sábado, 8 de outubro de 2016

31.08.1977 ─ Morre um herói



CIDADE COMOVIDA COM A HISTÓRIA DE UM GESTO FATAL

Morre um herói

Morreu, ontem, no Hospital das Forças Armadas, o Sargento do Exército Sílvio Delmar Hollembach, que o sentimento da população de Brasília logo identificou como 

sexta-feira, 7 de outubro de 2016

20.08.1977 ─ Tragédia no Zoológico



Tragédia no Zoológico

Seis ariranhas do Jardim Zoológico de Brasília quase devoraram no último fim de semana, uma criança de 13 anos de idade, ─ e um sargento do Exército. O menor Adilson Florêncio da Costa, residente na QE-7, bloco L, apartamento 205, passa bem no Hospital Santa Lúcia, enquanto o Sargento Sílvio Delmar Holenbach, SQS 112, A, 302, internado no Hospital das Forças Armadas, encontra-se em estado grave.

Ontem, ainda no S.O.S. do Hospital Santa Lúcia, Adilson recebeu a reportagem do "Correio Braziliense" e narrou o acontecido: "Eu estava brincando no alambrado que protege o público dos animais, quando fui puxado por uma ariranha. Quando caí, os outros animais correram todos para onde eu estava e começaram a me devorar. Depois não me lembro bem, mais sei que entrou uma pessoa e atraiu a atenção das ariranhas e elas me deixaram em paz.

O Sargento Sílvio Holenbach, que, segundo os médicos do Hospital das Forças Armadas, recebeu mais de 100 mordidas, também falou à reportagem, lamentando apenas as dezenas de pessoas que assistiam à tragédia não tenham ajudado. Silvio explicou tudo desde o início: "Eu passava, de carro, com minha família: a esposa e quatro filhos menores quando oviu os gritos do garoto. Parei o carro e sem atender aos apelos da minha esposa que pedia para eu ficar, entrei no tanque das ariranhas".

Somente após algums minutos que o Sargento Silvio Holenbach estava sendo devorado pelas ariranhas é que chegou o pessoal da segurança do Zoo, segundo informações de seus familiares, e o tirou do meio das feras. Perguntado sobre o que o levou a entrar no tanque das ariranhas, o sargento respondeu: "Eu não podia deixar uma criança ser devorada sem fazer nada".

PLÁSTICA

O doutor José Carlos Daher, chefe do Serviço de Cirurgia Plástica, informou que só depois de dois dias é que poderá dizer se o estado do paciente é grave ou se sua recuperação será rápida. Para José Daher, o que mais preocupa, no momento, é o perigo das infecções nas feridas.

No Hospital Santa Lúcia, onde o garoto Adilson Florêncio deve receber alta hoje, a preocupação é a mesma, agravando-se, ainda mais, pelo fato do veterinário do Zoo ter informado ao pai do menor, Ademar Florêncio da Costa, que não há nada que possa identificar o tipo de infecção provocda pela mordida de uma ariranha.

PESQUISA "CB"

ARIRANHA: carnívoro da família dos Mustelídeos, Pterinura brasiliensis, semelhante à lontra, porém maior, alcançando alguns espécimes 2,40 m de comprimento total [a cauda mede quase um metro]. A cor é igual à da lontra, porém a barriga é menos clara e o focinho não é nu, mas coberto de pelos e a cauda achatada em toda extensão, quando na lontra ela só é na ponta.

A ariranha habita os grandes rios de todo o país, inclusive os da Amazônia, ao passo que a lontra vive no Brasil meridional. A ariranha difere também da lontra por levar vida diurna, enquanto a lontra é animal noturno. A pele da ariranha é como a da lontra, muito apreciada como tapete ou agasalho, principalmente quando caçada no inverno, porque então lhe cresce um reforço de pelos curtos e densos, que torna macia, e, ao ser beneficiada, ainda se lhe arrancam os pelos mais grossos. As ariranhas gostam de viver em bandos e nadam pelo rio, não raro fazendo uma grande barulheira, semelhantes à dos gatos, cuja voz imitam.

As ariranhas nadam otimamente e, mergulhando, caçam peixes que vão devorar em terra. Os peixes menores são devorados inteiros, ao passo que dos maiores rejeitam a cabeça e a espinha. É preciso ser bom atirador para poder com algum sucesso ir à caça das ariranhas. De longe aproxima-se, vindo rio abaixo, um ponto negro que tende as águas como a quilha de um barco invisível. Bastaria esse alvo ao caçador. Mas, antes de poder ele disparar o tiro, a ariranha some de todo nas profundezas e quando, algum tempo depois, reaparece, por um instante apenas para respirar rapidamente, ainda uma vez o tiro resvala na água.

