sexta-feira, 30 de setembro de 2016

28.03.1971 ─ HOMENAGEM PÓSTUMA



─ HOMENAGEM PÓSTUMA ─

O falecimento de uma pessoa bondosa, daquelas que fizeram da bondade o seu modo de viver, que não souberam nunca viver de outro modo a não ser pela bondade, pelo modo tranquilo e bom de conviver, comove sempre e faz-nos pensar na utilidade da vida dos que viveram dêsse modo. Fazendo amigos, convivendo sem distinguir do pobre o rico, amando a todos como o próximo, adorando crianças e amando a natureza, o sorriso sempre, a tranquilidade, a simpatia prudente da velhice e o orgulho de uma vida sempre assim, igual em tudo e nunca desigual para ninguém nem para nada, alma boa que foi no mundo incenso purificando a vida deste mundo imenso de perturbações, desassossegos, assim foi o velho bom que morreu num dia quente desta semana triste, dolorida para nós. Morreu JUVENAL DE SOUZA e a cidade tôda acorreu a sua casa. O velho bom dos passarinhos, da amizade leal e dos conselhos sábios, do sorriso permanente sempre igual e da vida sempre honesta, dos filhos estimados e dos netos numerosos, morreu e nos deixou muita saudade. Ninguém dêle algum dia disse nada que não fosse um elogio ao modo bom de conviver, ao modo simples, singelo de viver. Alegre para todos, bom para o que fôsse, nem por política desuniu-se nunca de ninguém. E trabalhou, e deu exemplo que nos fica, que nos vale, ha de valer para os que ficam, sejam velhos ou estejam ainda novos, mas ainda a êstes que podem distinguir, neste elogio póstumo, o valor do merecimento, a distinção bem clara da vida que termina merecendo das muitas vidas que se esvaem sem mérito nenhum. O trabalho que enobrece e dígna o homem, a bondade que o eleva, a honestidade que o sublima e o faz útil para todos, igual a cada qual, foram virtudes que êle teve e cultivou, ensinou e dividiu entre os que dêle se acercaram, e conviveram o ouviram e respeitaram! E hoje é memoria, é lembrança de nos todos, de tôda uma cidade, o velho bom, trabalhador, honesto e simples que viveu aqui modestamente ganhando amizade, respeito, veneração; pelo muito que fez vivendo bem. Tenha JUVENAL DE SOUZA a luz que aos justos da, na eternidade, a recompensa do modo bom de conviver. Eis o homem:

Juvenal de Almeida Souza, viuvo de Dona Maria Adelia da Silveira Diniz; nascido em 23/10/1888 e falecido em 16/03/1971. Deixa os seguintes filhos Francisco José de Souza, casado c/ Hilda Terra de Souza; Alvaro de Souza, solteiro; Maria Augusta de Souza Assumpção, casada c/ Ary Assumpção; Celso de Almeida Souza, casado c/ Therezinha Terra de Souza; Sonia Maria de Souza Almeida, casada c/ Luiz Carlos de Almeida. Deixa os seguintes netos e netas Maria Nazareth Terra de Souza, Maria Cristina Terra de Souza, Francisco José de Souza Filho, Persio Antonio Terra de Souza.

Maria Adelia de Souza Assumpção, Katia Maria de Souza Assumpção, Pedro Paulo de Souza, Assumpção, Ary Assumpção Junior, Sandra Terra de Souza, Iaci Terra de Souza, Eliana Terra de Souza, Celso de Almeida Souza Filho, Luiza Antonio de Souza Almeida, Rosangela de Souza Almeida, Claudia Maria de Souza Almeida.

Folha de São Miguel Arcanjo, 28 de março de 1971

quinta-feira, 29 de setembro de 2016

31.10.1971 ─ Serão transladados para Bahia os restos mortais de Con. Bento



SERÃO TRANSLADADOS
PARA BAHIA OS RESTOS
MORTAIS DE CON.BENTO

Êste ano, no dia de Finados, os filhos de Borba, residentes no Amazonas não mais visitarão a sepultura do Cônego Bento em Manaus.

É que no dia 28 dêste mês, D. João de Souza Lima viajou para a Bahia, levando os restos mortais do Cônego Bento José de Souza para a cidade de Itajuípe, naquele Baiano de nascimento, era amazonense de coração. Vigário da cidade de Borba por quase trinta anos, dedicou-se com todo o ardor ao bem do povo daquela cidade do Madeira, que guarda viva memória de sua figura austera mas bondosa, sempre pronto a atender aos que o procuravam.

Jornal do Comércio, domingo, 31 de outubro de 1971

quarta-feira, 28 de setembro de 2016

26.01.1987 ─ Sol reaparece na final do Op PRO

Paulinho do Tombo demonstra muita técnica na competição. No destaque, comemora o seu primeiro título a nível nacional


Sol reaparece na final do Op PRO
Fotos Marco Cezar
Após um sábado totalmente chuvoso, a final do Op PRO 87 ─ primeira etapa do 1º Circuito Brasileiro de Surf Profissional ─ contrariou as previsões negativas e a Joaquina foi brindada com um excelente dia para as competições. O paulista Paulinho do Tombo, 23 anos, mostrou a melhor consistência e chegou às finais vencendo Nelson Ferreira e Pedro Muller, tornando-se campeão incontestável. Ele venceu ao carioca Rodolfo Lima, por cinco juízes a zero, arrancando aplausos da multidão de assistentes. O campeão profissional conseguiu 1.000 pontos no circuito e a quantia de Cz$ 70 mil. Metade da premiação vai empregar no pagamento de uma promessa. Na categoria amador, Ricardo Tatuí, do Rio de Janeiro chegou ao bicampeonato, numa bateria final de nível profissional. Em segundo lugar ficou o carioca Zé Paulo, terceiro Fábio Gouvêa ─ considerado a revelação do Op PRO 87 ─ e quarto, Zé Roberto Aníbal. O surfe feminino foi vencido pela gaúcha Tanira Damasceno, enquanto no body boarding masculino venceu Alexandre Roichmann e no feminino Cláudia Sabóia. O surfe de joelho foi do catarinense Marcos Breda. (P.15)

O Estado, Florianópolis, segunda-feira, 26 de janeiro de 1987

terça-feira, 27 de setembro de 2016

17.08.1982 ─ Euclides da Cunha, festa no retorno a Rio Pardo

Foto Waldemar Padovani
Os despojos de Eucludes, agora às margens do rio Pardo


Euclides da Cunha, festa no retorno a Rio Pardo
___________
WILSON MARINI
Enviado especial

Exatamente 73 anos após a morte do escritor Euclides da Cunha, os seus restos mortais e os de Euclides da Cunha Filho foram enterrados definitivamente em mausoléu às margens do Rio Pardo, em São José do Rio Pardo, domingo à tarde. O acontecimento se deu em clima de festa, pois os traslado vinha sendo reivindicado pela cidade especialmente nos últimos dez anos.

