento.

─ Em nossas pesquisas, tomamos conhecimento de que o Brasil possui 40 por cento de sua população com menos de 20 anos de idade e 42 por cento abaixo dos 50. A juventude do país é um dos motivos que nos faz confiar no empreendimento. Além disso, a estabilidade monetária e do produto nacional bruto refletem um clima de tranquilidade social e política.

O INTERESSE POR MINAS

Depois falou a respeito de críticas feitas por um jornal brasileiro sobre as razões do interesse da Fiat em Minas Gerais, por estar longe das indústrias de peças e dos maiores mercados consumidores:

─ As dimensões da iniciativa eram tão grandes que devíamos, por força, ter algum sócio. Em dezembro de 1970, o governador Rondon Pacheco visitou Turim e mantivemos as conversações iniciais sobre o plano. Inicialmente pedimos a participação de um capital do Estado, e recebemos resposta positiva. Logo realizamos os estudos das possibilidades do mercado, das condições da indústria complementar, dos transportes, da localização e de outros pormenores para a segurança do investimento. E seguimos também instrução do governo do Brasil para evitar o congestionamento industrial de São Paulo e do Rio Grande do Sul. E esclareço que os entendimentos para o projeto foram mantidos apenas com o governo de Minas.

Giovanni Agnelli reconheceu que a mão-de-obra qualificada de Minas Gerais é falha atualmente, mas esclareceu que já foi feito um acordo com a Prefeitura de Betim para a formação de profissionais, através de convênios com as escolas existentes, além da formação de outras escolas. E desmentiu as instalações de que a Fiat teria optado por Minas Gerais pela concessão de incentivos especiais ou que a instalação da fábrica estaria condicionada a vitória na concorrência pública de uma empresa italiana, da usina hidroelétrica de São Simão.

Como um "matreiro político do PSD mineiro" ─ como foi considerado em tom de brincadeira por um repórter ─ Agnelli esquivou-se de perguntas que pudessem comprometer as negociações da empresa com o governo mineiro, sobre lucros ou com sua posição de grande produtor de veículos.

IMPORTAÇÃO
Depois de justificar que a fábrica de Betum não provocará nenhuma alteração dos planos da Fiat Concord, da Argentina ─ informou que haverá a necessidade de importação de 4 ou 5 produtos argentinos para os futuros carros brasileiros ─ Giovanni Agnelli confirmou que a Fiat adquiriu 43 por cento das ações da Fábrica Nacional de Motores ─ no setor dos veículos industriais ─ e que já a partir do próximo ano poderão ser produzidos caminhões Fiat leves e pesados, nas instalações do Rio de Janeiro. "Unindo a capacidade das duas empresas a produção atual da FNM poderá ser multiplicada por ser até atingir, com vasta gama de veículos, a produção anual de 15.000 unidades", disse.

─ A Fiat é uma emprêsa polivalente, não limitada ao setor de veículos, mas no Brasil nos ateremos a investimentos somente no setor automobilístico e a ele relacionados, como financiamentos a fornecedores e a outros setores.

Agnelli explicou que a Fiat já fez tentativas de ingressar no mercado brasileiro em 1955 e em 1963, mas sem êxito. E fez uma previsão: se a indústria automobilística brasileira crescer apenas 10 por cento a partir de agora, em 1982 o Brasil atingirá o total de 1 milhão e 800 mil veículos anuais. E disse que a Fiat ficará contente se a sua participação for de apenas 16 por cento.

─ Por isso, posso afirmar que nenhuma fábrica vai sofrer prejuízos com a vinda da Fiat. O mercado brasileiro é amplo e permite êxito para todas as fábricas.

