terça-feira, 18 de abril de 2017

05.11.1969 ─ VJX DA VARIG TOMOU O RUMO DE HAVANA

1.º Caderno                              CORREIO DA MANHÃ, quarta-feira, 5 de novembro de 1969                              5




VJX DA VARIG TOMOU O RUMO DE HAVANA
PREOCUPADA


Armado de revólveres, um grupo de jovens, com idades oscilando entre 18 e 20 anos, seqüestrou, na tarde de ontem, o Boeing 707, prefixo PP-VJX, da Varig, que voava de Buenos Aires para Santiago, com 89 passageiros e 13 tripulantes a bordo.

Sob ameaça das armas, o pilôto foi obrigado a descer no Aeroporto de Pudahuel, na Capital chilena, onde o aparelho foi reabastecido para seguir viagem rumo a Cuba, onde chegou às primeiras horas de hoje. No aeroporto chileno, os seqüestradores permitiram que o casal brasileiro Maurílio Ragnier Menichelli e sua esposa, Maria de Lourdes, descessem do avião, porque a mulher ─ grávida de sete meses ─ precisou de socorros médicos imediatos.

MULHER

Segundo relato de um oficial da Fôrça Aérea chilena, que se encontrava de serviço no Aeroporto de Pudahuel, no momento em que desceu o avião, foi ouvida pela tôrre de comando uma conversa entre o comandante do aparelho seqüestrado e os jovens. Da conversa, depreende-se que são sete os seqüestradores, e que entre eles existe uma mulher, aparentemente chefiando as ações.

Pablo Hamilton, gerente da Varig no Chile, informou aos jornalistas que os seqüestradores dominaram o avião 30 minutos depois que este decolou do Aeroporto de Ezeiza, em Buenos Aires, rumo a Santiago. A aeronave estava em sua última etapa do vôo entre Frankfurt e Santiago, tendo feito escalas em Lisboa, no Rio e na Capital argentina.

Segundo o depoimento de Hamilton, "os seqüestradores são cinco, quatro homens e uma mulher. Quando se apoderaram do avião o pilôto deu ordens para que o almôço fôsse servido imediatamente. Os jovens procuraram ser cordiais com os passageiros, pedindo desculpas pelos transtornos que causavam."

Quanto à mulher, Hamilton afirmou que "segundo uma notícia de bordo, ela aparenta ter entre 17 e 18 anos, é bonita, e de vez em quando cantava e brincava com os passageiros".

"Pelo que pude saber ─ concluiu Pablo Hamilton ─, os seqüestradores eram argentinos, pois falavam com sotaque argentino."

ESCALA

Depois de se apoderarem do avião, os seqüestradores fizeram-no descer em Pudahuel, às 15h40m. Já avisado pelo comandante, o operador da tôrre de comando anunciou: "Por ora, temos poucos detalhes. A única coisa de que sabemos é que os seqüestradores não permitem que os passageiros desçam do avião e que é possível que façam nova escala em Lima, antes de desembarcar em Havana."

Em seguida, pelo rádio, os jovens obrigaram as autoridades ao aeroporto a reabastecer o avião, sob ameaça de matar o pilôto e o co-pilôto. Pouco depois, um casal desceu do aparelho sob a mira das armas, e a porta logo se fechou novamente. O casal foi cercado pelos policiais e impedido de falar. Mais tarde, verificou-se que a permissão fôra dada aos brasileiros Maurílio Ragnier Menichelli e à esposa, Maria de Lourdes, que espera um filho para os próximos dias e, passando muito mal dentro do aparelho, teve de ser levada a um hospital. O avião ainda permanecei no aeroporto durante quase duas horas, estacionado junto à tôrre de contrôle, com as portas hermeticamente fechadas. Depois de abastecidos os tanques com quase 60 toneladas de combustível, o pilôto começou as manobras para a decolagem, anunciando que uma nova escala para reabastecimento poderia ser feita em Lima, no Peru. Em seguida, às 17h20m., levantou vôo, sem ser molestado. Mais tarde, às 20h35m, hora de Brasília, o aeroporto de Lima anunciou que o Boeing sobrevoou a cidade às 20h35m, voando a 10.500 metros de altitude, com destino a Havana.