Os moradores de São José do Rio Pardo ─ cidade de 45 mil habitantes, sede de uma faculdade de Filosofia, Ciências e Letras e uma tradição de culto à obra euclidiana ─ acompanharam com interesse o processo de transferência dos despojos que culminou com a chegada dos despojos no sábado à tarde. Nesse dia, houve sessão solene na Câmara Municipal, marcada por diversos discursos de acadêmicos, políticos, estudantes e descendentes do escritor e de seu amigo Francisco Escobar. Houve até um protesto ecológico por um grupo de jovens, que quizeram associar ameaças como a bomba atômica com as idéias do autor de "Os Sertões". Depois disso, as urnas foram veladas em noite de vigília na "Casa Euclidiana", um museu situado no prédio onde residiu o escritor nos três anos que passou em Rio Pardo.

O ponto forte de toda a programação se deu no domingo, inicialmente com um ato cristão na igreja matriz celebrado por dom Thomaz Vaquero, bispo diocesano. Cerca de mil pessoas formaram o cortejo a pé, numa distância de 500 metros, até a praça onde foram depositadas as urnas. A solenidade prosseguiu com novos discursos e a entoação do Hino Nacional por corporações musicais, nesta altura presenciada por cerca de três mil pessoas. Ao som de salvas de tiro por soldados do Exército, as urnas conduzidas pelos familiares do escritor foram enterradas em meio a um espelho d'água. Funcionários da prefeitura acreditam que o local será reforçado como ponto turístico de Rio Pardo. A poucos metros do mausoléu existe uma redoma de vidro protegendo uma cabana de madeira que serviu de escritório para Euclides da Cunha dirigir as obras da ponte metálica ligando uma margem à outra do lendário Pardo. E lá, também, Euclides da Cunha teria escrito a maior parte de "Os Sertões".

Para o vereador Álvaro Ribeiro de Oliveira Netto, Rio Pardo cresce, a partir de agora, em importância: "Sua responsabilidade perante a comunidade cultural é maior". Como ele, outros representantes da comunidade falaram na sessão da Câmara tecendo considerações de orgulho pelo traslado, encarado como uma das maiores vitórias da cidade em sua história, contra a cidade fluminense de Cantagalo, onde nasceu o escritor.

Mas não faltou, ao longo da festividade, a exploração pelos políticos. Diversos deles fizeram questão de enfatizar "o esforço da Secretaria de Cultura" para que o traslado fosse realizado. O presidente da União dos Vereadores do Estado de São Paulo, Eduardo Monteiro da Silva, fez apologia do ex-secretário e do atual, minutos antes de ser consumado o enterro. E numa das luminárias da ponte construída por Euclides da Cunha, tombada pelo Patrimônio Histórico, estavam colocados cartazes de propaganda do candidato do PDS, Reynaldo de Barros.

Para manter o culto a Euclides da Cunha, os professores euclidianos da cidade prometem continuar realizando a "Semana Euclidiana", uma promoção que envolve estudantes de escolas de todo o Interior, que anualmente disputam um concurso literário cujo tema é ligado à obra do escritor. Este ano, o primeiro prêmio foi de Cr$ 40 mil.

Resta, ainda, preservar a memória, ciclicamente ameaçada pelo descaso das autoridades. Os objetos pessoais permanecem para visitação pública na antiga cabana, sem nenhum controle ou vigilância sobre a presença de pessoas, a não ser um livro de assinaturas. Até o ano passado, a "Casa Euclidiana" esteve prestes a ruir, só não ocorrendo devido a uma interdição, para reformas.

O Estado de S. Paulo, terça-feira, 17 de agosto de 1982

segunda-feira, 26 de setembro de 2016

01.03.1986 ─ O primeiro dia da guerra à inflação

Foto: Carlos Chicarino
28 de fevereiro de 1986, Centro do Rio, à tarde: rajadas de metralhadora para assustar os "fiscais dos preços"


O primeiro dia a guerra à inflação

"Iniciamos hoje uma guerra de vida ou morte contra a inflação." A manhã de sexta-feira estava estranhamente calma. "Cada brasileiro será e deverá ser um fiscal de preços." Em todo o País, as TVs mostravam o presidente da República, cercado pelo Ministério. E Sarney anunciou o pacote da desindexação da economia — o cruzado (Cz$), o congelamento de preços, novos reajustes de salários, o fim da correção. "Reze para que dê certo. Agora, ou vai ou racha", confidenciava Dílson Funaro, ministro da Fazenda. Os ministros tentaram explicar o pacote em longa entrevista. Ao menos, conseguiram estimular a verificação dos preços, depois de uma madrugada de remarcação, criando uma corrente nacional de reclamações. Mais medidas foram anunciadas: os bancos só abrirão às 13 horas de segunda-feira e fica criada a OTN (Cz$ 106,40). Mas Sarney não desistirá de explicar o que anunciou. Na segunda-feira, reúne-se com todos os governadores de Estado. Hoje, na sessão de reabertura do Congresso em 86, o pacote será discutido. Ontem, mesmo tentando responder com humor, Sarney foi lembrado de que, agora, havia "assumido o poder de fato".

Pedras contra os preços

Na quinta-feira, a balconista foi ao Bob's do largo da Carioca, no Rio, e pagou Cr$ 13 mil por um cachorro-quente. Ontem, pelo mesmo sanduíche, pagou Cr$ 18 mil. Conclusão: os consumidores reclamaram, houve confusão e a lanchonete foi depredada.