O Estado de São Paulo, quinta-feira, 15 de março de 1973

terça-feira, 29 de março de 2016

15.09.1974 - E o povo só aplaudiu, como estava previsto

46 ─ O ESTADO DE S. PAULO                                                                        DOMINGO, 15 DE SETEMBRO DE 1974

E o povo só aplaudiu, como estava previsto


Tudo transcorreu como fora previsto. As bandas chegaram a tempo, as recepcionistas mantiveram o sorriso numerado, os crachás foram suficientes, o povo se aglomerava atrás dos cordões de isolamento contido por vigilantes policiais, os altifalantes funcionaram como deviam e até o locutor soube dar, à sua voz, o timbre que caracteriza os mestres de cerimônia dos grandes espetáculos circenses. À grande festa de ontem cedo, não faltou nada. Talvez o protagonista principal ─ o metrô ─ tenha perdido um pouco de importancia pelo brilhantismo dos coadjuvantes ─ as autoridades. À platéia, restou o papel de sempre: assistir. Mas isso também havia sido previsto. Afinal, o povo estava ali justamente para aplaudir. E aplaudiu obediente a cada pedido de "uma espontanea salva de palmas" do mestre de cerimônias. Na região da cidade entre Vila Mariana e Jabaquara, o grande espetáculo tomou toda a manhã. Conseguiu alguns sorrisos das crianças que ganhavam balões de gás e ofereceu a alguns candidatos uma boa oportunidade de se mostrarem às vésperas das eleições. Tudo estava previsto. Os inconvenientes ficaram apenas para aqueles que foram às estações do trecho de sete quilômetros na esperança de participarem do espetáculo, como extras talvez, mas também tiveram de se contentar com a assistência convencional. Eles estavam ali para bater palmas e manter o complemento indispensável. Afinal, o que seria da grande festa se não houvesse assistência? Para assegurá-la, existiam os folhetos promocionais, coloridos. Havia balões de gás para as crianças e a oportunidade de todos verem de perto as ilustres autoridades. Tudo como havia sido previsto. Quando a festa terminou e a platéia deixou o local do espetáculo, a ela restava apenas a esperança de amanhã, sem balões, bandas de musica, crachás, mestre de cerimônia, altifalantes, cães pastores da PM e cordões de isolamento, poder passar pelas bilheterias, pagar um cruzeiro e 50 centavos e viajar de metrô.

Para o grande espetáculo do metrô, tudo foi preparado com a devida antecedência, até mesmo a "espontaneidade" das manifestações populares

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Dicção ─ técnica básica, empostação vocal, desinibição, postura, expressão verbal e personalidade.
Problemas de fala: rouquidão, gaguez, voz velada, esganiçada ou estridente: falhas de articulação, pronúncia, ritmo e outras anomalias.
CULTURA GERAL ─ apreciação artística, história das artes ─ sessões integradas de música, artes visuais e literatura. Processo audio-visual e criativo.
Professora: Maria José de Carvalho, ex docente da Esc. de Comunicações e Artes da USP.
Informações ─ Tels.: 247-3157 e 63-4510
CONVITE
A nova forma de atendimento de saúde aos funcionários da Prefeitura de São Paulo e seus dependentes, que poderão escolher livremente os médicos de sua preferência, bem como outros aspectos importantes da moderna sistemática administrativa, seus objetivos e benefícios, implantados por orientação do Prefeito Miguel Colasuonno, serão abordados amplamente pelo Secretário de Higiene e Saúde, Dr. Aldo Fazzi, nesta terça-feira, às 14 horas, durante palestra que fará, como convidado especial, no anfiteatro do Hospital do Servidor Municipal.
Prefeitura do Município de São Paulo
Secretaria de Higiene e Saúde
TELESP
TELECOMUNICAÇÕES
DE SÃO PAULO S.A.
SUBSIDIÁRIO DA TELEBRÁS

COMUNICA

A TELESP comunica que continuam abertas as inscrições de novos telefones apenas para as áreas de Perdizes e Anhangabaú, ou seja, apenas para as ruas cobertas pelas estações 62, 65, 262, 227 e 228.

A DIRETORIA
19 escritórios
sem problemas de coluna.

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Uma festa sob encomenda na manhã tropical

Num curto trecho de pista da Domingos de Morais, em frente à estação Vila Mariana, as bandeirinhas, os balões de gãs e os chapéus de sol distribuídos por 100 recepcionistas que receberam entre 100 e 500 cruzeiros da Companhia do Metropolitano, demonstrava, logo cedo as características dadas à festa de inauguração do primeiro trecho da linha Norte-Sul.

