quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

08.06.1958 - Estréia o Brasil contra a Áustria, conhecedora da astúcia sul-americana


Seis Caças a Jato Expelirão Fumaça Abrindo a Mundial de Futebol

Estréia o Brasil contra a Áustria, conhecedora da astúcia sul-americana

Ano XI ¤ Domingo, 8 de Junho de 1958 ¤ N.º 2.433
Imprensa POPULAR
Diretor: Pedro Morra Lima

Plantão Esportivo
R. Teixeira

O menino Mazzola, inebriado pela popularidade alcançada entre os peninsulares, tornou-se a ponto de supor-se vedeta da seleção. É inacreditável que o rapaz, que ainda cursa o primário em matéria de futebol, atuando entre jogadores como Santos, Garrincha, Orlando, Dino, Didi, enfim, um monte de autênticos craques, principalmente êste último, que lhe tem dado colher de chá para os seus brilharecos, não tenha senso de ridículo, suficiente para compreender que nesta seleção êle é, talvez, o único que não tenha ainda o nome no «gibi».

Corta-se a cabeça, antes que o mal cresça.

Ao bom e gordo Feola, nada mais resta que escalar o «bambino» para jogar de gandula, aos cuidados do dr. Carvalhaes.

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Logo mais, milhões de brasileiros estarão colados aos seus receptores, vibrando e torcendo pelo sucesso da nossa rapaziada.

Para nós, o jôgo contra a seleção da Áustria - não que por ser o primeiro - se nos afigura o mais difícil do grupo IV.

Os austríacos, como nós, jogam um futebol insinuante, técnico e ágil, fazendo do corpo a mínima utilização. Talvez que o «tico-tico», se ainda o conservam, nos traga algum benefício.

Em 56, com relação a Flávio Costa, ganhámos de 3x2 num amistoso, onde as coisas, nem sempre, andaram boas para o nosso lado.

Hoje, confiamos que a disposição dos nossos se faça sentir durante os noventa minutos da partida.

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Nos demais grupos, argentinos e tchecos, paraguaios e iugoslavos, húngaros e suecos, são os nossos indicados à vitória. Normalmente, deverão levar de vencida, respectivamente, aos alemães e irlandêses, franceses e escocêses e a galenses e mexicanos.

Quando ao complemento do grupo IV, entre Inglaterra e União Soviética, pendemos para o sucesso dos soviéticos, que nos parecem alguns furinhos acima dos britânicos.

Derrotada Maria Ester
Maria Ester, apesar de derrotada, continua brilhando

Londres, 7 (FP) - A brasileira Maria Ester Bueno não pôde impedir que a "colored" norte-americana Athea Gibson levantasse pelo terceiro ano consecutivo o título de campeã das simples de moças do Campeonato de Tênis do Norte da Inglaterra, na partida realizada hoje à tarde em Manchester. A campeã de Wimbledon venceu por 6x1 e 8x6.

A jovem brasileira de 18 anos mostrou-se extremamente nervosa frente à sua famosa adversária e verdadeiramente só a partir do 4º "game" do segundo "set" foi que começou a jogar com mais confiança.

A forte norte-americana mostrou-se impiedosa no 1º "game" a Maria Ester Bueno tinha grandes dificuldades em rebater o seu serviço. Mas, no 6º "game", a brasileira conseguiu uns bons "smashes" e afinal conseguiu ganhar o seu serviço. Porém, Althea Gibson venceu o "game" seguinte para ganhar o "set".

Depois de um longo 4º "game", no 2º "set", Maria Ester conseguiu arrancar o serviço à sua adversária e, servindo-se de cortadas precisas e bem anguladas, começou a dominar a norte-americana antes de obter um avanço de 5-4.

Mas o nervosismo da campeã brasileira manifestou-se de novo e depois de estar vencendo por 6-5 acumulou erros para perder 3 "games" em seguida e, ao mesmo tempo, o match.

Abertura do Mundial

Seis caças a jato, dos quais dois "J-35", abrirão hoje, em Estocolmo (às 10 horas do Rio de Janeiro", o Campeonato Mundial de Futebol. Expelirão os caças penachos de fumaça multicolorida no céu da capital suéca.

A inauguração oficial será feita pelo rei Gustavo VI, iniciando-se logo após o cortejo Suécia x México.

Em Grenoble o time do Bangu

Jogará na tarde de hoje na cidade francesa de Grenoble, o time principal do Bangu. Tentarão os "proletários" uma reabilitação da derrota sofrida quarta-feira última em Rouen. Os comandantes de Gentil Cardoso enfrentarão o Grenoble F.C., cujo time foi bem preparado para enfrentar os brasileiros, portadores que são de grande cartaz. A escalação dos banguenses para esta partida é a seguinte: - Ubirajara, Darci Santos e Joel; Décio, Recaman, Miltinho e Nilton Santos; Alcides, Mituca, Jaime, Ivo Medeiros e Luiz Carlos.

O Flamengo em
Portugal

O quadro do Flamengo procedente da França, deverá na noite de amanhã, enfrentar na capital portuguesa o time do Benfica F.C., no estádio da Luz. Para este encontro os rubro-negros contarão com o reforço de Jadir que se encontra treinando em Lisboa.

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GRUPO C
SUÉCIA X MÉXICO
E HUNGRIA X PAÍS DE GALES

As partidas do Grupo C, que reunirão Suécia x México e Hungria x País de Galles, são as que deverão atrair maior número de torcedores, isto porque os suecos "donos da casa", estarão em ação contra um adversário que lhe é nitidamente inferior. Embora os mexicanos tenham vencido a chave de classificação da América do Norte, não têm futebol de categoria para enfrentar as melhores equipes do mundo. Por seu turno, os suecos, incentivados pela sua torcida, poderão causar muitas surprêsas no campeonato.

Hungria e País de Galles, devido a desproporção de fôrças, deve ser uma partida-treino para os magiares. Os galeses, apenas por milagre, é que poderão resistir a técnica dos húngaros. O jôgo desta maneira, resumir-se-á entre o ataque húngaro e a defesa do País de Galles.

SUÉCIA X MÉXICO - Local: Estocolmo (Início às 10 horas do Rio) - Árbitro: Latichev (soviético). Quadros: - SUÉCIA: Karl Svensson, Orvar Bergmann, Sven Axben e Liedholm; Gustavsson e Pahling; Kurt Hamrin, Melliberg, Simonssen, Gunnar Grenn e Skoglund. - MEXICANOS: Carbajjal, Del Muro e Spúlveda; Portugal, Flores e Villegas; Fello, Blanco, Calderon , Loborio e Sesma.