Estava iniciada a tarde de caça ao especulador no País. A segunda investida carioca foi mais violenta ainda: uma pedra, gritos, e a lanchonete McDonald's, no Centro, acabou destruída, também por subir os preços. Ali apareceram os policiais — um até de metralhadora, disparando para o ar — e, no confronto, 19 pessoas foram detidas e um PM esfaqueado. Em São Paulo e em Mafra (SC) foram presos em flagrante funcionários aumentando preços — resultado da madrugada nacional de remarcação. Quase que mesmo Sarney era desmentido quando falava de controle. Naquela hora, o superintendente da Sunab multava o Carrefour, em Brasília. A Sunab, o DPF e as polícias estaduais ajudarão "cada brasileiro a ser um fiscal", como quer o presidente.

Uma greve geral vem aí

O pacote de desindexação conseguiu quase o impossível no movimento sindical: a aproximação da CUT e da Conclat, contra o governo. As duas centrais recusaram o convite para uma reunião em Brasília e preparam uma greve geral. Os bancários do Rio não esperaram e já se declararam em "estado de greve". Mas, para o presidente da Fiesp, Luís Eulálio de Bueno Vidigal Filho, o sistema adotado beneficiará mais os assalariados. Porém, os filiados à Associação Nacional de Pequenos e Médios Empresários resolveram suspender a entrega de produtos até segunda-feira. O ex-ministro Francisco Dornelles prevê "desorganização do sistema financeiro e do sistema agrícola", além de "insegurança para o poupador e incerteza para o assalariado". Mesmo o presidente do PMDB, Ulysses Guimarães, que considerou as iniciativas "corajosas", lembrou a Sarney que ele utilizava o decreto-lei pela segunda vez.

Banco estende
feriado e abre
segunda às 13

Os bancos só abrirão às 13h de segunda-feira, prolongando o feriado bancário e aproveitando a manhã para explicar a seus funcionários como trabalhar com o cruzado e as tabelas de conversão do antigo cruzeiro. Esse foi o principal resultado prático da reunião entre o presidente do Banco Central, Fernão Bracher, e 30 banqueiros. Página 32

Primeiro-ministro
sueco assassinado

ESTOCOLMO — O primeiro-ministro da Suécia, Olof Palme, foi morto ontem à noite num atentado a bala, no centro de Estocolmo. Testemunhas viram um homem de meia-idade, de sobretudo, fugindo do local. Palme estava sem proteção policial, como é comum na Suécia. O gabinete está reunido em sessão de emergência, para discutir a situação. Página 7
Foto Sérgio Borges
Sarney anuncia a "guerra contra a inflação" e pede que todos sejam "fiscais"

AS MEDIDAS

• O cruzado (Cz$) é a nova moeda e fica restabelecido o centavo. O Banco Central está encarregado da remarcação e aquisição de cédulas e moedas em cruzeiros e da impressão de novas cédulas e da cunhagem das moedas em cruzados.
• A Obrigação Reajustável do Tesouro Nacional (ORTN) passa a denominar-se Obrigação do Tesouro Nacional (OTN) e vale 106,40 cruzados.
• As prestações do BNH serão congeladas pelo prazo de um ano e os reajustes não serão superiores à equivalência salarial do mutuário.
• Todos os produtos, serviços e aluguéis estão congelados. O governo vai divulgar em todo o País uma relação de 75 itens básicos (desdobrados chegam a 200 produtos) que não poderão ser aumentados.
• O Banco Central congelou o câmbio por tempo indeterminado. A partir de segunda, o dólar vale Cz$ 13,77 para compra e Cz$ 13,84 para venda.
• Os salários são convertidos em cruzados pelo valor médio da remuneração real dos últimos seis meses. Os reajustes serão anuais, a não ser que a inflação ultrapasse 20%. O salário mínimo é de Cz$ 800.
• Está criado o seguro-desemprego para os que forem dispensados sem justa causa ou perderem o trabalho por fechamento de sua firma.
• O governo garante o rendimento de depósitos da caderneta de poupança. O CMN fixou em 90 dias (antes eram 30 dias) o prazo mínimo para crédito de rendimento dos depósitos de poupança.
• Os prazos mínimos para aplicações em CDBs e letras de câmbio foram reduzidos de 180 para 60 dias.

Na cartilha, muitas explicações do pacote

Uma cartilha oficial para entender a desindexação da economia na prática e no cotidiano das pessoas: como calcular o salário, a prestação do BNH ou aluguel, os rendimentos das cadernetas de poupança, as prestações de crediário, futuros compromissos em notas promissórias e até mensalidades de escolas. 

Escreva ao jornal sobre sua dúvida

Hoje, o jornal O Estado de S. Paulo inicia um novo serviço de utilidade pública: a resposta às dúvidas de seus leitores em relação às novas medidas anunciadas ontem pelo presidente Sarney. Por carta, com identificação completa, os leitores podem enviar perguntas, que serão encaminhadas ao governo federal, para to-dos os esclarecimentos.

O Estado de S. Paulo, sábado, 1 de março de 1986

domingo, 25 de setembro de 2016

06.05.1994 ─ No enterro, o silencioso duelo de louras



No enterro, o silencioso duelo de louras
Fernando Maia
Família dá mais atenções a Xuxa do que a Adriane

São Paulo ─ Um silencioso duelo de louras aconteceu ontem, durante o enterro de Ayrton Senna. E a apresentadora Xuxa, ex-namorada do piloto, ganhou facilmente da modelo Adriane Galisteu, que Senna namorou em seu último ano de vida. No velório, o confronto foi evitado, pois Xuxa chegou, estrategicamente, poucos minutos depois de Adriane ter ido embora.

Mas, no cemitério do Morumbi, o encontro acabou sendo inevitável. E, com as duas juntas, ficou evidente que Xuxa desfruta de um prestígio maior junto à família do piloto. Desde os primeiros minutos, a apresentadora demonstrou mais intimidade com os parentes de Senna. Xuxa chegou ao cemitério no segundo carro que cruzou o portão, atrás somente do carro que levava os pais e os irmãos de Senna. Adriane, a última namorada, só entrou num dos últimos carros que cruzou o portão, muito depois do veículo que trouxe Xuxa.

No local do enterro, mais uma vez Xuxa levou a melhor. Quando Adriane chegou, restavam apenas duas cadeiras vazias. E, ironicamente, ambas estavam localizadas exatamente ao lado de Xuxa. Adriane não teve alternativa: sentou à direita da apresentadora. As duas ficaram cerca de dois longos e constrangedores minutos sem trocar sequer um olhar.