PASSAGEIROS

Entre os 89 passageiros que viajavam a bordo do PP-VJX, figuravam Mario Caraciolli, diretor do jornal chileno El Mercurio, e o adido naval da Embaixada do Chile na Argentina, comandante Hugo Oyarzun. Este último pediu aos seqüestradores que o deixassem descer também em Santiago, pois viajava de Buenos Aires para assistir aos funerais de sua mãe, falecida anteontem. A autorização foi negada. Também entre os que viajavam estava o cantor popular uruguais Gervasio. Muitas jovens que o esperavam no aeroporto, protestaram ruidosamente contra o seqüestro do seu ídolo.

À noite, a Varig divulgou a lista completa de passageiros e tripulantes que estavam a bordo do Boeing. Entre os que embarcaram no Rio figuravam sete brasileiros, nove chilenos, quatro norte-americanos, dois suíços, um colombiano e um italiano. São os seguintes os passageiros embarcados no Rio: Silvia Magrit Burni, Alfred Burni, Luiz Gonzaga Xavier Pittas, Rosa Maria Isabel Corbett Huddobro, James Anthony Shannon, Isabel Marie Shanon, Maria Isabel Riera Martinez, Lilia dos Santos, Giovanni di Napoli, Uldarícia Constancia Canobra Corbet, Arno Mathias Pesch, Alberto Adilio Alicera Pena, Ruben Clodomiro Soto Cespedes, Helio Edwal de Salles Lopes, Nelson José Olave Pena, José Ernanne Pinheiro, Pamela K. Kappmeyer, Erivan Alves de Araújo, Wilem Antonius Neefjes, Irene Posada Morales, Francisco Javier Munizaga Villavicenci, Duane Ellis Welch, Patricio Cox Urrejola e Margarita Vital Castillo.

Entre os 55 passageiros que embarcaram em Buenos Aires figuram  16 chilenos, 11 brasileiros, nove argentinos, dois peruanos e dois colombianos.

Uma lista fornecida pela Varig em Buenos Aires indica além disso que no aparelho se encontravam quatro norte-americanos, três espanhóis, um britânico, um mexicano, um uruguaio e um venezuelano.

Passageiros embarcados em Buenos Aires: M. Costa, Santacruz, S. Klen, Dujour, J. Casteleiro, Fachette, R. Junqueira Prado, L. Junqueira Prado, M. Menegal, M. Menegal, M. Alanis, H. Ollarsun, M. Duchols, M. Cifuentes, J. Gallay, B. Dubinousky, E. Kleimens, R. Torrealba, N. Rincon, L. Perez, T. Vivanco, P. Iglesias, M. Lewyshon, J. Motles, V. Rallo, E. Aruena, O. Barria, J. Crottogini, R. Burns, D. Burns, M. Kaplan, J. Schteinger, Schteinger, Robertson, V. Elorrieta, V. Constantines, J. Edwards, J. Lamarque, R. Murillo, A. Pizza, F. Samarone, DeSouza, J. Motta, D. Papo, S. Costabal, M. Caraciol, F. Gimenez, C. Campos, P. Pizzoli, L. Sartoriz, K. Zales S. Montes, Valbuj, J. Dimitru, H. Romero, M. de Feltman.

É a seguinte a tripulação do Boeing seqüestrado: comandante ─ Geraldo Werner Knippling; 2.º comandante ─ Abel Flores; co-pilôto ─ Alfredo Sampaio; engenheiro de vôo ─ Eiji Tookuni; 1.º comissário ─ Eduardo Enfato; comissários: Valmor Boock Eliezer de Oliveira, Raya Paulo Pereira, Aldo Rodrigues Neto, Antônio Eduardo de Souza; aeromoças: Shirley Wisse e Arlete Marylene Annequim.

Espôsa de Flôres apreensiva

SÃO PAULO (Sucursal) ─ Nervosa, preocupadíssima, pois somente às 20h30min de ontem teve notícias do marido, d. Márcia Miranco Flôres, espôsa do co-piloto Abel Flôres, disse que êste saíra de sua residência, na Av. Ceci, 1.318, no Bairro de Indianápolis, nesta capital, às 22h, de domingo último, para dirigir-se diretamente ao Rio de Janeiro, onde permaneceu na reserva até anteontem, quando surgiu o vôo para Santiago do Chile, no qual se deu o seqüestro. Depois dêsse vôo, o comandante Flôres deveria seguir para Los Angeles.