Fotógrafos escolhem miss no dia 6

O Concurso de Miss Objetiva Brasília 77, que elegerá uma representante do Distrito Federal ao Concurso de Miss Objetiva Internacional, realizado anualmente pela Associação dos Repórteres Fotográficos e Cinegrafistas Cinematográficos do Estado de São Paulo está iniciando os preparativos para festa do dia 6 de setembro às 21 horas no Salão Nobre do Eron Brasília Hotel.

Os ensaios estão sendo realizados aos sábados e domingo a partir das quinze horas e tem contado com a dedicação dos convidados inscritos sob a direção de Sílvia Silva supervisionada pela coordenação do concurso que vem dando todo apoio às concorrentes, seus fotógrafos patrocinadores e a todos aqueles que procuram de uma maneira ou de outra colaborar com a primeira promoção desta natureza a ser realizada em Brasília.

JÚRI

A escolha da primeira Miss Objetiva será feita através de um júri composto por quinze figuras de destaque da sociedade brasiliense, incluindo-se jornalistas, cronistas sociais, modelos fotográficos, cirurgião plástico e representantes das artes fotográficas de Brasília, Rio e São Paulo, cujos membros estão sendo cuidadosamente escolhidos pela Coordenação do Concurso.

Para festa que escolherá a primeira Miss Objetiva de Brasília está previsto um público reduzidíssimo em face do local não comportar mais de quatrocentas pessoas. Destarte, solicitamos a máxima urgência daqueles que queiram reservar as sessenta mesas existentes no Salão Nobre do Eron Brasília Hotel. As pessoas interessadas poderão telefonar para 725 7080 - Reservas.

A Coordenação do I Concurso de Miss Objetiva Brasília 77 está convidando as candidatas inscritas e seus representantes um rápido ensaio na próxima sexta feira às 20 horas. Na oportunidade as concorrentes farão uma ligeira demonstração do que será a festa do dia 6 de setembro. Essa demonstração será para a Imprensa local.

Correio Braziliense, terça-feira, 30 de agosto de 1977

quinta-feira, 6 de outubro de 2016

23.11.1989 ─ Lilian acaba com domínio dos chileno no pentatlo



Lilian acaba com domínio dos chilenos no pentatlo

Geraldo Bezerra de Menezes

Lilian Cristina não se considera excelente, mas se diz "razoavelmente boa em tudo, em todos os esportes que formam o pentatlo moderno: a esgrima, a natação, o tiro ao alvo, a corrida cross-country e a equitação". Duas vezes campeã sul-americana, em 86 e 88, ela repetiu a façanha no Circuito Sul-Americano de Pentatlo Moderno, em três etapas, em outubro e novembro, nas cidades de Porto Alegre, Montevidéu e Santiago. Mais do que isso, a sua grande vitória pessoal foi ter conseguido formar uma equipe brasileira com as irmãs Jânia e Tânia Bezerra. É uma equipe vencedora, quebrando a hegemonia do Chile.

─ Nas duas vezes em que venci o Sul-Americano, não me conformei com a superioridade das chilenas, sempre vencendo por equipe, em cinco competições, de 83 a 88. Chamei muita gente para treinar comigo, a fim de formar uma equipe vencedora, até encontrar Jânia e Tânia. Depois de um ano de treinamento, vencemos ─ diz a pentacampeã brasileira de pentatlo moderno, de 23 anos.

Lilian mora em Realengo; as irmãs Bezerra ─ Tânia, 23 anos, Jânia, 22 ─ em Duque de Caxias. Determinadas, só fazem treinar, cinco horas por dia, em locais os mais distantes, locomovendo-se de ônibus. Toda semana, a mesma rotina: equitação, na Escola de Equitação do Exército, em Realengo (três vezes); natação e tiro ao alvo, no Fluminense (quatro e duas vezes); corrida e esgrima, na Escola de Educação Física do Exército, na Urca (seis e três vezes).

─ O desafio da gente ─ explica Lilian ─, que nos distingue dos outros atletas, é que procuramos desenvolver a técnica de todos esses esportes a um só tempo. Por isso, a cabeça da gente é mais aberta, mais maleável. "É a consagração do atleta completo", teria dito o Barão de Coubertin, o idealizador dos Jogos Olímpicos da era moderna, ao bolar o pentatlo moderno.