Em manhã de sol que o incansável locutor da radio Mensagem classificava de "tipicamente paulistana" em transmissões que se estenderam por dezenas de altifalantes, as recepcionistas uniformizadas concediam à comemoração o toque mais evidente de que ela pertencia exclusivamente às autoridades: à entrada da área impedida, afixavam dezenas de crachás ─ os tipos variavam conforme o grau de importância do convidado ─ nas roupas de quem se identificasse devidamente. Fora dos cordões de isolamento, o povo esperava os colegiais que surgiam desfilando com a marcação da Banda da Polícia Militar.

De espontaneo, as pessoas que assistiam aos preparativos para a festa manifestavam apenas o descontentamento em não pode ultrapassar as cordas que as separavam da estação Vila Mariana, onde se encontrava a verdadeira e unica atração da festa.

Com sua movimentação limitada pelos cordões de isolamento, Jorge Soares Cápua Júnior, por exemplo, não soube como explicar aos três filhos que trouxe de Campinas, porque eles não iriam passear de metrô. As autoridades, que os três meninos puderam ver, chegaram às 9 e 15. Dos altifalantes, a ordem para uma espontanea salva de palmas ao prefeito e ao governador foi imediatamente atendida. Passaram os aplausos, ouviu-se nos altifalantes o elogio às "comunidades de Vila Mariana, Vila Clementino, bairros da Saudade e Ibirapuera, soberbamente representadas em sua estação". Junto às autoridades, dezenas de agentes de segurança muito mal disfarçados sob os crachás de "convidados". Entre eles, os agentes da empresa Vigilância Global, contratada pelo metrô, misturavam-se com empregados da Jaraguá Promoções, uma nova firma contratada pelo metrô para cuidar de sua festa.

Depois do hasteamento das bandeiras, o coral do Colégio Alfredo Ascar tentou cantar. Não pôde: seus integrantes calaram-se ante o aviso que surgiu nos altifalantes, de que as autoridades "estavam ansiosas para experimentar o metrô". E elas partiram para satisfazer o seu desejo, "rigorosamente dentro do horário, como aliás deve acontecer em solenidades como esta", afirmava a voz que saia dos altifalantes.

No mezanino da estação, outro coral esperou inutilmente sua vez de cantar. Dom Paulo Evaristo Arns abençoou rapidamente o local e saiu. Já na Domingos de Morais, ele pode ouvir a informação do sistema de som: "O Cardeal Arns procederá, agora, à bênção de todo o sistema metroviário". Depois, o pedido para que "sigam lentamente, com muita calma, tranquilamente para os vagões". Nas plataformas, na troca de empurrões, ministros separaram-se do prefeito, deputados não puderam acompanhar o governador.

Não muito distante dali, na estação praça da Árvore, o motorista Odilon Januário, com sua roupa de passeio ─ paletó marrom e calça verde-escuro ─ não se importava em perder algumas horas de serviço para tentar ver a inauguração. Mas demorou-se apenas cinco minutos: levando a frustração de não ter podido "andar de metrô" e a certeza de que a festa não era para o povo.

A exemplo de Odilon, muita gente acabou deixando a praça da Árvore por não poder nem mesmo entrar na estação. Mantido a distância por cordões de isolamento e um policiamento ostensivo que incluia até mesmo cães pastores, o povo acabou sendo apenas um espectador passivo de um cenario artificialmente festivo, onde as autoridade e convidados desfilavam sua vaidade.

Antes que o "trem das autoridades" partisse de Vila Mariana, a estação da praça da Árvore era apenas um imenso vazio ocupado por funcionários, pessoal da segurança e serventes que se desorientavam em apressadas ordens e contra-ordens. Mas, quando o trem começou a chegar, o supervisor da estação Jamil Nemes, deixou tudo de lado para ensaiar uma voz radiofonica e ler o texto reservado para o momento: "Bem-vindos ao metrô de São Paulo no início de sua operação remunerada...".