BOM PILÔTO

O comandante Abel Flôres, nascido em Passo Fundo, R. Grande do Sul, tem atualmente 43 anos de idade e 21 de aviação, estando na VARIG há 14 anos. Serviu como instrutor de pilôtos, foi pilôto da Aerovias e atualmente é comandante. Possui quatro filhos: Jairo Miranco Flôres, de 5 anos, Cláudio e Cláudia Miranco Flôres, gêmeos. 3 anos e Rubem Miranco Flôres, de 2 anos de idade.

BOA NOTÍCIA

Eram exatamente 0h38min quando um colega do comandante Flôres bateu à porta de d. Marcia Miranco Flôres a espôsa. Cumprimenta-a e diz "tudo bem com o Flôres, faleo com êle há poucos minutos, e dentro de 1h30min estará em Cuba". Esta notícia mudou totalmente o semblante de dona Márcia, que até aquela hora se mostrava nervosa e respondendo as perguntas com certa dificuldade.

Reserva viajou de última hora

Um dos tripulantes que não foi citado na lista fornecida pela VARIG é o comissário José Elias Chade, de 27 anos, casado com a sra. Vany Castanheira Cruz Chade, residente em Niterói.

O comissário José Elias, segundo declarou o seu sogro, Walner Gomes Cruz, funcionário da Prefeitura Municipal de Niterói, "embarcou inesperadamente, pois estava na condição de reserva. José Elias deixou a espôsa meio adoentada, mas não confirmou a sua viagem, só embarcando na hora em virtude da ausência de um companheiro de tripulação."

A reportagem do CORREIO DA MANHÃ localizou num subúrbio carioca a irmã do comissário José Elias, que disse:

─ Estamos todos aqui aflitos. Minha cunhada está doente e ainda não sabe que o marido viajou. Estamos realmente traumatizados com tudo o que aconteceu ao meu mano. Só peço a Deus que êle volte são e salvo.

O comissário José Elias é funcionário da VARIG há mais de cinco anos e tem uma filha, de nove Vina Carla, de apenas oito meses.

Aeronáutica divulga nota oficial

O Ministério da Aeronáutica divulgou ontem a seguinte nota oficial sobre o seqüestro:

"O Serviço de Relações Públicas do Ministério da Aeronáutica comunica que, hoje, a aeronave (Boeing 707) da VARIG, de prefixo PP VJX, vôo 863, quando voava de Buenos Aires para Santiago, foi seqüestrada por elementos desconhecidos, que obrigaram seus 89 passageiros, inclusive uma criança de colo, a permanecer a bordo, durante o tempo em que estêve em Santiago para reabastecimento, decolando em vôo direto para Cuba. Foi permitido apenas o desembarque nesta Capital do sr. Maurício Menichelli e sua espôsa grávida. A tripulação é constituída de 13 tripulantes. (Ass.) Tenente-Coronel Aviador Isberty Collis Garcia, Chefe de Relações Públicas".

A VARIG divulgou a seguinte nota oficial:

"A VARIG comunica que o seu Boeing 707, prefixo PP-VJX, quando realizava a etapa Buenos Aires-Santiago do Chile, do vôo 863, segundo informações recebidas de bordo, foi forçado a desviar sua rota, a partir de Santiago, tomando o rumo de Cuba. Encontravam-se a bordo 101 pessoas, sendo 12 tripulantes e 89 passageiros, dos quais 36 embarcados em Buenos Aires, e os demais no Rio de Janeiro, Europa e Estados Unidos. A Diretoria da VARIG está em contato com as autoridades brasileiras para que seja dada tôda a assistência aos passageiros e tripulantes."


1 No início da tarde, as emissoras de rádio de Santiago do Chile suspendiam seus programas habituais para informar que um avião de passageiros da Varig fôra seqüestrado entre Buenos Aires e aquela cidade.


2 No aeroporto de Podahuel e nos escritórios da companhia, funcionários informaram que às 14h30min (hora local) chegaria um avião da Varig a Santiago, mas que não possuíam informações sôbre o seqüestro.