Felizes com o título sul-americano, Lilian, Tânia e Jânia sonham com as próximas competições: o Meeting Internacional dos Estados Unidos, em março; o Campeonato Aberto Europeu, em maio, e o Mundial da Suécia, em agosto de 90. Mas, de onde tirar dinheiro? A 30 cartas que enviaram para empresas, pedindo patrocínio, mereceram resposta idêntica: "Não temos verba." E daí? Elas são perseverantes mesmo. Continuam a treinar, apostam na boa estrela que possuem e, acima de tudo, gostam do que fazem: competir pelo prazer de competir. "Elas são atletas completas", diria, com certeza, o Barão de Coubertin.

O DIA, Rio de Janeiro, quinta-feira, 23 de novembro de 1989

segunda-feira, 3 de outubro de 2016

10.05.1962 ─ 24 MORTOS NO DESASTRE AVIATORIO QUE ONTEM ENLUTOU TODO O ESTADO



24 MORTOS NO DESASTRE AVIATORIO
QUE ONTEM ENLUTOU TODO O ESTADO

Nada menos de 24 pessoas, entre passageiros e tripulantes, pereceram carbonizados no pavoroso desastre que ontem (precisamente às 19h35m) enlutou todo o Estado do Espírito Santo, como o mais grave já ocorrido em nosso território.

Depois de fornecer tôdas as coordenadas da aterrissagem e de receber ordem de descer na pista do aeroporto Salgado Filho, a tripulação do "Convair" ─ 240 (PP-CEZ) da Serviços Aéreos Cruzeiro do Sul, que pernoitara nesta Capital, a tripulação da aeronave encerrou seus contatos com a tôrre de contrôle do aeroporto.

ESTRONDO

Alguns instantes depois, um forte estrondo foi ouvido pelas imediações. Um militar da DAC, que se encontrava na pista para receber a aeronave, viu perfeitamente quando esta aterrou precipitadamente a cêrca de 1.500 metros, incendiando-se parcialmente.

Imediatamente acorreram ao local as autoridades responsáveis pela base aérea. Pedidos de socorro foram imediatamente endereçados à Polícia, ao Corpo de Bombeiros, ao HPS e ao SAMDU.

OS MORTOS

Entre os mortos figuravam pessoas de real destaque na vida espírito-santense. Os serviços de salvamento quase que foram totalmente inúteis, ante a precipitação dos acontecimentos.

Dois passageiros deixaram, providencialmente de viajar no PP-CEZ, à última hora, resolvendo permanecer no Estado da Guanabara. Inúmeras observações foram feitas pela reportagem de A GAZETA e vão contadas, minuciosamente, na quinta página da presente edição.


Precisamente às 19h35m de ontem, depois de ter seu comando dado tôdas as coordenadas de aterrissagem para
...
vários daquela repartição chegavam ao local do desastre. Suas informações à reportagem deixam claro da
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depois violentas labaredas elevam-se para o céu.

Já o passageiro Francisco Lopes Filho, que milagrosa-
...

INCRÍVEL

Num raio de mais de 500 metros foram recolhidos pelas autoridades policiais pedaços do avião, jogados àquela incrível distância pela violência da explosão.

Um dos motores, alada fumegante, foi encontrado completamente divorciado dos outros destroços, a distância considerável, enquanto um pedaço da asa direita à qual pertencia o motor estava a mais de cem metros.

ESPETÁCULO DOLOROSO

Centenas de pessoas, tão logo tomaram conhecimento do desastre, acorreram ao local, sendo testemunhas mudas de um dos mais dolorosos, senão o mais doloroso, de Vitória. Corpos e mais corpos, irreconhecíveis e incompletos, eram enfileirados na rasa vegetação, também chamuscada.

Bombeiros e policiais ajudados por alguns funcionários do Aeroporto de Goiabeiras e empregados da Cruzeiro do Sul, conseguiram retirar pedaços de corpos e corpos inteiros, uns com as feições completamente deformadas.

IMPOSSÍVEL RECONHECER

Muitas pessoas, em intensa expectativa, aguardavam a chegada dos corpos tentando identificar um amigo ou um parente, mas a identificação era realmente impossível, tal o estado em que se achavam os corpos inicialmente encontrado à beira dos escombros.