Fora, o diretor do Colégio Bilac, Amaro de Abreu, não conseguia conter o seu entusiasmo: ele era o responsável pela coordenação das "manifestações espontâneas" na praça da Arvora. A frente de um grupo de "lideres da comunidade", o professor gritava e gesticulava as providencias para que nada saisse errado. A ele caberia "saudar o governador e o prefeito" quando estes descessem do trem e subissem ao mezanino. Não deu certo: a aglomeração que se formou logo após a chegada do "trem das autoridades", abafando a mensagem de Jamil Nemes, não permitiu que o professor deixasse o seu anonimato. Depois de vencer a barreira de agentes de segurança, funcionários do metrô e convidados, ele chegou perto do governador e do prefeito. Mas com tempo apenas para um aperto de mão. Quando esboçou a ensaiada saudação, foi afastado pela segurança.

À custa do sacrificio das crianças e jovens que ficaram sob o sol por muito tempo, o programa de homenagens na terceira escala da festiva rota do metrô pôde ser cumprido normalmente. Com discursos, entregas de flores e apresentações de fanfarras que incluiram o "Parabéns a Você", aproveitando a "coincidencia" da data de aniversário do governador.

Mas os insistentes apelos do mestre de cerimonia não foram correspondidos desta vez: os poucos aplausos demonstraram que o publico não estava sintonizado com a euforia oficial. Os populares dispensaram-se rapidamente logo depois que as autoridades deixaram a praça, embora os altifalantes anunciassem repetidamente "novas atrações".

E o "trem das autoridades" prosseguiu na sua viagem.

Quando a voz empolgada do locutor da radio Mensagem substituiu o som estridente de uma orquestra norte-americana nos altifalantes da estação Santa Cruz, na rua Domingos de Moraes, ainda havia algumas pessoas perto do palanque instalado na frente do Colégio Arquidiocesano. Mas a ordem dada pelos organizadores da festa encarregou-se de acabar com a ultima possibilidade de o povo participar da segunda fase da maratona inaugural: os cordões de isolamento foram reforçados, guardas da Policia Militar colocaram-se estrategicamente nas esquinas do quarteirão, com cães ameaçadores. E o povo, naturalmente, sumiu atrás das bandeiras e fanfarras infantis.

Por isso, quando o governador Laudo Natel e seu sequito chegaram, encontraram apenas um pequeno grupo de politicos profissionais e alguns jornalistas. O presidente da Assembléia, Salvador Julianelli, estava ali porque se atrasou na saida da estação Vila Mariana. O deputado Rui Codo juntou-se a ele: assim, puderam disputar com mais chances o privilegio de uma foto junto às autoridades que inauguravam o trecho de sete quilometros.

O ar sombrio da cinzenta estação Santa Cruz ganhou logo animação quando os convidados oficiais começaram a descer do trem para a rua. E quando o governador Laudo Natel, praticamente arrastado por seus homens de segurança, conseguiu chegar ao palanque azul, os discursos, entregas de placas e agradecimentos oficiais recomeçaram. Só que, desta vez, entre disfarces e barulhos esporadicos de alguns "traques" colocados por um convidado bem humorado.

Apesar dos esforços dos rapazes da "Jaraguá Promoções" em distribuir bandeirinhas, balões e chapéus, o que chamou mesmo a atenção foram as enormes faixas da Associação Comercial, saudando o "arrojo" dos construtores do metrô e o volume da vitrola do Colégio Arquidiocesano, onde girava um disco da Aquarela do Brasil na versão alemã de Fischer Chôre.

É claro que o séquito do governador não passou despercebido: um ritmo desenfreado de baterias encarregou de anunciar que as ilustres autoridades estavam chegando. Depois que o locutor da rádio Mensagem recorreu "às crianças do Brasil" para saudá-las, os organizadores da festa conseguiram encontrar as flores que tinham desaparecido e finalmente entregá-las aos principais homens da comitiva.

Nessa hora, o fotógrafo ambulante Adalberto Jacob viveu um dos seus momentos de maior glória: confundido com um dos representantes da imprensa, ele nunca foi tão requisitado para registrar mostras de congratulações. E pode até fazer o que seria considerado, por alguns jornais, "um furo de reportagem": fotografou, o quanto quis, o novo tom castanho dos cabelos de um velho político, antes grisalho, dedicado agora à difícil tarefa de renovação de sua imagem conservadora. Calmo, político, o homem não se importunou.