HUNGRIA X PAÍS DE GALLES - Local: Sandviken - Início às 15 horas (Rio) - Árbitro: Codesal (uruguaio). Quadros - HÚNGAROS: Grosles, Matrai, Sarosi e Sipos; Boszik e Berendi; Budai, Hidekutti, Tichy, Bundzsak e Sandor. GALESES: Kelsey, Williams, Hopkins e Bowen; Charles e Sullivan. Medwin, Church, John Charles, Vernon e Webster.


GRUPO B
França x Paraguai e
Iugoslávia x Escócia

Pelo Grupo B, jogarão as seleções da França X Paraguai e Iugoslávia X Escócia.. são dois interessantes jogos, sendo o que reunirá iugoslávos x escocezes, o melhor visto serem os "itches" uma das forças do campeonato mundial.

Franceses e paraguaios devem realizar uma pelêja repleta de movimentação, pois sempre que estão em confronto duas equipes latinas, os jogos são bastante disputados. Queremos crer, no entanto, que os sul-americanos levarão a melhor, pois têm em seu acêrvo de vitórias triunfos sôbre as seleções da Argentina e do Brasil. Estão, portanto, os paraguaios, melhor credenciados.

Quanto a iugosalvos e escocêses, não há a menor sombra de dúvida que os primeiros são os favoritos. Com um futebol possuidor de grande técnica, os "itches" não terão dificuldades em levar de vencida os escocêses.

FRANÇA X PARAGUAI - Local Norrkoping - Início às 15 horas (Rio) - Árbitro: Gardezabal (espanhol).
Quadros - Francêses: Remetter, Kaelbel, Lerond e Marcel; Penverme e Jonquet; Wiesncenki, Fontaine, Kopa, Plantono e Vincent. Paraguaios: Mayaeregger Arevalo, Lezeano e Echague; Achucarro e Vallaiba; Aguero, Parodi, Romero, Cruz e Amarilha.

IUGOSLÁVIA X ESCÓCIA - Local: Vastoras - Início às 15 horas (RIO) - Árbitro: Wyssling (suiço).
Quadros - Iugoslavos: Krivokuca, Tomie, Cernkovie e Zebco; Krstlo e Boskov; Petakovik, Vesilinovic, Ognjanovic, Sekulares e Rajkow. ESCOCESES: Youger, Caldow, Rewio e Cowie; Turnbull e Evans; Leggat, Murray, Mudie Collins e Inlach.

Na Espanha, o Vasco

MADRID, 6 (FP) - Vindos de Lisboa por via aérea, os jogadores da equipe brasileira do Vasco da Gama chegaram esta noite a Madrid. No hotel onde se hospedaram os brasileiros foi informado que os encontros amistosos que espera disputar o Vasco da Gama na Espanha, não estão ainda definitivamente marcados.

Um grandioso cortejo pelo GRUPO D - Às 15 horas, com o francês Guigue na arbitragem - As equipes - Favoráveis as condições atmosféricas

Estocolmo, 7 (Serviço Especial) - O Brasil e a União Soviética são os favoritos do Campeonato Mundial de Futebol para o público esportivo na Suécia.

Nos grupos formados nos quiosques de jornais, e bem como à saída das fábricas, são frequentemente ouvidos os nomes do Brasil e da URSS.

INQUÉRITO DE JORNAL
Um inquérito realizado por um dos maiores jornais suecos - «Dagens Nyheter» -, entre os seus leitores, deu o seguinte resultado: primeiro: Brasil; segundo: URSS; terceiro: Iugoslávia; quarto: Suécia; quinto: Argentina; sexto: Inglaterra; sétimo: Hungria;

OPINIÕES FAVORÁVEIS
O ministro do Comércio da Suécia, sr. Guunar Lange, que é também presidente da Federação Sueca de Futebol, considera em igualdade de condições os selecionados brasileiros e soviéticos.

Quanto ao secretário da Comissão de Imprensa do Campeonato Mundial disse o seguinte: «Tudo dependerá do tempo, mas, pessoalmente, tenho que a final será entre o Brasil e a URSS».

Didi Não Irá Para a Espanha

GOTEMBURGO, 7 (Por Buek Canel, da France-Presse) - O jogador brasileiro Didi definitivamente não irá para a Espanha jogar no Valencia, como se havia declarado. O jogador falando à France-Presse disse que tem um contrato com o Botafogo, do Rio de Janeiro, até o fim do ano e que é muito bem remunerado.

Por outra lado, o dianteiro Zagalo disse que seu pai, no Rio de Janeiro, obtivera ofertas da Espanha e da Itália, mas não sabe de que equipe. Seu pai é quem maneja todos os seus contratos na capital brasileira.

GRUPO D
Inglaterra e União Soviética
Fazem o Jôgo Mais Equilibrado

GOTEMBURGO, (ESPECIAL) - O cotejo de mais difícil prognóstico, na abertura da Copa do Mundo hoje na Suécia, é o que travarão Inglaterra e União Soviética.

Soviéticos e ingleses fazem parte do GRUPO D (o mais equilibrado de todos). Jogarão nesta cidade às 15 horas de hoje (horário do Brasil), sob a arbitragem do húngaro Zsolt.

AS EQUIPES:

INGLATERRA: Mac Donald; Howe e Billy Wright; Clamp, Slater e Banks; Douglas, Robson, Kevan, Haynnes e Finney.

URSS - Yachin; Kesarev e Krijevski; Kusnetzov, Voinov e Netto (Laslenken); Apukhtin, Boubokin, Ivanov, Symonian e Sainikov.

CREDENCIAIS

Os ingleses sentiram muito a catástrofe de Munich, quando perderam vários de seus titulares defensores do Manchester United. Mesmo assim, o «English Team» conseguiu refazer-se a marcha como um dos favoritos da Copa. Após o revés contundente no amistoso com a Iugoslávia, os pupilos de Winterbotton se reabilitaram ao empatar em Moscou, com a seleção soviética. Esta continua a se constituir numa verdadeira incógnita. Apesar de contar com jogadores velozes e de excelente preparo físico, os soviéticos não impressionam técnicamente. Todavia, são fortes concorrentes à «Jules Rimet».

GRUPO A
ARGENTINA X ALEMANHA E
TCHECOSLOVÁQUIA X IRLANDA

Os dois jogos pelo grupo A reunirão os selecionados da Argentina e Alemanha e Tchecoslováquia e Irlanda do Norte. No primeiro, conquanto os alemães sejam os campeões do mundo, podemos considerar os argentinos como os favoritos para vencer a luta.

Na segunda pelêja dêsse grupo, estarão frente a frente as representações tcheca e irlandesa do norte. Sem dúvida nenhuma, os tchecos são muito melhores, devendo vencer o jogo com relativa facilidade. Os irlandeses não têm um futebol muito técnico como o dos tchecos.

ARGENTINA X ALEMANHA - Local: Malmoe - Início às 15 horas (Rio) - Árbitro: Leafe (inglês).