...

to, pôde se inteirar de que, enquanto os bombeiros tentavam apagar as chamas, diversas pessoas desceram a pequena elevação, saqueando o que restava do aparêlho, com pedaços espalhados em grande área de terreno.

Só mais tarde, com a chegada das guarnições da R(...) se conseguiu evitar que os próprios mortos fôssem também saqueados pelos que acorreram ao local, poucos momentos depois que o fogo diminuíra de intensidade.

OS MORTOS

A Cruzeiro do Sul forneceu à imprensa a seguinte lista de passageiros que deixou o Rio de Janeiro no vôo 102 e que faleceram no terrível desastre:

Gujnther Zennig; Jacy Castelo Leite; Tyrocinsky (procedente de São Paulo); Fábio Ruschí; Ari Moura; Luiz Gusman; Agliberto Moreira Sales; Gusmo Ricci; José Rebouças Filho; Ariosto dos Santos; Maria José Fundão; José Borrego; Gerardi Buss; Guilhermino Marangoni; Aldemar Lopes; Maria L Garcia; Artur Fonseca; Alcides Gerard e João Souza Maia e a tripulação constituída do Comandante Ciro França, piloto Continentino, rádio-telegrafista François e comissárias Vieira e Vânia.

...

ga aeronaves da "ITAU").

Estiveram no local, imediatamente após os pedidos de socorro, guarnições do Corpo de Bombeiros que permaneceram junto aos escombros na tarefa de reconhecimento dos corpos do Hospital do Pronto Socorro, da Polícia e do SAMDU, prestando todos os serviços que se fizeram necessários e que foram possíveis.

ESCAPARAM

Os Srs. Edgard Rocha e Olívar Rangel Barata escaparam milagrosamente do desastre, pois, encontrando-se no Rio de Janeiro ─ já no aeroporto Santos Dumont ─ desistiram de voar no PP-CEZ.

O primeiro (proprietário de cinemas nesta Capital), segundo fomos informados, transferiu sua viagem de regresso para que pudesse assistir, no Estádio Maracanã, à peleja realizada ontem à noite entre as seleções de futebol do Brasil e de Portugal, enquanto o segundo (Administrados da DAC em Vitória) deixou de voar, para regressar amanhã, no primeiro vôo do Lóide Aéreo.

COOPERARAM COM O JORNAL

Não será por demais endereçarmos, ao final desta reportagem, os agradecimentos de A GAZETA ao pessoal da DAC, da Serviços Aéreos Cruzeiro do(...)

A Gazeta, Vitória, quinta, feira, 10 de maio de 1962

domingo, 2 de outubro de 2016

23.06.1958 ─ Antes de ser morto o engenheiro travou discussão com o advogado



ANTES DE SER MORTO O ENGENHEIRO
TRAVOU DISCUSSÃO COM O ADVOGADO

População paraense acompanha tôdas as providências
policiais no sentido de bem esclarecer os motivos que
levaram advogado a assassinar o engenheiro do DEER

BELÉM, 21 (Meridional) ─ Pelo telefone ─ Repercute, ainda, o crime no qual perdeu a vida, abatido por tês tiros de revolver, disparados pelo seu antigo amigo e advogado, Carlos Lima, o engenheiro Belisario Dias, do quadro de engenheiros do Departamento Estadual de Estradas de Rodagem.

Preso horas depois, o advogado Carlos Lima foi conduzido para a Central de Policia, onde ficou em sala especial. Depois de prestar declarações, o criminoso foi conduzido ao Presídio São José, onde se encontra detido em prisão especial, dada a sua condição de bacharel.

Hoje prestaram depoimento, sigilosamente, a esposa da vítima, e a costureira em casa de quem se encontrava, horas antes do crime, a esposa do engenheiro Belisário Dias.

Por ocasião do levantamento do cadáver, a Polícia encontrou nos bolsos da vítima, a importancia de 18 cruzeiros e um salvo-conduto expedido em julho de 1956, pelo Tribunal de Justiça do Estado do Pará, e que havia sido requerido, exatamente, pelo advogado autor do crime.