3 Confirmado o seqüestro, logo depois, funcionários da emprêsa disseram que, de acôrdo com comunicação do comandante, o avião aterrisaria para abastecimento em Santiago e continuaria até Havana.

4 O avião pousou em Santiago às 15h30min locais. Antes do pouso, o comandante confirmou que um dos seqüestradores lhe dissera que deviam dirigir-se para Havana após o abastecimento.

5 Durante quase duas horas, o avião permaneceu estacionado ao lado da tôrre de contrôle do aeroporto, com suas portas fechadas. Segundo as informações do comandante, cinco jovens, inclusive uma mulher, mantinham passageiros e tripulantes sob guarda, armados com pistolas calibre 45.

6 Abastecido, o avião levantou vôo para Havana às 17h30min.

7 Às 23h35min (20h35 de Brasília), e o Boeing sobrevoava Lima. O comandante informou à tôrre de contrôle que estavam a 10.500 metros de altitude e que "tudo era normal" a bordo.

PROJETO CONTRA OS
SEQÜESTRADORES DE
AVIÕES ESTÀ NA ONU

O ministro interino das Relações Exteriores, sr. Mozart Gurgel, está em Brasília, em conferência com o Presidente da República, enquanto o sr. Mário Gibson Barbosa, recém-empossado, está em Washington, presente à XXIV Assembléia da ONU, cuja agenda prevê a discussão do problema dos seqüestros aéreos, projeto patrocinado pelo Brasil, e por mais dez outros países: Argentina, Bélgica, Canadá, Equador, Luxemburgo, Madagascar, Lesoto, Nova Zelândia, Países Baixos e República Dominicana.

JURISTA AFIRMA QUE
PAÍSES DEVEM DECIDIR

O professor Haroldo Valadão, precursor dos estudos sôbre pirataria aérea no Brasil, está convencido de que sómente uma convenção internacional poderá acabar com os numerosos casos de seqüestro de aeronaves.

─ Os piratas iriam sendo processados pelos países em cujos aeroportos fôssem poucos, de acôrdo com as leis vigentes, inclusive prevendo-se a extradição dos seqüestradores.

O professor Haroldo Valadão, consultor-jurídico do Iramarati e autor do projeto sobre pirataria aérea que o Brasil assinou juntamente a outros dez países, disse ainda que todos os países deveriam revisar seus códigos penais prevendo os casos de seqüestro, tal como fêz a Argentina, em 1968, e os Estados Unidos, há oito anos.


CONVENÇÃO

O professor Celso de Albuquerque Lelo observou, por sua vez, que não há nenhuma regulamentação internacional que realmente reprima a chamada pirataria aérea. Na realidade, a denominação de pirataria aérea para êsses crimes é usada por extensão, uma vez que não constitui um ato de pirataria propriamente dita. A chamada pirataria aérea é um crime de direito comum, tendo em vista que cada Estado tem o direito de qualificar o delito e seus autores acabam por gozar de asilo territorial.

Uma convenção em Tóquio discute a repressão de crimes a bordo de aeronaves, mas deixou para cada Estado a punição dos delitos dessa natureza.

O professor José Teixeira de Souza disse que o problema da responsabilidade civil no caso de seqüestro de aeronave é nôvo no campo do Direito. "Alguns entendem que a emprêsa seja responsável ─ disse o jurista ─ mas na minha opinião a emprêsa não pode ter inteira responsabilidade, de vez que o problema resulta de um ato criminoso e independente da sus vontade."


D. Márcia, espôsa do pilôto Flôres, está apreensiva

Pilôto é "homem duro"

─ É um homem duro. Não gosta de ceder nunca.

Assim, todos que o conhecem definem o comandante do Boeing seqüestrado, Gerald Werner Knippling. Alguns pilotos da Varig estavam até mesmo apreensivos, pensando na possibilidade de êle reagir aos que o atacaram e, desta maneira, sofrer represália. "Se êle cedeu foi porque não havia mesmo outra alternativa" ─ comentou outro.