Foi aí que apareceu o empresário José Victor Oliva. Numa intervenção política, ele pegou a cadeira que estava do lado esquerdo de Xuxa e a levou até onde estava Leonardo Senna. Feito isso, convocou a apresentadora para sentar ao lado do irmão do piloto, o que acabou com a proximidade entre a ex-mais famosa e a última namorada que Senna teve na vida.

Na saída, o momento de maior constrangimento para Adriane. Depois de se despedir de todos os pilotos, ela se dirigiu para o carro que levaria a família até o aeroporto. Foi breve: entrou e saiu em menos de um minuto. Fez todo o percurso até a saída do cemitério a pé. Lá fora, embarcou no ônibus reservado para convidados da família.

Antes de deixar o local do enterro, Xuxa se abaixou, pegou uma flor no chão a beijou e depois a devolveu ao solo. Caminhou então para o carro da família, acompanhada por Viviane, a irmã de Senna. A apresentadora seguiu junto com a família. A atenção dispensada pela família à apresentadora foi muito maior do que a que recebeu a última namorada do piloto.

O Globo, 6 de Maio de 1994

sábado, 24 de setembro de 2016

04.05.1994 ─ Família recebe a visita de Xuxa

Leonardo, irmão de Senna, chegou ontem pela manhã a São Paulo


Família recebe a visita de Xuxa
France Presse
A apresentadora fez
companhia à Vivianne,
irmã de Senna, mas não
deve ir ao velório

A irmã de Ayrton Senna, Vivianne, recebeu várias visitas durante o dia de ontem no apartamento dos pais do tricampeão de Fórmula 1, no bairro do Pacaembu. A apresentadora e ex-namorada Xuxa Meneghel chegou na segunda-feira à noite para fazer companhia a Viviane. Dormiu no apartamento e permaneceu no local até às 18h30 de ontem. A presença da apresentadora trouxe um público diferente para a frente do prédio. Dezenas de crianças se aglomeraram no portão esperando a sua saída, o que acabou não acontecendo até às 18h30 de ontem. Segundo o assesor de Ayrton Senna, Charles Marzanaco, Xuxa está muito chateada e não tem ânimo para ir ao velório nem conceder entrevistas.

O irmão de Senna, Leonardo, desembarcou às 7h10 de ontem no aeroporto de Cumbica, em São Paulo e foi direto para a fazenda da família, em Tatuí, onde os pais do piloto já se encontram desde segunda-feira à noite. De acordo com Marzanasco, Fábio, primo e empresário dos negócios de Senna, disse ontem que a família não vai comentar o resultado da autópsia do corpo do piloto, pelo menos por enquanto.

A governanta da casa de Senna, em Algarve, Portugal, Juraci Moreira dos Santos, e a mulher do ex-diretor da McLaren, Clayton Brown, Tereza Brown, também visitaram Viviane ontem. Clayton Brown foi diretor da McLaren de 1988 a 91, época em que Ayrton Senna foi campeão mundial pela equipe.

A família continuou a receber muitas mensagens de solidariedade lamentando a morte do piloto. Segundo o assessor de Senna, chegava uma média de 100 telegramas por dia.

Velório ─ A visitação por parte do público no velório de Senna deve começar por volta de 10h00 a 10h30. Antes, a família vai fazer uma cerimônia religiosa que será ministrada pelo pastor protestante Sabatini Lali, pai de Flávio, marido de Viviane. A família escolheu Sabatini Lali por ser muito amigo de Senna e quem aconselhou o piloto a se casar com Adriaana Galisteu. Uma determinação da família é de que a cerimonia será fechada, sem a presença da imprensa e do público em geral.

O assessor de Senna confirmou as presenças do piloto Gerhard Berger e do ex-campeão mundial da Fórmula 1 na década dos 70, Jackie Stewart. Virá para o enterro, também o banqueiro Antonio Carlos Braga, que era amigo pessoal de Senna. Tanto o prefeito de São Paulo quanto o governador decretaram ponto facultativo nas repartições públicas devido ao velório.

O Estado de S. Paulo, 4 de maio de 1994

sexta-feira, 23 de setembro de 2016

03.05.1994 ─ Para namorada, 'piloto disse ser muito forte'

Adriane Galisteu (esq.), em Sintra, Portugal, após receber a informação da morte de Senna


Para namorada, 'piloto disse ser muito forte'

Acidentes ocorridos durante os treinos deixaram o piloto brasileiro nervoso e chateado; após jantar com amigos e com o irmão, no sábado, Senna telefonou para tranquilizar Adriane

CRISTINA DURAN

LISBOA ─ O que Adriane Galisteu, namorada de Ayrton Senna, mais lembra é dele ter lhe dito, no último telefonema, sábado: "Não se preocupe comigo e, não esqueça, sou forte, muito forte." Senna disse isso para acalmá-la porque, em telefonema anterior, depois dos acidentes ocorridos durante os treinos, se mostrou nervoso e chateado, avisando que, por isso, não correria mais naquele dia. Na casa do piloto em Faro, Algarve (sul de Portugal), Adriane ficou tranqüila. No dia seguinte viu o acidente pela televisão, em pânico fretou um avião para ir a Bolonha e, minutos antes da decolagem, soube que já não adiantava. Acabou sendo levada para Sintra, na casa do banqueiro Antonio Carlos Braga, íntimo amigo de Senna, onde ele costumava se hospedar quando treinava no Autódromo de Estoril.

Calmante ─ De madrugada, ela ainda pôde rever no vídeo o acidente e só dormiu depois de tomar um calmante. Triste, contendo o choro, mas muito controlada e discreta, de tarde decidiu atender a todos os telefonemas de amigos e familiares. E ainda recebeu uma rosa vermelha de Cesar Calinas, um funcionário público de 26 anos, fã de Ayrton desde que ele começou a aparecer no Estoril. Calinas tem todos os ingressos assinados por ele e lembra de longos papos que batiam no portão da casa de Sintra. "Se não puder colocar a flor no túmulo dele, por favor, ao menos coloque-a em um vaso no quarto onde dormia", pediu Calinas em prantos.