A reportagem apurou que por ocasião do encontro entra a vitima e o criminoso, o engenheiro Belisário Dias acusou o advogado Carlos Lima, seu antigo amigo e patrono, de se ter apropriado da importancia de 1 milhão e 700 mil cruzeiros, que lhe foram dados a guardar, no periodo em que o engenheiro esteve fora do Estado, fugindo de uma ordem de prisão administrativa expedida pelo diretor do Departamento de Estradas de Rodagem, acusado que fôra de desviar dineiro do Departamento. Da discussão que tomara carater violento, outras acusações ainda teriam sido feitas pelo engenheiro. Como fisicamente, o criminoso era inferior, não teve outra alternativa senão alvejar o seu ex-amigo, a queima-roupa, com três tidos, que o prostraram. Levado ao Pronto Socorro, pela sua propria esposa, a vítima não resistiu aos ferimentos, falecendo quando era socorrido.

O advogado-criminoso, no encontro que tivera com o engenheiro, teria verberado o seu procedimento de ter feito as pazes com o governador do Estado, através de uma carta que escrevera ao chefe do Executivo paraense. O governador, aceitando as razões alegadas pela vítima, teria dado ordens para que a ordem de prisão fôsse relaxada, assim como o processo criminal não mais tivesse curso. Com isso, não se conformou o criminoso, que se tornara, então, inimigo do engenheiro Belisario Dias. Dias depois, quando o assunto estava completamente superado, o engenheiro Belisário Dias acusava seu advogado, sr. Carlos Lima, de se ter apropriado e desviado a importancia de 1 milhão e 700 mil cruzeiros, que lhe teriam sido entregues para guardá-los, quando a ordem era para confiscar os bens do engenheiro. Declarações públicas foram feitas pelo advogado, se defendendo da acusação, e quando o caso parecia morto, eis que um novo encontro surgiu, novas discussões se verificaram e o epilogo foi a morte trágica do engenheiro Belisário Dias, cujo enterramento foi feito ontem, na necrópole de Santa Isabel.

O Jornal, Rio de Janeiro, segunda-feira, 23 de junho de 1958

sábado, 1 de outubro de 2016

22.10.1970 ─ Bolívia prende e mata chefes daguerrilha



Bolívia prende e mata chefes da guerrilha

LA PAZ (AP-AFP-UPI-FT) ─ O chefe das guerrilhas bolivianas, Osvaldo "Chato" Peredo, foi prêso pelas fôrças armadas em uma operação na qual foram mortos o guerrilheiro brasileiro Luís Renato Pires "Eugênio" e o peruano Arturo Callepina Hurtado "Raul", anunciou ontem o comandante geral do exército Luís Reque Terán.

Acrescentou que também foi prêso o vice-presidente da Confederação Universitária Boliviana, Mario Suares, e morto outros dois guerrilheiros ainda não identificados. Isto parece ser o fim do movimento iniciado há três meses por Osvaldo "Chato" Peredo, numa seqüência da frustrada campanha de Ernesto "Che" Guevara. A 19 de julho passado, uns cem revolucionários ocuparam a cidade de Teoponte, situada a uns 200 quilômetros ao nordeste de La Paz, tomaram dois reféns alemães e obtiveram a libertação de três presos políticos, vinculados com a guerrilha de Guevara. Os integrantes da insurreição eram em sua maioria universitários democratas-cristãos.

"Chato" Perede é irmão de "Inti" e "Coco", que foram mortos em choques com o exército boliviano pouco tempo depois de terem lutado ao lado de "Che" Guevara.

A informação das fôrças armadas foi precedida por uma declaração do presidente Juan José Tôrres, no sentido de que não haveria trégua com os guerrilheiros, aos quais classificou de "subversivos". Nos últimos dias, as emissoras de rádio e jornais do país difundiram insistentes versões sôbre o aniquilamento total dos combatentes do chamado Exército de Libertação Nacional (ELN). Entretanto, nem o govêrno nem as esferas militares quiseram confirmar as versões.