QUADROS - ARGENTINOS: Carrizo, Lombardo, Delacha e Vairo; Rossi e Varacka; Corbalta - Prado - Menendez - Labruna e Cruz. ALEMÃES: Herkenrath, Stollenwerk, Juskowiak e Szymaniak; Eckel, Erhardt; Rahn - Fritz Walter - Seelers Schmidt e Schaefer.

TCHECOSLOVÁQUIA X IRLANDA DO NORTE - Local: Halmstad - Início: 15 horas (Rio) - Árbitro: Selpelt (austríaco).
QUADROS - TCHECOS: Stache, Mraz, Novak e Masopust; Pluskal e Poplunar; Gadjos, Moravki, Molnar, Sikan e Kraus. IRLANDES: Gregg, Cunningham, Mac Michel e Keith; Blanchflewer e Poacock; Bingham, Cuseh, Simpson, Mcllroy e McParland.

Povo e Imprensa Suécos Apontam Brasil e U.R.S.S Como Favoritos

GOTEMBURGO, (ESPECIAL) - Um dos jogos mais interessantes das oitavas de final da Copa do Mundo, será travado hoje na pequena localidade de Uddevalla entre as represntações brasileiras e austríaca.

O cortejo sera iniciado às 19 horas (15 horas do Rio de Janeiro) e terá por árbitro o francês Guigue, auxiliado por Dusch, da Alemanha e Asmussen da Dinamarca.

BRASIL É O FAVORITO

Embora se mantenham reservados, os brasileiros são considerados os favoritos pela platéia sueca. Na verdade, o quadro dirigido pelo sr. Vicente Feola impressionou nos coletivos realizados, tendo também feito ótimas exibições nos amistosos da Itália. O conjunto brasileiro ainda não tem um entrosamento ideal, mas está muitos furos acima dos austríacos.

A formação do Brasil será a seguinte:

Gilmar, De Sordi, Belini, Nilton Santos, Dino e Orlando; Joel (Garrincha), Didi, Mazola, Dida (Vavá) e Zagalo.

OS AUSTRÍACOS

Os austríacos estão jogando um futebol muito semelhante ao sul-americano e, por êsse motivo, deverão dar um insano trabalho aos brasileiros. Não está fora de cogitações uma surprêsa por parte dos comandados de Argauer. A seleção austríaca deverá formar assim:
Schimied; Hala e Swoboda; Hanappi, Happel e Koller; Horak, Senekowitsch, Buzek, Korner e Schlelger.

ÓTIMO TEMPO

As condições atmosféricas se anunciam extremamente favoráveis ao «match», pois o tempo está bom e o vento, muito forte durante o dia de ontem, deverá cais durante o fim da tarde de hoje.

Venceram Vasco e América

Pelo torneio João Teixeira de Carvalho, foram realizados na tarde de ontem duas partidas, saindo votoriosos Vasco e América.

O jôgo entre Vasco e Bonsucesso foi disputado no gramado da Rua São Januário, tendo terminado com a vitória dos cruzmaltinos pelo escore de 3 tentos a 1.

As equipes formaram com as seguintes constituições:

VASCO: José, Ruy e Gagliano; Barizon, Prado e Antoninho; Domingos, Jorginho, Genivaldo, Vanderley e Roberto. BONSUCESSO: Ruy, Jacaré e Gonçalo; Cruz, Beto e Brandãozinho; Jair, Lincoln, Chicão, Hélio e Xavier. Na arbitragem atuou o sr. Antonio Teixeira Filho.

VENCEU O AMERICA

No outro encontro da tarde, realizado em Campos Sales, a vitória coube aos rubros por 5 tentos a 0, eliminando o Canto do Rio do torneio. Dirigiu o encontro o sr. Orlando Paoli.

Somente um Jôgo do Vasco na Espanha

MADRI, 7 (FP) - Chegou na noite passada a esta capital a delegação brasileira de futebol do C. R. Vasco da Gama.

O Vasco jogará uma partida em Barcelona no decorrer da próxima semana, antes de seguir para a Argélia, França e Itália.

"Por enquanto não posso marcar a data precisa desse encontro nem o nome do futuro adversário, que tanto poderá ser o Espanhol como o Lusitano, declarou à "France Presse" um porta-voz da delegação.

"A nossa permanência na Espanha não durará mais de 3 ou 4 dias. Depois, provàvelmente iremos a Oran, sem seguida à França e Itália para prosseguirmos em nossa excursão pela Europa.

Resumo Internacional

MOSCOU, 7 (FP) - Em partida amistosa internacional de futebol, Vagão de Csepel (Hungria) e o Torpedo de Moscou, empataram em 2x2 depois de um primeiro tempo de 1x1.

RECORDE
BUCARESTE, 7 (FP) - A atleta romena Yolanda Balas bateu o record mundial do salto em altura feminino com 1 metro e 78.

CICLISMO
GARDONE RIVIERA, 7 (FP) - a 19ª etapa da Volta ciclística da Italia, no trajeto Trento-Gardone Riviera e na distância de 178 quilometros foi ganha pelo espanhol Miguel Poblet.

Na classificação geral, o italiano Ercole Baldini conserva o 1º lugar.

Imprensa Popular, Rio de Janeiro, domingo, 8 de junho de 1958.

quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

01.11.1992 - Petrobrás na busca de Ulysses



Petrobrás na busca de Ulysses

No dia 15 de outubro, o navio Astro Garoupa, afretado pela Petrobrás, recebeu uma tarefa completamente inesperada: ajudar a procurar o corpo do deputado Ulysses Guimarães, desaparecido desde o dia 11, quando o helicóptero em que viajava caiu no litoral de Parati. Com Ulysses estavam o ex-senador Severo Gomes, suas esposas, Mora e Henriqueta, e o piloto Jorge Comeratto, cujos corpos já foram encontrados.

A Aeronáutica e a Marinha haviam montado uma base de operações no Condomínio das Laranjeiras, a 25 quilômetros de Parati, na praia do mesmo nome. Perto dali, teria caído o helicóptero, que tinha saído do Hotel Portogalo, em Angra dos Reis, no quilômetro 71 da Estrada Rio-Santos, no dia 11, à tarde. Pescadores viram a aeronave passar na altura das enseadas de Laranjeiras e Trindade e se perder nas nuvens, que encobriam as montanhas. Do outro lado, vindo do oceano, uma chuva de granizo se aproximava do helicóptero, que ainda foi visto tentando retornar em direção a Angra dos Reis.

Da base montada no condomínio, os helicópteros decolam e aterrissam continuamente. Navios da Marinha de Guerra, da Defesa Civil do estado de São Paulo e da Petrobrás também chegam até a base. Pequenas embarcações fazem o serviço de embarque e desembarque das tripulações.