SENNA PLANEJAVA VIAJAR PARA PORTUGAL

Adriane contou que Senna estava alterado no sábado. Ele ligou do box e disse que não correria mais no treito. Mas, à noite voltou a telefonar, mais calmo. Tinha jantado com amigos, o Braga e o irmão e me tranquilizou. "Se eu tivesse o poder de voltar atrás dois dias, tomaria alguma atitude", lamentou a namorada.

Para Adriane, um acidente fatal era coisa que nunca lhe passou pela cabeça. "Ele sabia dos riscos que corria, mas sempre foi sério e profissional", relembrou.

Os planos do casal eram de se encontrar em Portugal, onde ficariam até hoje para ir aos treinos na Inglaterra. Depois iriam para Mônaco ou voltariam para um descanso no Algarve. Agora, Adriane deve voltar hoje para São Paulo.

O Estado de S. Paulo, terça-feira, 3 de maio de 1994

quinta-feira, 22 de setembro de 2016

07.10.1972 ─ Nirenberg ganha bolsa após tocar em orquestra nos EUA

Nélson Nirenberg pretende organizar um programa musical no Brasil


Nirenberg ganha bolsa após
tocar em orquestra nos EUA

Pela primeira vez em 46 anos um brasileiro participou da Orquestra Sinfônica Mundial da Juventude, nos Estados Unidos. Nélson Nirenberg, violinista, de 18 anos, formou ainda um conjunto de camara com colegas de várias nacionalidades, conduziu-os em concertos, teve atuação considerada extraordinária e ganhou uma bolsa-de-estudo.

─ Poderia ter ficado para gozar os quatro anos de estudo na Universidade de Michigan. Mas preferi adiar porque pretendo desenvolver um programa com a nossa juventude musical, e além disso transmitir tudo o que fiz para o nosso público ─ afirmava ontem, horas após o desembarque, em sua casa, cheia de parentes, muitos deles músicos.

O VIOLINISTA

Nélson Márcio Nirenberg não sabe ao certo quando começou a se interessar pela música. Contam-lhe que aos três anos já se aproximava dos violinos de seu pai e de seu tio, Jacques e Henrique Nirenberg, integrantes do Quarteto de Cordas da UFRJ. Sobinho do maestro Henrique Morelenbaum, desde os 10 anos se apresenta para o público e já esteve na Argentina em 1969 e foi convidado a voltar.

O convite para participa da Orquestra Sinfônica Mundial da Juventude ─ que se forma anualmente em setembro na pequena cidade de Interloch, no Michigan ─ veio através do Ministério das Relações Exteriores. Após um teste de seleção, com centenas de participantes, veio a confirmação de que integraria a orquestra nas apresentações do festival. Formou um conjunto de camara com seus companheiros da Suécia, Alemanha, Luxemburgo, República Dominicana, México e Estados Unidos, regeu e solou em várias apresentações, obrendo o maior sucesso entre os regentes que participavam do festival.

O SUCESSO

─ A idéia que tive de formar a orquestra de camara tomou a muitos de surpresa, mas eles ficaram mais surpreendidos com os resultados excelentes a que chegamos. O festival mandou uma carta com os maiores elogios ao nosso Ministério, mas o melhor foi a bolsa-de-estudos que me ofereceram, de quatro anos na Universidade de Michigan, das mais completas dos Estados Unidos e com um excelente Departamento de Música. Isso é que eu considero verdadeiramente sensacional ─ conta Nélson Nirenberg.

Este não é o primeiro convite que fazem ao jovem violinista carioca, que já recebeu alguns da Argentina, da Europa e de Illinois, nos Estados Unidos. Em Michigan, ele já foi aceito sem terminar seus estudos de segundo grau ─ atualmente cursa o terceiro ano clássico ─ e deverá começar seus estudos em julho de 1973. Antes disso, no Rio, ele tem planos para o aproveitamento dos jovens músicos brasileiros.

─ Na verdade, tenho grandes esperanças de que possa realizar alguma coisa com a nossa juventude musical. Eu já coordenei ano passado o Festival de Verão de Teresópolis, mas ainda não sei bem o que será. É que me sinto fazendo parte de uma cadeia muito grande aqui no Brasil, e conto com o apoio do Ministério da Educação e ainda do Governo do Estado para isso ─ explicou.

Para Nélson, bastante conhecido pelos concertos que tem realizado como solista da Orquestra Sinfônica Brasileira, o tempo "do estudante de violino visto como aquela figura magra e de gravatinha borboleta já passou, e atesto dia a dia um crescente interesse dos jovens pela nossa música."

Fazenda em Itabira onde
Drummond passou parta da
infância será soterrada

Belo Horizonte (Sucursal) ─ A Fazenda do Pontal, no Município de Itabida, onde o poeta Carlos Drummond de Andrade viveu fases de sua infância, será soterrada por uma camada de lama e servirá de depósito de todo o rejeito dos laminados finos da Cia. Vale do Rio Doce, hoje sua proprietária, segundo informou ontem a empresa.

Em estilo senhorial, com mais de 20 cômodos espaçosos, a casa da fazenda, porém, deverá ser preservada caso a companhia consiga sua remoção para um lugar próximo, livre da inundação programada, como homenagem ao poeta.

"FAZENDEIRO DO AR"

A Fazenda do Pontal, a 15 quilômetros de Itabira, era uma das propriedades rurais que o Sr. Carlos de Paulo Andrade tinha no município. Ele doou-a ao filho Carlos como adiantamento de legítima herança. Preferindo ser apenas um "fazendeiro do ar", o poeta, já casado, resolveu vende-la e mudar-se de Itabira, vindo para esta capital.

Nascido no dia 31 de outubro de 1902, numa casa da Rua dos Padres, em Itabira, era levado frequentemente pelos pais à fazenda, onde morou dos três aos cinco anos e passou férias ao estudar no grupo escolar da cidade, no Colégio Arnaldo, em Belo Horizonte, no Colégio de Friburgo, no Estado do Rio, e na Escola de Farmácia de Ouro Preto, onde formou-se ainda muito jovem farmacêutico.

Casado também jovem, Drummond passou com a esposa uma temporada no Pontal, e depois vendeu-a à Belgo-Mineira. Hoje de propriedade da Cia. Vale do Rio Doce, a casa é a mesma de sempre ─ e por isso a empresa está disposta a conservá-la, porém noutro lugar.

Telefone para 222-2316 e faça a sua assinatura do JORNAL DO BRASIL

andar exclusivo na Vieira Souto com 20 metros de frente para o mar...