Fôlha da Tarde, quinta-feira, 22 de outubro de 1970

sexta-feira, 30 de setembro de 2016

28.03.1971 ─ HOMENAGEM PÓSTUMA



─ HOMENAGEM PÓSTUMA ─

O falecimento de uma pessoa bondosa, daquelas que fizeram da bondade o seu modo de viver, que não souberam nunca viver de outro modo a não ser pela bondade, pelo modo tranquilo e bom de conviver, comove sempre e faz-nos pensar na utilidade da vida dos que viveram dêsse modo. Fazendo amigos, convivendo sem distinguir do pobre o rico, amando a todos como o próximo, adorando crianças e amando a natureza, o sorriso sempre, a tranquilidade, a simpatia prudente da velhice e o orgulho de uma vida sempre assim, igual em tudo e nunca desigual para ninguém nem para nada, alma boa que foi no mundo incenso purificando a vida deste mundo imenso de perturbações, desassossegos, assim foi o velho bom que morreu num dia quente desta semana triste, dolorida para nós. Morreu JUVENAL DE SOUZA e a cidade tôda acorreu a sua casa. O velho bom dos passarinhos, da amizade leal e dos conselhos sábios, do sorriso permanente sempre igual e da vida sempre honesta, dos filhos estimados e dos netos numerosos, morreu e nos deixou muita saudade. Ninguém dêle algum dia disse nada que não fosse um elogio ao modo bom de conviver, ao modo simples, singelo de viver. Alegre para todos, bom para o que fôsse, nem por política desuniu-se nunca de ninguém. E trabalhou, e deu exemplo que nos fica, que nos vale, ha de valer para os que ficam, sejam velhos ou estejam ainda novos, mas ainda a êstes que podem distinguir, neste elogio póstumo, o valor do merecimento, a distinção bem clara da vida que termina merecendo das muitas vidas que se esvaem sem mérito nenhum. O trabalho que enobrece e dígna o homem, a bondade que o eleva, a honestidade que o sublima e o faz útil para todos, igual a cada qual, foram virtudes que êle teve e cultivou, ensinou e dividiu entre os que dêle se acercaram, e conviveram o ouviram e respeitaram! E hoje é memoria, é lembrança de nos todos, de tôda uma cidade, o velho bom, trabalhador, honesto e simples que viveu aqui modestamente ganhando amizade, respeito, veneração; pelo muito que fez vivendo bem. Tenha JUVENAL DE SOUZA a luz que aos justos da, na eternidade, a recompensa do modo bom de conviver. Eis o homem:

Juvenal de Almeida Souza, viuvo de Dona Maria Adelia da Silveira Diniz; nascido em 23/10/1888 e falecido em 16/03/1971. Deixa os seguintes filhos Francisco José de Souza, casado c/ Hilda Terra de Souza; Alvaro de Souza, solteiro; Maria Augusta de Souza Assumpção, casada c/ Ary Assumpção; Celso de Almeida Souza, casado c/ Therezinha Terra de Souza; Sonia Maria de Souza Almeida, casada c/ Luiz Carlos de Almeida. Deixa os seguintes netos e netas Maria Nazareth Terra de Souza, Maria Cristina Terra de Souza, Francisco José de Souza Filho, Persio Antonio Terra de Souza.

Maria Adelia de Souza Assumpção, Katia Maria de Souza Assumpção, Pedro Paulo de Souza, Assumpção, Ary Assumpção Junior, Sandra Terra de Souza, Iaci Terra de Souza, Eliana Terra de Souza, Celso de Almeida Souza Filho, Luiza Antonio de Souza Almeida, Rosangela de Souza Almeida, Claudia Maria de Souza Almeida.

Folha de São Miguel Arcanjo, 28 de março de 1971

quinta-feira, 29 de setembro de 2016

31.10.1971 ─ Serão transladados para Bahia os restos mortais de Con. Bento



SERÃO TRANSLADADOS
PARA BAHIA OS RESTOS
MORTAIS DE CON.BENTO

Êste ano, no dia de Finados, os filhos de Borba, residentes no Amazonas não mais visitarão a sepultura do Cônego Bento em Manaus.

É que no dia 28 dêste mês, D. João de Souza Lima viajou para a Bahia, levando os restos mortais do Cônego Bento José de Souza para a cidade de Itajuípe, naquele Baiano de nascimento, era amazonense de coração. Vigário da cidade de Borba por quase trinta anos, dedicou-se com todo o ardor ao bem do povo daquela cidade do Madeira, que guarda viva memória de sua figura austera mas bondosa, sempre pronto a atender aos que o procuravam.

Jornal do Comércio, domingo, 31 de outubro de 1971

quarta-feira, 28 de setembro de 2016

26.01.1987 ─ Sol reaparece na final do Op PRO

Paulinho do Tombo demonstra muita técnica na competição. No destaque, comemora o seu primeiro título a nível nacional