Por um instante, de repente, tudo parou. Um som estranho de buzinas invadiu a rua em meio à apoteótica manifestação "espontânea" de agradecimento que caía das sacadas do Arquediocesano sob forma de confetes, arroz e serpentina. Na frente do palanque surgiam, ao mesmo tempo, bandeiras de todos os países do mundo que possuem metrô. E, para compensar a ausência do símbolo do metropolitano de Moscou, os organizadores da festa lançaram à frente de uma fileira de colegiais fantasiados, três pequenos meninos que poderiam lembrar cossacos.

Depois que a ruidosa comitiva viu tudo isso e partiu tão confusamente como tinha chegado, os moradores dos quarteirões próximos puderam ver de perto das bandas das 13 escolas que participaram da festa. E, como que para provar a "espontaneidade" da manifestação, a perua da firma de promoções contratada pelo metrô passava pela rua, lotada de rapazes que levavam ─ para quem quisesse ver ─, os buquês de flores padronizados, preparados para os colegiais entregarem ao governador se ele não estivesse com tanta pressa.

Quando a festa terminou, centenas de operários da empreiteiras responsáveis pela construção do "mais moderno sistema de transporte urbano" tiveram de tomar a sua condução habitual: sobre as caçambas metálicas dos caminhões basculantes, eles se espremiam e não demonstravam nenhuma preocupação pela iminência de qualquer acidente. Apesar de não ser permitido esse tipo de transporte, nenhum policial de transito tomou qualquer providência, preferindo o tratamento pouco delicado aos motoristas que procuravam orientação sobre os caminhos a seguir.

Antes do meio-dia, toda a grande festa já havia terminado. O cenário montado para o espetáculo já não se justificava. Era apenas um conjunto de palanques, recepcionistas já sem sorriso e confetes e serpentinas pelas ruas. As estações fechadas, mantinham o clima escuro que permanecerá até amanhã, às nove horas, quando enfim começará realmente a "operação remunerada" no pequeno trecho de sete quilometros.

Ao fim da festa, nem a Companhia do Metropolitano de São Paulo, nem a Prefeitura do Município, informaram quanto custou o grande espetáculo.

aE
agência ESTADO

AGOSTO DE 1974
PLANO DE AUTOFINANCIAMENTO
DE VEÍCULOS
UNIÃO ECONÔMICA
83.ª ATRIBUIÇÃO DE VEÍCULOS "0 KM"

Ficam os senhores participantes do Plano de Autofinanciamento de Veículos "UNIÃO ECONÔMICA" e público em geral, devidamente informados conforme determina o artigo 11.o do seu regulamento, dos nomes contemplados no ultimo dia da Loteria Federal de 31-08-74, para receberem seus veículos "0 KM", cabendo salientar que o referido Plano de Autofinanciamento de Veículos atinge com a presente ATRIBUIÇÃO o montante de Cr$ 31.385.741,99.

N.º Privativo  Contr.        PARTICIPANTES             Veículo
de inscrição   Pagas                                    Marca
     2401       246    ADELINO RODRIGUES              VOLKS-1300
     3398       163    AMERICO FRANC. T. CONCEIÇÃO    VOLKS-1300
     1812        83    JAIME DE OLIVEIRA              FORD-F-350
     3555       170    JOSÉ MARIA REY                 VOLKS-1300
     4359       165    LAURINDO DOS SANTOS HELENO     KOMBI-ST
     1888        83    MARIA DULCE RABELLO RANGEL     VOLKS-1300
     1429        83    ROBERTO FONSECA LEAL           KOMBI-ST

Os senhores participantes acima relacionados estão nesta data sendo informados por carta de Atribuição de Veículos que lhes couberam e demais atinentes a liberação dos mesmos.
OBS: Os pagamentos para a próxima atribuição deverão ser efetuados até o dia 27-09-74.
EXECUÇÃO E ADMINISTRAÇÃO
UNIÃO DOS SERVIDORES DA CAIXA ECONÔMICA DO ESTADO DE S. PAULO
Praça Pedro Lessa, 61 ─ 11.o Andar ─ São Paulo ─ Capital.
São Paulo, 15 de setembro de 1974.