Um privilégio muito pessoal, que você vai estender, com orgulho, a seus amigos... porque dá gosto receber num apartamento exclusivo (um por andar) com 20 metros de frente...

Edifício: Andréa del Sarto. Jardim tropical. Fachada em mármore. Ar condicionado central. Nos menores detalhes o maior requinte. No muito espaço, o melhor aproveitamento. Parte social: living, sala de jantar, biblioteca (ou um 5.º quarto), varandão, aquele alcance dos olhos... 4 quartos (claro que uma suite). Três vagas de garagem. O melhor é lembrar que são apenas 13 apartamentos (13 andares) e 6 já têm dono. Agora só há chance para a sua e mais 6 famílias. E este privilégio de morar num Gomes de Almeida Fernandes, na Vieira Souto, em andar exclusivo, tem que ser defendido...

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Incorporação, construção e acabamento
GOMES de ALMEIDA FERNANDES
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SÉRGIO DOURADO
Empreendimentos imobiliários

Rua Prudente de Morais, 1008 ─ Tel.: 227-0030

Jornal do Brasil, sábado, 7 de outubro de 1972


quarta-feira, 21 de setembro de 2016

19.03.1983 ─ Figueiredo muda-se em 85 para a Praia do Pepino

A conclusão do Edifício Brennand, na Praia do Pepino, coincidirá com o final do mandato do Presidente Figueiredo em 85

Figueiredo muda-se em 85 para a Praia do Pepino

A garota-propaganda entregou o folheto ao Presidente Figueiredo, que fazia Cooper na praia. O papel chegou às mãos de D Dulce, que já tinha visto outros apartamentos, e a decisão foi tomada. Ao deixar a Presidência da República em março de 85, Figueiredo vai morar num condomínio formado por quatro edifícios, na Praia do Pepino, no Rio.

O preço é de Cr$ 90 milhões à vista. Área útil, 444 metros quadrados. Varanda e varandão, duas suítes, dois quartos, salão, sala de estar, copa-cozinha, dois quartos de empregada. Instalações hidráulicas em cobre, ar condicionado central. Fachada em granito, esquadrias em alumínio e bronze, mesma cor dos vidros. Três vagas na garagem, instalações amplas de lazer e esportivas.

Vender para comprar

O porta-voz da Presidência, Carlos Átila, ao informar ontem em Brasília que a decisão foi tomada por D Dulce, disse que Figueiredo comprará o apartamento com economias próprias e com a venda do imóvel da família na Rua Conselheiro Lafayette, em Copacabana. O prédio do Pepino está ainda em construção e ficará pronto no início de 1985, às vésperas do final do mandato do Presidente, que virá para o Rio imediatamente após 15 de março daquele ano.

O apartamento, disse Átila, foi comprado por Figueiredo nas mesmas condições dos outros compradores. "Não houve nada de especial, o Presidente nem conhece o dono da imobiliária e se dirigiu ao vendedor como um cidadão comum." Com uma única diferença: em vez de ir ao estande da imobiliária, chamou um corretor à Gávea Pequena, onde fechou o negócio.

Confortável como poucos no Rio de Janeiro, ainda assim o apartamento de Figueiredo não se compara aos de seus futuros vizinhos ─ das colunas 01 e 04 ─ de seu edifício, o Brennand, e aos do prédio ao lado, o Bruno Giorgi, que têm piscina térmica e hidromassagem nos apartamentos.

O mar, a Pedra da Gávea, a Avenida Niemeyer, asas-delta e surfistas compõem a paisagem que se verá do condomínio Praia Guinle, de cuja construção participam empresas tradicionais como a Gomes de Almeida, Fernandes, a Monteiro Aranha, a Atlântica-Boavista e o Copacabana Palace.

De área real, são 269 metros quadrados ─ os apartamentos do Praia Guinle têm entre 269 e 1 mil 094 metros quadrados de área real. E, seguindo-se a tabela de preços da Patrimóvel ─ responsável pelas vendas ─ o Presidente Figueiredo pagará, entre sinal e escritura, Cr$ 23 milhões. Mensalmente, pagará Cr$ 1 milhão 187, e há várias intermediárias: seis, de quatro em quatro meses de Cr$ 2 milhões 884 mil, três semestrais (1ª em 10 de outubro de 1985) de Cr$ 8 milhões 095 e uma fixa, em 10 de abril também de 1985 de Cr$ 10 milhões 094, "aproximadamente", segundo o diretor da Patrimóvel, Maurício Goldbach.

Nas áreas comuns, estão previstos jardins, playgrounds, gramados, quadras de squash, guaritas para os guardas, estacionamento para visitantes, ruas e calçadas internas. Também existirão um clube privativo (com piscina), deck-bar, sauna, ducha, sala de repouso, vestiários masculino e feminino. Tudo espalhado por cerca de 13 mil metros quadrados de área total.

São quatro prédios, a compor o conjunto: o Bruno Giorgi, de todos o mais luxuoso, com um apartamento por andar, piscina também em todos os apartamentos (é nesse prédio que se localiza a "cinematográfica" cobertura da cantora Simone), todos de frente para o mar. Já os do Malibu Mabe são todos voltados para a estrada das Canoas.

O Ascânio fica bem atrás do prédio do Presidente da República, e apenas de alguns apartamentos será possível ver-se o mar. Como no Brennand, haverá no Ascânio um elevador social para cada dois apartamentos, mas somente no primeiro haverá nas colunas 01 e 04. O Ascânio só terá piscinas nas coberturas.

O Praia Guinle está sendo construído dentro de um parque fechado, cercado por gradis ornamentais, tendo como acesso único um portão de ferro que será acionado eletricamente. Se o Prsidente Figueiredo quiser, não precisará sequer sair da área do Praia Guinle para dar suas corridas: está prevista a construção de uma pista de jogging na área interna do condomínio. Caso o Presidente adquira, como hábito, o squash, também haverá uma quadra no Praia Guinle.

O prédio fica pronto às vésperas de 15 de março ─ restam 22 meses do prazo para entrega ─ e, no Brennand, era intensa a atividade ontem, os operários quase atingindo a laje do 8º andar.

─ Agora vamos caprichar mais um pouquinho, disse um dos operários ao saber que trabalhava no futuro apartamento de João Figueiredo.