Sol reaparece na final do Op PRO
Fotos Marco Cezar
Após um sábado totalmente chuvoso, a final do Op PRO 87 ─ primeira etapa do 1º Circuito Brasileiro de Surf Profissional ─ contrariou as previsões negativas e a Joaquina foi brindada com um excelente dia para as competições. O paulista Paulinho do Tombo, 23 anos, mostrou a melhor consistência e chegou às finais vencendo Nelson Ferreira e Pedro Muller, tornando-se campeão incontestável. Ele venceu ao carioca Rodolfo Lima, por cinco juízes a zero, arrancando aplausos da multidão de assistentes. O campeão profissional conseguiu 1.000 pontos no circuito e a quantia de Cz$ 70 mil. Metade da premiação vai empregar no pagamento de uma promessa. Na categoria amador, Ricardo Tatuí, do Rio de Janeiro chegou ao bicampeonato, numa bateria final de nível profissional. Em segundo lugar ficou o carioca Zé Paulo, terceiro Fábio Gouvêa ─ considerado a revelação do Op PRO 87 ─ e quarto, Zé Roberto Aníbal. O surfe feminino foi vencido pela gaúcha Tanira Damasceno, enquanto no body boarding masculino venceu Alexandre Roichmann e no feminino Cláudia Sabóia. O surfe de joelho foi do catarinense Marcos Breda. (P.15)

O Estado, Florianópolis, segunda-feira, 26 de janeiro de 1987

terça-feira, 27 de setembro de 2016

17.08.1982 ─ Euclides da Cunha, festa no retorno a Rio Pardo

Foto Waldemar Padovani
Os despojos de Eucludes, agora às margens do rio Pardo


Euclides da Cunha, festa no retorno a Rio Pardo
___________
WILSON MARINI
Enviado especial

Exatamente 73 anos após a morte do escritor Euclides da Cunha, os seus restos mortais e os de Euclides da Cunha Filho foram enterrados definitivamente em mausoléu às margens do Rio Pardo, em São José do Rio Pardo, domingo à tarde. O acontecimento se deu em clima de festa, pois os traslado vinha sendo reivindicado pela cidade especialmente nos últimos dez anos.

Os moradores de São José do Rio Pardo ─ cidade de 45 mil habitantes, sede de uma faculdade de Filosofia, Ciências e Letras e uma tradição de culto à obra euclidiana ─ acompanharam com interesse o processo de transferência dos despojos que culminou com a chegada dos despojos no sábado à tarde. Nesse dia, houve sessão solene na Câmara Municipal, marcada por diversos discursos de acadêmicos, políticos, estudantes e descendentes do escritor e de seu amigo Francisco Escobar. Houve até um protesto ecológico por um grupo de jovens, que quizeram associar ameaças como a bomba atômica com as idéias do autor de "Os Sertões". Depois disso, as urnas foram veladas em noite de vigília na "Casa Euclidiana", um museu situado no prédio onde residiu o escritor nos três anos que passou em Rio Pardo.

O ponto forte de toda a programação se deu no domingo, inicialmente com um ato cristão na igreja matriz celebrado por dom Thomaz Vaquero, bispo diocesano. Cerca de mil pessoas formaram o cortejo a pé, numa distância de 500 metros, até a praça onde foram depositadas as urnas. A solenidade prosseguiu com novos discursos e a entoação do Hino Nacional por corporações musicais, nesta altura presenciada por cerca de três mil pessoas. Ao som de salvas de tiro por soldados do Exército, as urnas conduzidas pelos familiares do escritor foram enterradas em meio a um espelho d'água. Funcionários da prefeitura acreditam que o local será reforçado como ponto turístico de Rio Pardo. A poucos metros do mausoléu existe uma redoma de vidro protegendo uma cabana de madeira que serviu de escritório para Euclides da Cunha dirigir as obras da ponte metálica ligando uma margem à outra do lendário Pardo. E lá, também, Euclides da Cunha teria escrito a maior parte de "Os Sertões".

Para o vereador Álvaro Ribeiro de Oliveira Netto, Rio Pardo cresce, a partir de agora, em importância: "Sua responsabilidade perante a comunidade cultural é maior". Como ele, outros representantes da comunidade falaram na sessão da Câmara tecendo considerações de orgulho pelo traslado, encarado como uma das maiores vitórias da cidade em sua história, contra a cidade fluminense de Cantagalo, onde nasceu o escritor.

Mas não faltou, ao longo da festividade, a exploração pelos políticos. Diversos deles fizeram questão de enfatizar "o esforço da Secretaria de Cultura" para que o traslado fosse realizado. O presidente da União dos Vereadores do Estado de São Paulo, Eduardo Monteiro da Silva, fez apologia do ex-secretário e do atual, minutos antes de ser consumado o enterro. E numa das luminárias da ponte construída por Euclides da Cunha, tombada pelo Patrimônio Histórico, estavam colocados cartazes de propaganda do candidato do PDS, Reynaldo de Barros.