FURUKAWA INDUSTRIAL S.A. PRODUTOS ELÉTRICOS

(NOVA DENOMINAÇÃO SOCIAL DE KAISER ALUMINIO DO BRASIL S.A.
Com sede à Av. São João, 473 ─ 15.º andar, tendo transferido para outra organização, KAISER ALUMINIO COMÉRCIO E INDÚSTRIA LTDA, seus telefones:

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O Estado de São Paulo, domingo, 15 de setembro de 1974

segunda-feira, 28 de março de 2016

25.03.1974 - David Bowie sábado no Anhembi

FOLHA DE S. PAULO
São Paulo, segunda-feira, 25 de março de 1974
David Bowie, apontado "o rei do grupo do Rock", exibe-se sabado proximo no Anhembi.

David Bowie sábado no Anhembi

Em 1971, apareceu em Londres no album "Hunky Dory", de David Bowie. Era uma nova edição do album, que antes passará desapercebido ao grande publico e da critica. Dessa vez, fez sucesso. E a partir de então Bowie que estava se apresentando no Anhembi não parou de fazer sucesso.

Antes, fizera parte de um conjunto, os Buzz, que surgiu um pouco na cola dos conjuntos de "blues" existentes na época. Depois do sucesso de "Humky Dory", Bowie fundou um conjunto novo, "Spiders From Mars" (Aranhas de Marte), que logo estourou no cenario musical inglês, e, sem demora, no cenario internacional.

Hoje, alguns criticos dizem, de Bowie, que "é a maior expressão musical inglesa desta decada"; ou "é o novo Elvis Presley", ou "o rei do grupo de Rock", ou "o inquietante novo rei do rock".

O MENINO DE BRIXTON

Um crítico recentemente disse: "Um concerto de David Bowie não se compara a nenhum outro. No palco, esplendidamente vestido, David move-se com fascinante graça animal, enquanto os sons hipnoticos da guitarra cosmica de Mick Ronson ecoam por todo o teatro. E quando a agudeza de voz fria de David se eleva pelo auditório, até os mais cansados filosofos do rock não podem deixar de ser presos pelo drama visual que se desenrola. Este é então David Bowie, o homem que agarrou a musica pelo pescoço e arrastou-a para uma nova era."

Como os Beatles, que vieram timidamente de Liverpool, Bowie tambem timidamente veio de Brixton, uma região suburbana de Londres. E, como os Beatles, foi para a cidade grande cheio se ideias novas, cheio de vontades novas. Ele que na verdade se chama David Jones, teve de ingressar no mundo artistico com outro nome, Bowie, para não se fazer confundir com xará que começava a fazer grande sucesso ─ Davey Jones, na epoca com o conjunto Monkees.

Não obtendo logo um sucesso de publico e critica, Bowie resignou-se a trabalhar em carater mais ou menos privado, em seu laboratorio musical ─ instalado em sua propria casa em Kent ─ e foi ai que desenvolveu suas pesquisas e inovações.

Nessa epoca ─ fins de 69, começo de 1970, cercou-se de uma pequena mais muito fertil comunidade artistica, e todos trabalhavam no laboratorio.

NOVOS ELEMENTOS DE ROCK

As pesquisas de Bowie revelaram-se frutiferas. Rapidamente, ele incorporou ao rock novo, que já cultivava, elementos até então ineditos, como a mimica e um mais variado e policromico jogo de cena.

De toda uma complexa mistura que foi aos poucos sendo enriquecida, surgiu Bowie como espetaculo, coexistindo e sobrepondo-se talvez ao Bowie dos discos.

Não admira que ele seja, hoje, um dos astros de rock mais solicitados para espetaculos em todo mundo. Foi um dos precurssores da pintura no rosto, das cores extravagantes e de todo um conjunto de elementos que compõem o rock espetaculo que leva as multidões ao delirio.