PDS ganha cópia dos rendimentos do governador

O Deputado Heitor Furtado, do PDS, que havia cobrado da Tribuna da Assembléia declaração de bens do Governador eleito Leonel Brizola, recebeu ontem uma cópia do líder do PDT, Deputado José Gomes Talarico. De acordo com o documento, Brizola possuía entre imóveis e depósitos bancários pouco mais de Cr$ 111 milhões até agosto do ano passado.

Heitor comentou com ironia que quando o Governador recusou-se a divulgar sua declaração de bens, durante a campanha eleitoral, afirmando que só o faria se o ex-Governador Chagas Freitas exibisse a sua, ele havia agido corretamente, pois seria dos cinco candidatos ao Governo o que reuniria mais bens.

Na declaração de bens enviada ao Tribunal Regional Eleitoral, no dia 16 de agosto, Brizola informou que possuía trê imóveis: o primeiro é o apartamento onde reside, na Avenida Atlântica, 3.210, "adquirido em 22 de ágosto de 1980, como parte do produto da venda de uma propriedade rural no Uruguai (inscrição número 9.434 da Dirección Impositiva) pela importância de Cr$ 6 milhões, valor estimado em Cr$ 25 milhões".

O segundo é um apartamento em Montevidéu. Fica no número 5 da Rambla Armenia, 1.606, "adquirido como parte do produto de venda de propriedade no Brasil, no valor estimado em Cr$ 20 milhões". O terceiro imóvel, de maior valor, é uma fazenda de 15,14 milhões, de metros quadrados no Uruguai, "adquirida com o produto de venda de outras propriedades no Brasil e naquele país (deduzida de uma hipoteca no valor de Cr$ 26 milhões), valor atual estimado em Cr$ 63 milhões e 200 mil."

Os outros bens relacionados por Leonel Brizola se referem a depósitos bancários em 13 de agosto: na Banca Federada do Interior, em Montevidéu, tinha N$ 198.978 (nuevos pesos), Cr$ 2 milhões 490 mil ao câmbio de ontem.

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Jornal do Brasil, sábado, 19 de março de 1983

terça-feira, 20 de setembro de 2016

25.12.1988 ─ Ecologista é velado sob tensão



Ecologista é velado sob tensão

Em clima de tensão e perplexos diante da morte de seu líder, seringueiros e agricultores começaram a chegar a Xapuri (AC), para o enterro de Chico Mendes, ecologista e presidente do sindicato dos trabalhadores rurais do município, assassinado quinta-feira. O corpo foi embalsamado e o sepultamento será amanhã.

Em Xapuri, cidade onde até o juiz Aldair Longhini sente medo, o crime aumentou a apreensão. O secretário do PT, Valdemir Nicácio, teme uma reação violenta dos trabalhadores. Por volta das 17h de quarta-feira, Chico havia comentado com a diretora do hospital da cidade, irmã Zélia, que morreria "até o dia 31".

O assassinato de Chico Mendes causou grande comoção. Nos Estados Unidos, Steve Schwartzman, diretor de uma entidade ambientalista privada, considerou a morte "um desastre para o futuro da floresta" e uma demonstração de "como a violência na Amazônia está diretamente ligada à devastação de seus recursos naturais".

O Ministério da Justiça enviou o delegado federal Luís Gonzaga Neto para acompanhar as investigações e determinou que a Polícia Federal realize nova apreensão de armas na região. No dia 9 passado, quando esteve no Rio, Chico Mendes disse em entrevista, que o JORNAL DO BRASIL publica hoje, que seu sacrifício seria inútil: "Quero ficar vivo para salvar a Amazônia". (Páginas 7, 8 e 9).
Xapuri (AC) ─ Sérgio Valle

Perplexos, homens e mulheres começaram a chegar para o enterro de Chico, que será no Natal

Os últimos dias de Chico Mendes

Fala mansa, jeito de caipira e tipo raro de ecologista do mato mesmo, para quem a floresta e os rios não constituíam só conceitos abstratos, Chico Mendes ainda não era propriamente um nome nacional. Mas em certos ambientes muito especiais ao redor do mundo já era uma celebridade. Em 1987 recebeu um prêmio da ONU. No BID e no Banco Mundial, discutia com os donos do dinheiro os investimentos na Amazônia. Sua morte, aos 46 anos, abatido por reles pistoleiros em sua cidade de Xapuri, no Acre, não é uma vergonha só para o Brasil. É vergonha para a civilização.

No Brasil dos assassinos que se estende por toda a região Norte e Oeste do país, onde a pistola se abastece com a munição confortável da impunidade, Chico Mendes é mais uma vítima de uma especialidade já banal ─ a morte anunciada. Ele sabia que estava marcado para morrer. Vivia dizendo isso. E a certeza era tanta que, em plena democracia, vivia como um clandestino. Não podia dormir duas noites seguidas na mesma casa. Não podia anunciar previamente seus deslocamentos. Nos últimos tempos, estava sob a proteção permanente de dois PMs, cortesia do governador do Acre, Flaviano Melo.

Chico Mendes, nascido nos seringais, filho de seringueiros e seringueiro ele próprio por destino e vocação, não bebia, não fumava e, ultimamente, não tinha vida pessoal. Presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri, existia para sua causa ─ um amálgama originalíssimo de luta pela terra e defesa da ecologia. Um Gandhi da floresta, criou a figura do empate ─ movimento de resistência pacífica em que os seringueiros e suas famílias concentravam-se em frente das máquinas para impedir o desmatamento.

Chico tinha o governador a seu lado, mas neste peculiar Brasil dos assassinos é preciso distinguir governo e poder. Nem sempre o governo é o poder. Poderes maiores ignoravam suas denúncias de que estava marcado para morrer, e nem se importunaram quando ele até deu os nomes de duas pessoas que, tinha certeza, articulavam a sua desgraça ─ os irmãos fazendeiros Darly e Alvarinho Alves, ambos ligados à UDR. O superintendente da Polícia Federal no Acre, Mauro Spósito, respondeu chamando Chico de "dedo-duro". Ou seja, a vítima anunciada passou a acusado, tudo muito de acordo com o ritual das mortes anunciadas.