Os serviços de Propaganda e Relações Públicas da Varig continuam numa agitação muito grande, recebendo telefonemas até do estrangeiro, de familiares dos passageiros do aparelho seqüestrado. "Continuando assim teremos de inaugurar em breve uma assessoria de seqüestros" ─ brincou uma funcionária.


PREJUÍZOS

O preço total do Boeing seqüestrado é de 8 milhões e 300 mil dólares, estando segurado em sua totalidade. O prejuízo da companhia é de 2.100 dólares para cada hora de vôo depois de Santiago do Chile, sem contar os gastos extras com os passageiros, tripulantes e o tempo em que o aparelho fica fora do serviço normal. O tempo de vôo de Santiago a Havana é de 7h30min, e capital cubana até o Rio ..... 6h30min, perfazendo um total de 14 horas extras voadas, que equivalem a um prejuízo de 29.400 dólares.

A direção da Varig pretende trazer o aparelho para o Rio tão logo seja liberado pelo govêrno cubano. O regresso deverá ser direto porque o Boeing tem uma autonomia de vôo de 13 horas e o percurso pode ser coberto em pouco mais de 6 horas.


"Melhor seqüestro que desastre"

PÔRTO ALEGRE (Sucursal) ─ A porta da casa de n.º 949, da Rua dos Mostardeiros, residência do comandante Geraldo Werner, seus filhos Guilherme, de treze anos, e Marjorie, de seis, aguardam a chegada de sua mãe, dona Aymar. Às 19h25min, ela aparece na calçada fronteiriça e, ao ver os fotógrafos e repórteres, uma forte preocupação transparece em seu rosto. Dona Aymar apressa-se e logo pergunta, aflita, o que havia acontecido. Imediatamente, sua filhinha Marjorie salta-lhe nos braços e exclama: "Mamãe nem sabe o que houve com o avião do papai." Ao ouvir aquilo, dona Aymar olha para todos, interrogativamente, enquanto a filha volta a exclamar: "Seqüestraram o avião do papai." A espôsa do comandante Werner abre um sorriso e diz: "Ainda bem que foi isto. Pensei que se tratasse de algo mais grave. A única coisa que desejo é que êle volte para minha companhia e de meus filhos, são e salvo."

O comandante Geraldo Werner Knippling, nasceu em Pôrto Alegre no ano de 1922. Aos 16 anos iniciou suas atividades na aviação, brevetando-se em 1939. No ano seguinte tornou-se instrutor de pilotagem na VAE (Varig Aero Esporte). Em 1941 venceu o Circuito Aéreo de Pôrto Alegre, disputando por ocasião da Semana da Asa. Em 1943 foi aos Estados Unidos, onde fêz o curso de pilôto comercial por instrumentos, ingressando no ano seguinte no quadro de comandantes da Varig. Estava na época, com 21 anos de idade, e era o comandante mais jovem do Brasil.

Em 1949 foi nomeado pilôto-chefe, cargo que exerceu até 1954, tendo ocupado, interinamente, o pôsto de diretor de operações da companhia. Em 1953 fêz nôvo curso nos Estados Unidos, o que lhe permitiu trazer, dois anos depois, o primeiro Super-Constellation para o Brasil. Em 1959 fêz na França o curso de Caravelle, ocasião em que trouxe o primeiro dêles para o nosso país.

Em 1960, após curso nos Estados Unidos, pilotou o primeiro Boeing-707, realizando o vôo direto Nova York ─ Pôrto Alegre em 9h33min, recorde até hoje entre as duas cidades. Fêz também várias viagens presidenciais ao estrangeiro, e é possuidor da Medalha do Mérito Aeronáutico. O comandante Werner voa, ininterruptamente, desde 1944, tendo acumulado, até hoje, 24 mil horas, equivalente a 16.800.000 quilômetros, que correspondem a 450 voltas ao redor do mundo ou 22 viagens de ida e volta à Lua.

Recentemente, durante a Semana da Asa, o comandante Werner, que acaba de completar 25 anos como comandante da Varig, foi homenageado pela emprêsa com uma placa (um brevet de comando em ouro e prata) alusiva ao acontecimento. A cerimônia contou com a presença do sr. Erik de Carvalho, presidente da companhia, além de diversas autoridades. O comandante Geraldo Werner Knippling inclui-se entre os pilotos mais experimentados do mundo, revelando em tôda sua carreira uma extraordinária vocação aviatória.