Para sua apresentação em São Paulo, no proximo sabado, o local estabelecido foi o Anhembi, atendendo já a uma previsão de enorme afluencia de publico.

Folha de São Paulo, segunda-feira, 25 de março de 1974

domingo, 27 de março de 2016

01.05.1974 - Conselho homenageia no Dia Nacional da Mulher as 10 que se destacaram em 73


Conselho homenageia no
Dia Nacional da Mulher as
10 que se destacaram em 73

As 10 mulheres que mais se destacaram em 1973, segundo escolha do Conselho Nacional de Mulheres do Brasil, foram homenageadas ontem "por sua participação no desenvolvimento sócio-econômico-político do país" em cerimônia comemorativa do Dia Nacional da Mulher, realizada no Salão Pedro Calmon da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

As homenageadas foram Aída Carvalho Cortez Pereira (assistência social), Embaixadora Francisca Fernández Hall, Carmem da Silva (jornalismo), Hilda Macedo (policial), Hildegard Angel (TV), Lígia Fagundes Teles (escritora), Magdalena Tagliaferro (pianista), Maria Elisa Carrazzoni (museóloga), Maria Ester Bueno (tenista) e Nise da Silveira (psiquiatra).

MOMENTO HISTÓRICO

No discurso de abertura, a presidente da CNMB, Sra. Romi Medeiros da Fonseca, declarou que tem esperanças de que "num futuro próximo possa agradecer ao Governo da Revolução por seu interesse na participação feminina nos três Poderes da República." E, em outro ponto: "A mulher está deixando de ser objeto para ser sujeito, estamos assim vivendo um momento histórico da humanidade."

A primeira a ser chamada foi o destaque em Assistência Social, Sra. Aída Cortez Pereira, mulher do Governador do Rio Grande do Norte, que divide o cargo de secretária do marido com o de presidente da Linha Auxiliar da Comunidade (LAC), órgão executor da Assistência Social no Estado. Dedica-se ao amparo de menores abandonados.

A Embaixatriz da Guatemala no Brasil, Sra. Francisca Fernández Hall, engenheira, é a primeira mulher de seu país a ocupar o cargo de Embaixatriz. No Brasil foi antes Encarregada de Negócios e em Israel, onde também foi Embaixatriz de seu país, era a decana do Corpo Diplomático de Jerusalém. Formou-se em Engenharia no Rio de Janeiro e recebeu duas importantes condecorações nacionais: a Ordem do Cruzeiro do Sul e a Medalha General Rondon.

A JORNALISTA

Carmem da Silva, da revista Cláudia, foi considerada a mulher que em 1973 mais contribuiu para a renovação do jornalismo feminino. Escreve também nos diários argentinos Clarín e La Razón.

A policial Hilda Macedo, outra escolhida, é a fundadora da Polícia Feminina de São Paulo (195) e observou nos Estados Unidos e na Inglaterra, a convite dos Governos locais, o funcionamento das respectivas policiais femininas, "trazendo subsídios aplicáveis à organização brasileira."

Hildegard Angel, produtora de um telejornal da TV Rio, afirmou em suas declarações, ao ser chamada, que "a mulher brasileira, na televisão, está num lamentável segundo plano."

A ESCRITORA

Outra homenageada, a escritora Lígia Fagundes Teles, acaba de ser eleita para a vaga de Cassiano Ricardo na Academia Paulista de Letras. Lembrou que seu livro mais recente, As meninas, é mais um dado em sua longa luta pela emancipação feminina.

Em seguida foi distinguira a Sra. Maria Elisa Carrazzoni, personalidade do ano passado em educação, por procurar dinamizar a instituição que dirige (Museu Nacional de Belas-Artes), "inclusive incentivando jovens artistas." Não puderam comparecer as homenageadas Magdalena Tagliaferro, atualmente em tournée pela Europa ─ no momento está em Paris; Maria Ester Bueno e Dra. Nise da Silveira, também ausentes do País.

Jornal do Brasil, quarta-feira, 1 de maio de 1974