O Condomínio Laranjeiras

Construído no final dos anos 70, o condomínio surpreende pela beleza e requinte. O acesso é difícil: chega-se até ele depois de percorrer 17 quilômetros da Rio-Santos (direção Parati-Ubatuba). Daí, são mais seis quilômetros de asfalto pela montanha até a entrada do condomínio, onde uma barreira impede a entrada de estranhos. Sem identificação de proprietário ou autorização expressa pelo próprio, não adianta tentar. Após mais dois quilômetros de descida deixando para trás a mata preservada, começam a surgir as casas, áreas verdes e jardins por todas as partes. De um lado, a montanha intacta. Do outro, o mar, de um azul esverdeado, límpido e calmo. Não existem muros. Os terrenos são separados por demarcações invisíveis. Nas áreas verdes comuns, passeiam patos e aves marinhas.

Centro náutico, píer para atracação de barcos, restaurante, lago, usina de força e estação de tratamento de água dão ao condomínio um toque especial ao local.

O dia-a-dia da procura

Nem dia, nem noite, nem hora. Os técnicos trabalham sem parar com uma só determinação: encontrar os destroços do helicóptero e o corpo do doutor Ulysses. Os dias 24 e 25 de outubro são de trabalho intenso. A montagem do robô e dos equipamentos adicionais tem início no dia 23, às 20 horas, no porto de Angra dos Reis. Os trabalhos só terminam às 3 horas do dia seguinte. Às 5 horas, o navio já se dirigia para uma locação defronte à enseada das Laranjeiras, onde tinham sido detectados alguns indícios do que poderia ser o helicóptero procurado. As 11 horas, começa o trabalho de posicionamento do navio e dos equipamentos. A visibilidade no fundo do mar é péssima. Os mergulhadores da Defesa Civil e da Marinha são avisados. As 13 horas, o robô é jogado ao mar. Por volta das 18 horas, ele é retirado, sem encontrar indícios dos destroços do helicóptero. 

Os serviços prosseguem noite adentro. O Sonar – também conhecido como peixe – faz uma varredura da região próxima ao local. No dia 25, pela manhã, o robô é lançado num ponto de interesse situado a cerca de quatro quilômetros da costa, em frente à enseada da Trindade. Nada é encontrado. À tarde, o navio ruma em direção à ilha das Laranjeiras, perto da qual o magnetômetro (detector de metal) de uma embarcação havia localizado algo estranho.

A expectativa é grande, pois a ilha das Laranjeiras, de formação rochosa, é muito elevada, e o helicóptero poderia ter se chocado contra ela. Após o posicionamento, o robô é jogado ao mar em vários pontos do local. São encontradas formações rochosas no fundo do mar, e o robô é recolhido. Já é noite. A varredura com o Sonar vai recomeçar. Ele irá trabalhar numa área ainda maior e, quando detectar um corpo estranho, será a hora do robô.

A tripulação não pára, pois o navio se desloca permanentemente. Os técnicos se movimentam, ora discutindo o sistema de posicionamento, ora se preparando para lançar ou içar os equipamentos, além de realizar os trabalhos de manutenção. Se os destroços do helicóptero ou o corpo do doutor Ulysses não forem encontrados, é porque o destino assim o quis. Não faltam determinação nem paciência naquelas duas dezenas de homens encarregados de achar o corpo do deputado e que parecem seguir as sábias palavras do doutor Ulysses. Afinal, foi ele quem disse: "A impaciência é uma das faces da estupidez".

Astro Garoupa - um navio de pesquisa 

O navio Astro Garoupa, construído em 1987, foi afretado pela Petrobrás em julho do ano passado, para realizar levantamento completo da fauna, flora, geologia do solo e correntes marinhas da Bacia de Campos, até a profundidade de 1.500 metros. Esse trabalho ajudará a Companhia no gerenciamento ambiental de novos empreendimentos previstos para a principal área produtora de petróleo do País.

Equipado com laboratórios, sistemas de radioposiciosamento, guinchos oceanográficos, ecossondas e outros instrumentos, o navio pode receber até 17 pessoas, além de sua tripulação normal, que é de 11 homens. O navio recebeu ainda outros equipamentos para dar início à tentativa de encontrar o corpo do deputado Ulysses Guimarães.

No começo, os técnicos introduziram a bordo o Side Scan Sonar (varredura lateral), que possui um sensor que vai sendo rebocado pelo navio. Esse sensor possui dois feixes, que, emitidos à direita e à esquerda, fazem uma varredura do fundo do oceano e geram um registro semelhante a uma fotografia.

Depois que o Sonar determina os pontos de interesse, marcam-se as coordenadas e, a partir daí, um outro equipamento entra em cena: é o ROV Achille, de fabricação francesa, montado no Brasil, que é um robô submarino operado por controle remoto. Lançado ao mar, ele segue em busca do ponto determinado pelo Sonar. A bordo, o monitor de vídeo vai registrando as imagens mandadas pela câmera de tevê do robô. O navio recebeu, também, um sistema de posicionamento por satélite, denominado GPS (Global Positioning System), que estabelece o ponto exato para posicionar a embarcação. Como o sistema apresenta certa margem de erro, optou-se por montar uma estação de 
referência em coordenadas conhecidas em terra, em Ubatuba, cujo objetivo é corrigir a margem de erro existente na estação móvel que está no navio. A estação de terra manda o sinal corrigido para o equipamento a bordo, eliminando essa distorção. Essa técnica é denominada DGPS (GPS dinâmico). 

O trabalho de cada um

Joaci Crisóstomo de Souza, técnico de geodésia do Desud, 14 anos na Companhia, é o representante da Petrobrás e supervisor dos trabalhos, que não abandonou o navio desde o primeiro dia de busca.

Além dele, o técnico de geodésia Ruy Dantas Guimarães, 14 anos de Petrobrás, acompanha e supervisiona os trabalhos, ora a bordo, ora em terra, em contato com representantes da Marinha, Defesa Civil e Aeronáutica, e coordenando as instalações da estação de referência em terra (sistema de posicionamento por satélite).

Fernando Gonçalves Ribeiro, comandante do Astro Garoupa, 23 anos no mar, já está há um ano na embarcação, desde o início do levantamento do perfil ambiental da região, tendo dez pessoas sob seu comando: um imediato, três mecânicos, três marinheiros, dois taifeiros e um cozinheiro.

Cinco outros técnicos, contratados pela Petrobrás, são responsáveis pelas operações do Sonar e pelo GPS: Fernando Albuquerque, geólogo e coordenador; Sérgio Bezerra, cartógrafo; Evandro Pereira de Oliveira, engenheiro eletrônico; Paulo Roberto Chagas, técnico em eletrônica, e Carlos Thurler, operador. Operam o robô os técnicos em eletrônica Luís Silvério Paredes Camus e Maxwel Sidnei de Souza, também contratados. 