128 brasileiros
já seqüestrados

Com o seqüestro de 89 pessoas que viajavam a bordo do Boeing-707 da Varig, eleva-se a 128 o número de passageiros de aviões brasileiros levados para Cuba, . já que o Caravelle, da Cruzeiro do Sul, seqüestrado a 8 de outubro passado, viajava com 39 passageiros. O seqüestro de ontem fêz subir a nove o total de aviões sul-americanos desviados em suas rotas nos últimos meses.

Sessenta e sete aviões já foram seqüestrados êste ano. Dêles 49 foram levados para Cuba. No ano passado, a lista iniciou-se com um DC-8 norte-americano, levado para Havana com 109 passageiros. Em seguida, o noticiário sôbre seqüestros registrou, dentre outras, as seguintes ocorrências:

29 de fevereiro: um táxi aéreo norte-americano.
5 de março: um DC-4 da Avianca.
12 de março: um DC-8 norte-americano. Voava de Miami para São Francisco.
29 de julho: um aparelho da Southeast Airlines. Ia para Miami.
7 de outubro: um avião mexicano com 13 passageiros.
23 de outubro: mais um táxi aéreo norte-americano.
7 de novembro: piratas aéreos apoderaram-se de um bimotor das Linhas Aéreas Filipinas. A intenção era o roubo aos passageiros.
3 de dezembro: um Boeing norte-americano. Fazia a rota de Miami.

Êste ano, a primeira operação levada a efeito ocorreu a 2 de janeiro, e o aparelho não foi levado para Cuba. Era um DC-6 da Olimpic Airway, de propriedade de Aristóteles Onassis, que pousou no Cairo. Outros registros de 1969:

8 de janeiro: um DC-4 da Companhia Aérea Colombiana Avianca. Vinha de Bogotá.
20 de janeiro: um DC-8 da Airlines e também um jato da Liñas Equatorianas, ambos levados para Cuba.
31 de janeiro: um DC-8 da National Airlines. O avião ia para a Flórida.
11 de fevereiro: um jato da Companhia Aeroposta Venezuelana.
25 de fevereiro: um avião da Eastern Line, quando voava de Atlanta para San Juan de Pôrto Rico.
5 de março: um Boeing-707, com 26 pessoas a bordo.
5 de maio: um aparelho da National Airlines, com 75 passageiros. Ia com destino a Miami.
27 de maio: um avião da Northeast Airlines. Também ia para Miami.
25 de junho: um aparelho da Eastern Airlines, com 104 passageiros.
28 de junho: um avião da United Airlines. Voava de Los Angeles para Nova York.
4 de agôsto: um avião comercial colombiano é levado para Havana.
14 de agôsto: foi a vez de um jato da Comercial Northeast, quando voava de Boston para Miami.
16 de agôsto: mais um aparelho da companhia Aérea de Aristóteles Onassis é seqüestrado em pleno vôo. Desta vez, o avião foi forçado a pousar na Albânia.
17 de agôsto: um avião da Northeast, com 52 passageiros, foi levado para Cuba. Fazia a rota Boston─Miami.
23 de agôsto: um avião da Aerolineas Colombianas foi desviado para Havana.
29 de agôsto: um avião norte-americano é seqüestrado quando voava entre Roma e Atenas. No mesmo dia, um aparelho da National Airlines foi obrigado a pousar em Cuba.
6 de setembro: 13 homens armados de metralhadoras seqüestraram um DC-3 da Fôrça Aérea do Equador.
8 de outubro: é seqüestrado o Caravelle da Cruzeiro do SUl, quando fazia a rota Belém─Manaus. No mesmo dia, ocorreu o seqüestro do Boeing-707 da Aerolineas Argentinas, quando voava entre Buenos Aires e Miami. Ambos foram levados para Cuba.
9 de outubro: um DC-8 da linha Los Angeles─Miami também é levado para Cuba, com 70 pessoas a bordo.
1 de novembro: um fuzileiro naval norte-americano seqüestrou um avião quanto êste voava entre São Francisco e Los Angeles, levando-o para Roma.


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Correio da Manhã, quarta-feira, 5 de novembro de 1969