Na quinta-feira, depois de duas semanas já sem ver a família, Chico Mendes rompeu com a rotina de dormir cada vez na casa de um amigo ou parente e foi para casa, nos arredores de Xapuri. O desejo de rever a mulher e os três filhos falou mais forte que as preocupações de segurança. Às 18h45, antes do jantar, resolveu tomar um banho. Os dois PMs ficaram para trás, ele dirigiu-se sozinho ao banheiro, que ficava fora. Um tiro de espingarda, calibre 12, atingiu-o no peito. Chico Mendes morreu com uma toalha no ombro.

Jornal do Brasil, sábado, 24 e Domingo, 25 de dezembro de 1988

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

10.10.1980 ─ Composição colhe Volkswagen no bairro Elizabeth



Composição colhe Volkswagen no bairro Elizabeth

Por volta das 11h10min da última terça-feira, mais um grave acidente de trânsito ocorreu sobre os trilhos da Rede Ferroviária Federal em Ijuí, no bairro Elizabeth, quando a composição férrea de prefixo "6779"m, colheu na parte dianteira o Volkswagen, 1300-L, cor vermelha, ano 78, dirigido pelo empresário Adão Martins, o qual juntamente com o veículo foi arrastado por mais de 60 metros.

Segundo testemunhas oculares, a composição não deu alerta ao se aproximar da passagem dos trilhos, colhendo violentamente o veículo. Logo após o acidente, Adão Martins foi conduzido ao HCI permanecendo várias horas na sala de cirurgia.

Falando sobre o acidente, Airton Martins, filho de Adão disse que, este é o quarto acidente que seu pai sofre nos últimos anos. Segundo ele, o mais grave ocorreu nas proximidades da cidade de Chiapetta. Na oportunidade o empresário se fazia acompanhar de sua esposa Olinda Martins. Em vista do grave acidente, Adão e sua esposa permaneceram um longo período inativo.

Airton informou ainda, na tarde de ontem, que o pai está recuperando-se bem, embora tenha se submetido a uma operação intestinal e apresenta várias lesões externas pelo corpo.

(Gentileza da Foto Bauken)

Correio Serrano, Ijuí, sexta-feira, 10 de outubro de 1980

domingo, 18 de setembro de 2016

02.04.1974 ─ Trem bate em ônibus e mata oito pessoas no sul de Minas


Trem bate em ônibus
e mata outo pessoas
no sul de Minas

SÃO PAULO (O GLOBO) ─ Oito pessoas morreram e três ficaram feridas ─ duas gravemente ─ num acidente ocorrido aos cinco minutos de ontem, em Pouso Alegre, no sul de Minas Gerais, a 300 quilometros de Belo Horizonte e a 220 de São Paulo. Um trem da Viação Férrea Centro-Oeste, da Rede Ferroviária Federal, colheu um ônibus da Transul, arrastando-o 200 metros sobre os trilhos. No choque, um passageiro foi lançado a 50 metros, e do onibus sobrou somente um monte de ferros retorcidos.

O onibus saíra de São Paulo às 20h de anteontem e, ao cruzar a passagem de nível, no bairro de Fátima, entrada da cidade, o motorista teve a visibilidade prejudicada pela chuva e má sinalização. Ignora-se se houve imprevidência, pois os três sobreviventes do desastre dormiam, e à hora da ocorrência há pouco movimento na rodovia. Benedito Inácio Pereira, condutor do trem 0828, não se apresentou à Polícia para as investigações.

Quando o médico Baptista Caruso, Diretor do Pronto Socorro São Camilo, chegou ao local, 20 minutos após o desastre, reinava silêncio dentro do onibus.

O inspetor Epitácio Marques, da polícia local, descreveu o interior do onibus como o quadro mais impressionante que jamais vira. Corpos despedaçados, presos entre as ferragens, e sangue escorrendo por todos os lados.

Os corpos do motorista Sebastião Maria Júnior e de mais dois passageiros só puderam ser retirados de manhã, pois estavam imprensados entre os ferros. Foi preciso serrar parte do ônibus para policiais e enfermeiros concluírem o trabalho.

As rodas dianteiras do onibus com o eixo e as laterais foram retiradas a 30 metros. A frente ficou reduzida a ferros retorcidos e toda a parte esquerda foi arrancada: os corpos dos passageiros que viajavam nesse lado ficaram irreconhecíveis.

Dos sobreviventes ─ Dilmo Pereira Lopes, Diomar Barbosa Dias e Dair Barbosa Martinez ─ apenas o primeiro tem esperanças de vida.

─ Encontramos o trem em cima do onibus ─ disse o médico Baptista Caruso ─ e a única forma de retirar os corpos era afastar a composição. Chamamos o pessoal do 4º Regimento de Obuses, do Exército, e, com muito trabalho, foi possível afastar os vagões. Os trilhos ferroviários ficaram retorcidos mas o trem não descarrilou.

A lista dos mortos é a seguinte: Sebastião Maria Jr., motorista do onibus; Sebastião Soares Monteiro, 38 anos, residente em São Paulo; Magno Aurélio Minacapelli ou Scarpelli, 22 anos, de São Paulo; Lodonio ou Sodomio Afonso Ferreira Cortes, 34 anos, de Pouso Alegre; José Batista de Souza. 27 anos, de Pouso Alegre; Nélio Brandão ou Brandani Tenório, 39 anos, casado, de Itajubá; Geraldo Bráulio de Lima, 25 anos, de São Paulo; Sebastião Rosa Costa, também residente em São Paulo.

Desastre gêmeo

BELO HORIZONTE (O GLOBO) ─ Na passagem de nível entre a Rua Pouso Alegre e a Avenida do Contorno, centro desta capital, uma composição da Rede Ferroviária Federal carregada com minérios de ferro colheu pelo meio o onibus urbano da linha São Gabriel, placa CW-1876. Ficaram feridos gravemente o motorista, Aristides Cirilo da Silva, e o trocador Juverci Alves Pereira, as duas únicas pessoas que estavam no onibus, às 4h30m de ontem.

Queda no abismo

SÃO PAULO (O GLOBO ─ Duas pessoas morreram e outras 62 ficaram feridas, ontem à noite, na capotagem do ônibus da Empresa Rodoviária Atlântica, da linha São Sebastião─Caraguatatuba. O acidente foi na rodovia que liga as duas cidades, e o ônibus projetou-se num abismo de 40 metros e ficou completamente destruído.

O GLOBO, terça-feira, 1 de abril de 1974