JORNAL PETROBRÁS, outubro e novembro de 1992

terça-feira, 29 de dezembro de 2015

11.09.1953 - Pormenores do trucidamento do assassino de Felix Araujo



Pormenores do trucidamento
do assassino de Felix Araujo

Esse flagrante foi colhido em Campina Grande no dia 13 de julho. Nêle aparece João Madeira prestando depoimento, depois de ter atacado a tiros o vereador Felix Araújo, que veio a falecer a 28 do mesmo mês, em consequência dos ferimentos recebidos.

Recolhido á Penitenciária de Campina Grande, teve na mesma noite, a cela arrombada pelos detentos - O corpo ficou em estado deploravel

CAMPINA GRANDE, 10 (Do correspondente) - Continua a repercutir o trucidamento de João Madeira, na noite de ante-ontem, no presídio desta cidade. Por ser o assassino do vereador Felix Araujo, João Alves de Brito, mais conhecido por João Madeira, se transformou numa figura muito comentada. Chegara em dias do mez passado para ser interrogado sobre o crime.

O juiz sumariamente designava o dia 9 de setembro, para inquirição das testemunhas, o que não foi realizado. Em virtude de não ter sido possível inquirir todas as testemunhas, o dr. Onesipo Novais determinou que o preso ficasse em Campina Grande, sendo recolhido á penitenciária local. Cerca das 21.30 horas de ante-ontem, correu a noticia de que João Madeira fôra morto por detentos no interior da propria penitenciaria.

Imediatamente procuramos apurar a ocorrencia. Já as autoridades policiais e judiciarias tomavam as primeiras providencias, inclusive a de instalar inquerito policial, afim de esclarecer a responsabilidade do trucidamento.

Na delegacia de policia, o detento Severino Branco, entre outras coisas, disse o seguinte: que provocara a indignação dos detentos a não irradiação do depoimento  das testemunhas, em virtude da ordem do quiz. Ao tomar conhecimento de decisão da Justiça, os detentos, chefiados por Luiz Queiroz, deliberaram que, se por ventura, João Madeira fosse recolhido á penitenciaria, eles o assassinariam.

Segundo ainda as declarações de Severino Branco, Luiz Queiroz disse que, sendo eles homens desgraçados, o assassinio de Madeira não alteraria a situação, no encontro de todos com a Justiça.

Desconhecendo essa trama, o juiz enviou João Madeira á Penitenciaria.

Cerca de 20 horas, ao retirar-se para o jantar, o carcereiro deixou os detentos em seus respectivos lugares e João Madeira numa cela separada.

Severino Branco narra, então, que sendo perito em arrombamento de cadeados, foi designado para aquele mister, na cela de Madeira. Afirmou que este, a principio, tentou reagir, mas não foi possivel, porque, de posse de pedaço de cano e de facas, (a presença destes objetos em poder dos detentos não está devidamente esclarecida) trucidaram o criminoso João Madeira, cujo corpo ficou em estado deploravel.

Somente quando regressou á penitenciaria, o carcereiro tomou conhecimento do fato.

A policia está prosseguindo no inquerito.

Diário de Pernambuco, sexta-feira, 11 de setembro de 1953

segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

17.08.1978 - Missa por Elvis: uma bagunça



Missa por Elvis: uma bagunça

Cerca de dois mil fãs do cantor Elvis Presley estiveram presentes na noite de ontem na catedral da Sé na missa comemorativa ao primeiro aniversário de sua morte. Apesar de ter se iniciado em um ambiente tranquilo, terminada a missa, ocorreu um grande tumulto na catedral, causado pela presença do cantor Rogério, da gravadora RGE, que foi violentamente abordado por suas fãs, que lhe disputavam autógrafos e pedaços de roupa.

Ao som dos rocks de Elvis Presley, o altar da catedral foi literalmente invadido e tomado pelas fãs de Rogério, que gritavam alucinadamente, empurrando uma às outras. Do microfone, o cônego José Pascoal Cristófaro, celebrante da missa, pedia calma aos presentes, solicitando à imprensa que "encerrasse os trabalhos". Como o tumulto prosseguisse aumentando, foram apagadas quase que totalmente as luzes da igreja, enquanto Rogério - que tem uma música gravada em homenagem a Elvis e se veste tal qual o cantor morto - fugia em desabalada carreira pela porta lateral.

Na rua, a confusão continuou, com cerca de trezentas adolescentes perseguindo o cantor no meio de ônibus que aceleravam estridentemente. Na passagem pela porta lateral da catedral, um mendigo foi atropelado pelo cortejo, perdendo seus sapatos e desmaiando em seguida. O mendigo foi removido para um Pronto Socorro por alguns populares revoltados com a "profanação da catedral", conforme afirmavam.

A correria das fãs continuou pela praça João Mendes e só foi terminar no viaduto Maria Paula, quando o cantor Rogério, distribuindo palavrões contra tudo e contra todos, conseguiu fugir num táxi. A multidão, não satisfeita com a fuga do cantor, voltou para a catedral que, no entanto, já estava com a porta trancada. Nesse momento, uma perua da Polícia Militar se postou na frente da escadaria da Sé, com o objetivo de dar um fim à baderna. Cerca de 100 pessoas ali estavam, confundindo um incauto passante com algum cantor famoso. Um sargento da PM interviu, prendendo um rapaz.

Segundo o sargento, "o marmanjo estava se aproveitando da confusão para desrespeitar as senhoras". Manoel da Silva, prestando depoimento à PM, dizia que o rapaz "não merecia estar em nossa sociedade", por "estar dizendo palavras de baixo calão".

Por volta das 20h, os remanescentes das correrias começaram a se dispersar. A missa tinha começado às 18h20m.

A missa foi encomendada pela RCA, gravadora responsável pelos discos de Elvis Presley, no Brasil.

Cônego José Pascoal Cristófaro, vigário da Catedral, oficiou a cerimônia. "Eu contemplo esse gesto da nossa juventude, como um gesto muito bonito, que prova que o homem não é só matéria. Uma juventude que, em alguns momentos da carreira de Elvis Presley, atingiu o frenesi, hoje se recolhe a um templo para rezar pelo seu ídolo morto".

Até algum tempo atrás a Igreja Católica não permitia a realização de missas em nome de pessoas que foram atéias, hereges. O cônego Cristófaro esclarece esse pormenor: "Essa proibição existia, mas João XXIII, durante sua permanência como sumo pontífice, modificou essa estrutura. Ele dizia, que podíamos orar para qualquer pessoa, independentemente de suas convicções. Hoje, a nossa igreja aprova e apóia essas manifestações".

Questionado se a Igreja aprovava esse tipo de idolatria a certos homens, afirmou: "Se todos nós necessitamos de ídolos (na Igreja são chamados de modelos), a nossa juventude precisa em maior escala. Para pessoas sérias, pode ser uma coisa errônea, mas a psicologia explica que os modelos são necessários. Esperamos que todos os ídolos levem mensagens de paz, amor, alegria em vez de violências, guerras, erotismo".

ELVIS E A MÚSICA SACRA

Com relação a Elvis Presley, salienta: "No tempo do seminário, a cultura eclesiástica que recebi era baseada mais na música clássica do que na popular. Nós ouvíamos muito Bach, Beethoven e outros mestres, tanto que passei a apreciá-los, até hoje. A partir do momento em que saímos do seminário e entramos em contato com nossa gente, nosso povo, viemos a conhecer Elvis Presley. Acabei de ser presenteado com dois discos do ídolo (He Walks Beside Me - temas sacros; Sings for Children - músicas feitas para crianças). Ester dois discos são uma pequena amostra de que ele também teve seu lado bom. Gostaria que Elvis Presley fosse lembrado, justamente por esse seu lado, ou seja, de sua espiritualidade, de suas orações, e de quando pensou nas crianças ao gravar um disco dedicado a elas. Infelizmente a imprensa procura propagar o lado ruim do cantor, lembrando as drogas, o álcool, as neuroses.

Traçando um paralelo entra a juventude que mitificou Elvis Presley e a juventude atual, o cônego Cristófaro, acrescenta: "Elvis apareceu no pós-guerra, num momento em que a juventude tinha extrema necessidade de mitos, justamente pelo momento histórico que estevam vivendo.

Atualmente nossa juventude está menos afoita; porém, nesse momento não existem ídolos com carisma para substituir uma pessoa como Elvis Presley. Estamos vivendo um "momento vazio", não temos lideranças em nenhum campo, quer seja o político, o social. Como a necessidade da existência de modelos é patente, pode ser que de uma hora para outra surjam os novos ídolos. Por exemplo, João XXIII e John Fitzgerald Kennedy apareceram de repente".

Antes do início da missa e após seu final, músicas de Elvis Presley invadiam o imenso interior da Catedral, comovendo os presentes e criando forte clima emocional. Muitas lágrimas rolaram das faces, reafirmando que o ídolo continua vivo dentro de cada um, e o vazio deixado com sua morte não será facilmente preenchido.

Greves e desmaios e Memphis

MEMPHIS, TENNESSEE (UPI) - Ignorando os piquetes dos policiais em greve e ajudando inúmeros mascates a ficarem ricos, milhares de fãs se dirigiram ontem à Mansão Graceland, para reverenciar o primeiro aniversário de morte de Elvis Presley.

A morte do "Rei do Rock", provocada por ataque cardíaco, no ano passado, deflagrou uma série sem precedentes de manifestações de pesar que nenhum outro artista recebeu.

A peregrinação dos fãs de Presley a Memphis, durante esta semana para comemorar o acontecimento, foi drasticamente interrompida por uma greve de policiais e bombeiros, a qual fez com que as autoridades decretassem um rigoroso toque de recolher, do anoitecer ao alvorecer, tornando Memphis, à noite uma cidade deserta.

Vester Presley, tio de Elvis, declarou que o toque de recolher resultou na diminuição do número de visitantes. Porém, as pessoas que visitaram a mansão se parecem, em sua opinião, "um pouco com um rebanho nervoso de gado, ansiosas para chegarem a Graceland".

Ontem, porém, cerca de 17 mil pessoas, muitas trazendo cravos e outras chorando excessivamente, passaram pelos portões de Graceland para visitar o túmulo de Elvis.

O tio de Elvis, explicou que, em vida, o "Rei do Rock" tinha um certo magnetismo pessoal, que atraia as pessoas. "Não acreditei", disse, "que esse magnetismo durante tanto tempo, porém, essa atração parece que se fortalece a cada dia".

Porém, equiparando-se ao envolvimento emocional das pessoas com o cantor, estão os lucros obtidos com a venda de lembranças.

Robert Barnett, residente em Wausau, declarou que já gastou mais de 1.200 dólares (22 mil e 416 cruzeiros) na aquisição de lembranças de Elvis, desde que chegou a Memphis, na semana passada, acrescentando que compra tudo o que tenha a fotografia do "Rei do Rock".

As fotografias de Presley são vendidas a 1 dólar (18 cruzeiros e 68 centavos) segundo anunciou Bruce Shelton, mascate de 27 anos, residente em Nashville. Shelton disse que o mais importante é ter lucro, e que a competição entre os mascates ajuda bastante.

Vester declarou que, antes que o toque de recolher fosse decretado, na sexta feira, cerca de 12 mil pessoas visitaram o túmulo de Elvis, por dia.

Quando a notícia da morte de Elvis foi divulgada, no ano passado, milhares de fãs, perturbados com o acontecimento, chegaram a Memphis para homenagear o "Rei do Rock". Muitos até estavam histéricos. Centenas de outros se recusaram a abandonar a frente da mansão até que o carro funerário, transportando o corpo de Elvis para o cemitério, deixou Graceland.

Segundo os críticos de música, Elvis mudou, definitivamente, o curso da música popular quando abriu caminho para a fama, durante a década de 1950, com seus sucessos "Heartbreak Hotel" e "hound Bob".

Depois que foi realizara uma tentativa para roubar o corpo do cantor e de saquear seus pertences, o corpo de Elvis foi removido e enterrado em Graceland.

Além disso, a família estabeleceu um horário de visitação pública. As autoridades de Memphis avaliaram em 100 mil o número de pessoas que visitarão o túmulo de Elvis, durante este mês.

O dia 16 de agosto ainda não é um novo dia nacional de dor, mas Memphis continuará a ser para sempre sua cidade natal, o rock sua criação máxima e sua rebelião, vaga mas poderosa, uma mensagem.

Folha de São Paulo, quinta-feira, 17 de agosto de 1978

domingo, 27 de dezembro de 2015

05.05.1984 - Morreu a atriz Diana Dors, versão britânica de Monroe



Morreu a atriz Diana Dors,
versão britânica de Monroe 

Considerada, em sua época de ouro, a versão britânica de Marilyn Monroe, a atriz Diana Dors é vista, na radiofoto UPI, numa cena do filme West Eleven, em 1963. 

LONDRES (UPI-O DIA) - Conhecida no passado como a resposta britânica ao mito Marilyn Monroe, a atriz Diana Dors morreu ontem, aos 52 anos, depois de uma longa batalha contra o câncer.

Nascida com o nome de Diana Fluck e filha de um ferroviário, a senhora Dors ficou conhecida como "a loira explosiva" durante os anos 50 e era o símbolo sexual britânico no cinema. Entre seus filmes incluem-se "Yield to the Night" no qual fazia o papel de uma assassina condenada e também "A kid for two farthings".

Casada três vezes, sua vida é um balanço tanto de passagens trágicas como glamurosas. O estilo de vida esnobe de seu primeiro marido, Dennis Hamilton, iniciou sua decadência econômica que, no finai, levou-a à falência. Problemas de ordem financeira na época em que ela se separou de seu segundo marido, o cantor norte-americano Dickie Dawson, forçaram-na a abandonar os dois filhos, Mark e Gary, hoje respectivamente com 16 e 14 anos.

Em 1968, Diana Dors casou-se pela terceira vez com o ator Alan Lake, que passou o ano de 1971 na prisão após uma violenta briga num bar. Em 1974 Dors quase morreu de meningite. E, no ano seguinte, deu à luz a um natimorto. 

BC não concede prazo maior aos bancos estaduais

O Banco Central não abrirá mão do prazo de quatro anos mais um de carência que os bancos estaduais terão para pagar, com correção monetária e juros de 6% ao ano, a divida que têm junto ao Governo federal, atualmente estimada em quase Cr$ 1 trilhão. A informação foi transmitida ontem, no Rio, pelo diretor da Área Bancária do BC, José Luiz de Miranda, ao participar da reunião de encerramento de uma mesa-redonda sobre administração financeira em bancos comerciais estaduais.

Durante o encontro, o presidente da Associação Brasileira dos Bancos Comerciais Estaduais (Asbace), Oswaldo Garcia Araújo, sugeriu que o Banco Central encontrasse formas mais suaves para Promover o saneamento financeiro no setor, como, por exemplo, a redução e até mesmo eliminação do depósito compulsório recolhido ao Banco Central, no momento na faixa entre 40%, a 45% dos depósitos à vista. 

Ex-Deputado do PTB em vias de entrar no PMDB

O ex-Deputado Estadual e atual suplente de Deputado Federal Emanuel Cruz, do PTB, está com um pé no PMDB. Sabedor de que ele anda descrente quanto ao futuro do PTB e descontente com as lideranças do partido fundado por Vargas, o secretário-geral do PMDB-RJ, Deputado Gilberto Rodriguez, convidou Emanuel Cruz a retornar às hostes pemedebistas. 

Artista quer de volta telas que estão no Banerj

O artista plástico Walderedo de Oliveira quer de volta suas 27 telas expostas na Agência Copacabana do Banerj, tendo entrado com pedido de reintegração de posse na Justiça. As obras, no valor de 20 milhões de cruzeiros, têm motivos indígenas e foram pintadas na Europa, onde reside o artista. Pelo acordo com o Banco, Walderedo de Oliveira teria que doar um quadro ao estabelecimento e como não o fez, a galeria foi fechada e os quadros retidos. 

Jornal O DIA, Rio de Janeiro, 5 de maio de 1984

sábado, 26 de dezembro de 2015

30.07.1999 - Preso suspeito de assaltar Mazloum

Gil Campos


Preso suspeito de assaltar Mazloum

Cassem Mazloum reconheceu o Romário

A prisão do auxiliar de mecânico Márcio Pereira da Silva, 18, mais conhecido por Romário, desvendou o crime, ocorrido em Guarulhos, que vitimou o juiz do Tribunal Regional Federal, Cassem Mazloum. A informação partiu da polícia civil ontem. Cassem foi levado na noite de 11 de agosto do ano passado, na Vila Augusta. Os bandidos, armados de metralhadora e usando coletes, roubaram o veículo Pajero 98, placas CMN-6067. O juiz pulou do carro antes de os assaltantes chegarem à rodovia Presidente Dutra.

Na noite da última quarta-feira, acompanhado do seu irmão, o promotor de Justiça e Cidadania de Guarulhos, Nadim Mazloum, o juiz federal esteve na 4ª Delegacia da Divecar, em São Paulo, onde Romário está preso. O reconhecimento foi feito pela vítima diante do delegado Mário Guilherme Carvalho. 

Para a Polícia Civil, o acusado é integrante de uma quadrilha especializada em roubo de veículos importados que age no Estado. Romário também está sendo acusado de ter matado dois comparsas — "Leandro" e "Marcelo Garigari". Com ele foi apreendida, no momento da prisão. uma metralhadora 9mm, provável arma utilizada no assalto de Mazloum.
(GC)

MINISTÉRIO PÚBLICO ATUOU NO CASO

O órgão de inteligência do Ministério Público trabalhou no caso. Com base nos levantamentos feitos pelo MP, a Polícia Federal foi acionada para atuar no caso a pedido de Cassem Mazloum. Em paralelo, tramitava na Delegacia Seccional de Guarulhos um inquérito policial que seguiu à Justiça sem nenhum indiciado.

Na do crime, o promotor Nadim Mazloum investigava o ex-prefeito Néfi Tales (PDT), tendo pedido, inclusive, a indisponibilidade dos seus bens.
(GC)

NOTAS
Gopoúva I

A detenção do adolescente L.R.G.S., 14, no último dia 21, esclareceu o assassinato do auxiliar de lavanderia Edson Batista Santos. 37, no dia 8 deste mês. Corpo estava caído próximo a uma lixeira da rua Francisco Foot, no Gopoúva.

Há vinte dias os investigadores tentavam localizar o menor. Ele foi detido por porte de maconha. Na delegacia disse que Santos tentou abusar sexualmente dele, por isso foi morto. 

Gopoúva II

Três adolescentes foram detidos na noite de quarta-feira depois de assaltarem o supermercado Gopoúva, no bairro que leva o mesmo nome. J.A.S. e R.B.S.F., ambos de 17 anos e E.J.S., de 16, roubaram cerca de RS 110. Durante a fuga eles trocaram tiros com a polícia. Dois menores foram baleados. Um encontra-se internado no Complexo Hospitalar Padre Bento e o outros foram recolhidos pela Vara da Infância e da Juventude. 

Folha Metropolitana, sexta-feira, 30 de julho de 1999

sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

06.11.1984 - R.E.M. O NOVO MURMÚRIO AMERICANO



R.E.M. O NOVO MURMÚRIO AMERICANO

Tal como os melhores discos dos Byrds se constituíram em monumentos do seu tempo, os dois álbuns dos REM são verdadeirascatedrais da tradição americana, estão acima de qualquer tempo ou geração, prolongando sem remorso o mito grandioso e indefinível do «American Rock-Paradise».
por Luís Peixoto

AS principais bandas amen.nas emergentes de 77 (Blondie, Ramones. Mink DeVille, Talking Heads, Television...) envelheceram ou morreram precoces umas, naturalmente outras. No período que medeia entre 1979 e 82 os americanos viveram no meio de um hiato criativo. Assistiram impávidos à autêntica rapina que os ingleses empreenderam do espírito e legado de uma das maiores bandas americanas de sempre, os Velvet Underground. Digeriram a helénica representação que se chamou Joy Division, rejeitaram sabiamente o neo-romantismo e torceram o nariz ante pop-electrónico.

Ganharam espaço e tempo para uma nova arrancada, enquanto aqui e ali, davam um ar da sua graça através de grupos vindos directamente da revolução punk ou dos novos circuitos independentes (Gun Club, Feelies, X, Urban Verbs). A recuperação, essa, teria lugar pelos finais de 1982.

Com efeito, no decorrer daquele ano, germinaria e cresceria uma mão cheia de bandas enfim capazes de fazer voltar a atenção do público para o lado de lá do Atlântico. E, enquanto os europeus filosofavam, tentando criar um novo paicadelismo, desta vez sem •hipples•, os norte-americanos davam largas ao seu pragmatismo sintetizado. No fundo mais não faziam que somar a um talento natural largas parcelas de história e tradição, dando assim origem a um estilo que bem vistas as coisas é mais feito de experiência que de novidade.

Um estilo que ainda assim denota criatividade e vitalidade quanto baste para fazer renascer as esperanças em todos aqueles que, não suportando o totalitarismo dos sintetizadores, permanecem fiéis á batida rock.

Uma avalanche de grupos

Sem mencionar Wall of Voodoo, Romeo Void e Comateens, os pioneiros do modernismo americano; esquecendo por ora Rank & File, Jason & The Scorchers, Violent Femmes ou Lone Justice, os cavaleiros mais ousados do novo «country-punk» — atente-se no eco que a Imprensa fez dos últimos discos dos Plimsouis, Fleshtones, Rain Parade, Bangles, Green on Red, Los Lobos, Lyres, Unknowns, Bengos e Dream Syndicate.

O processo desenvolve-se com uma rapidez incrível. Os grupos nascem todos os dias e amontoam-se como cogumelos. Muito naturalmente os terrenos musicais mais queridos aos americanos são recriados com um rigor e veemência que não conheciam desde o punk. Los Angeles, São Francisco e agora também Nashville, estão repletas de bandas acabadas de formar, os clubes não têm programas a medir, é o despertar da geração que nasceu e cresceu a ouvir o rádio do carro dos pais, dai que a sua música de hoje soe a qualquer coisa já anteriormente ouvida.
Face a este fenómeno os grandes magazines enviam os seus melhores especialistas para a Califórnia e o Tennessee. Contudo é de Athens, na Georgia, que chega o grande acontecimento 83/84, chama-se REM e é o melhor grupo americano desde..., bom desde há muitos anos. 

A arte de ler o passado 

REM (iniciais de Rapid Eye Movement, designação científica que Identifica o estado mais claro e activo do sonho humano) formou-se em Fevereiro de 80 pela mão inexperiente de Michael Stipe. A banda tocava em festas, um pouco ao acaso; em 1981, porém, surgiu-lhes a oportunidade de gravarem para uma editora tão obscura quanto o tema escolhido para a estrela: «Radio Free Europe». A reacção da crítica deixou o grupo petrificado. «Radio Free Europe» figurou na lista dos dez melhores singles do ano, tanto no New York Times como no prestigiado Village Voice, «Chronic Town» o mini-LP de 82 seguiria as pisadas do single sendo também citado no Village Voice. Os REM que até aí haviam  tocado apenas por gozo viram-se confrontados com uma multidão de fans e entendidos que lhes exigiam algo de mais arrojado e consiste.

Um entusiasmo compreensível de resto. «Chronic Town» é um trabalho ainda imaturo todavia possui uma energia fora do vulgar. As vozes, as harmonias e guitarras são tipicamente americanas. A construção é clássica, o «drumming» emotivo e o refrão convida ao acompanhamento. A economia de meios é notável, resultado do trabalho de Mitch Easter (actual líder dos Let's Active), o mais jovem e interessante produtor americano do momento. «Chronic Town» não é nem podia ser um disco perfeito, embora se encontre muito além daquilo que se esperaria de neófitos. Daí a expectativa que rodeou «Murmur» a primeira obra adulta dos REM.

A Imagem sonora dos Byrds

Do interior de uma capa sulista (retrato misterioso de duas «kudzu», planta introduzida nos Estados do Sul após os tempos da Depressão, aparentemente na tentativa de combater a erosão de alguns solos) a música dos REM transparece sem complexos geográficos, afirmando-se como uma arte sulista ainda que distante da mentalidade conservadora de Lynyrd Skynyrd, o protótipo dos grandes grupos do Sul.

As canções surgem em catadupa, tocantes. singularmente belas, transformando a escuta de «Murmer» numa deliciosa peregrinação a todas as grandes catedrais do rock americano. Nesta linha, Byrds é a primeira imagem sonora que nos regressa à memória. Michael Stiper jura a pés juntos só ter ouvido Byrds depois de ler os críticos, porém a analogia é demasiado tentadora. A voz rouca, a meio caminho entre Roger McGuinn e Gene Clark, temas curtos e incisivos, Rickenbackers, folk-rock, guitarras acústicas soando a eléctricas e, a maior de todas as semelhanças, o estilo «picking» tão utilizado por Roger McGuinn quando dedilhava a sua doze cordas. A analogia é de facto enorme contudo a jovem arte de REM não se esgota nela.


Um clássico americano

Para o comprovar bastará escutar a obra-prime de 84, «Reckoning». Sem fazer qualquer esforço para renegar o trabalho de «Murnier», o novo álbum vai mais longe e acentua o afastamento do grupo relativamente ao seu passado de «garage-band», um passado possível de detectar ainda que de forma remota em «Chronic Town».

Nesta sua etapa REM converteu-se a uma prática melódica mais elaborada. Os temas são menos esquemáticos, mais sólidos, com os pianos dobrando as já fabulosas linhas do baixo, as guitarras soando ainda mais em coro, a batida fluída e diversificada...

REM é, sem qualquer ponta de exagero, um dos maiores e mais excitantes grupos americanos de todos os tempos. Quanto a «Murmer» e «Reckoning» por força do brilhantismo que os envolve, irão a breve trecho transformar-se em clássicos irresistíveis. Tão irresistíveis como o são hoje «Fifth Dimension» ou «Younger Than Yesterday», os dois melhores retratos dos Byrds enquanto Jovem grupo.

Discografia 

«Radio Free Europa» (7', Hib Tone 1981)
«Chronic Town» (EP, IRS, 1982)
«Murmer» (LP. IRS. 1983)
«Talk about the passion» (EP, IRS, 1983)
«So. Central Station» (7' e 12', IRS, 1984)
«Reckoning» (LP, IRS, 1984) 

Revista Blitz, terça-feira, 6 de novembro de 1984