Para manter o culto a Euclides da Cunha, os professores euclidianos da cidade prometem continuar realizando a "Semana Euclidiana", uma promoção que envolve estudantes de escolas de todo o Interior, que anualmente disputam um concurso literário cujo tema é ligado à obra do escritor. Este ano, o primeiro prêmio foi de Cr$ 40 mil.

Resta, ainda, preservar a memória, ciclicamente ameaçada pelo descaso das autoridades. Os objetos pessoais permanecem para visitação pública na antiga cabana, sem nenhum controle ou vigilância sobre a presença de pessoas, a não ser um livro de assinaturas. Até o ano passado, a "Casa Euclidiana" esteve prestes a ruir, só não ocorrendo devido a uma interdição, para reformas.

O Estado de S. Paulo, terça-feira, 17 de agosto de 1982

segunda-feira, 26 de setembro de 2016

01.03.1986 ─ O primeiro dia da guerra à inflação

Foto: Carlos Chicarino
28 de fevereiro de 1986, Centro do Rio, à tarde: rajadas de metralhadora para assustar os "fiscais dos preços"


O primeiro dia a guerra à inflação

"Iniciamos hoje uma guerra de vida ou morte contra a inflação." A manhã de sexta-feira estava estranhamente calma. "Cada brasileiro será e deverá ser um fiscal de preços." Em todo o País, as TVs mostravam o presidente da República, cercado pelo Ministério. E Sarney anunciou o pacote da desindexação da economia — o cruzado (Cz$), o congelamento de preços, novos reajustes de salários, o fim da correção. "Reze para que dê certo. Agora, ou vai ou racha", confidenciava Dílson Funaro, ministro da Fazenda. Os ministros tentaram explicar o pacote em longa entrevista. Ao menos, conseguiram estimular a verificação dos preços, depois de uma madrugada de remarcação, criando uma corrente nacional de reclamações. Mais medidas foram anunciadas: os bancos só abrirão às 13 horas de segunda-feira e fica criada a OTN (Cz$ 106,40). Mas Sarney não desistirá de explicar o que anunciou. Na segunda-feira, reúne-se com todos os governadores de Estado. Hoje, na sessão de reabertura do Congresso em 86, o pacote será discutido. Ontem, mesmo tentando responder com humor, Sarney foi lembrado de que, agora, havia "assumido o poder de fato".

Pedras contra os preços

Na quinta-feira, a balconista foi ao Bob's do largo da Carioca, no Rio, e pagou Cr$ 13 mil por um cachorro-quente. Ontem, pelo mesmo sanduíche, pagou Cr$ 18 mil. Conclusão: os consumidores reclamaram, houve confusão e a lanchonete foi depredada.

Estava iniciada a tarde de caça ao especulador no País. A segunda investida carioca foi mais violenta ainda: uma pedra, gritos, e a lanchonete McDonald's, no Centro, acabou destruída, também por subir os preços. Ali apareceram os policiais — um até de metralhadora, disparando para o ar — e, no confronto, 19 pessoas foram detidas e um PM esfaqueado. Em São Paulo e em Mafra (SC) foram presos em flagrante funcionários aumentando preços — resultado da madrugada nacional de remarcação. Quase que mesmo Sarney era desmentido quando falava de controle. Naquela hora, o superintendente da Sunab multava o Carrefour, em Brasília. A Sunab, o DPF e as polícias estaduais ajudarão "cada brasileiro a ser um fiscal", como quer o presidente.

Uma greve geral vem aí

O pacote de desindexação conseguiu quase o impossível no movimento sindical: a aproximação da CUT e da Conclat, contra o governo. As duas centrais recusaram o convite para uma reunião em Brasília e preparam uma greve geral. Os bancários do Rio não esperaram e já se declararam em "estado de greve". Mas, para o presidente da Fiesp, Luís Eulálio de Bueno Vidigal Filho, o sistema adotado beneficiará mais os assalariados. Porém, os filiados à Associação Nacional de Pequenos e Médios Empresários resolveram suspender a entrega de produtos até segunda-feira. O ex-ministro Francisco Dornelles prevê "desorganização do sistema financeiro e do sistema agrícola", além de "insegurança para o poupador e incerteza para o assalariado". Mesmo o presidente do PMDB, Ulysses Guimarães, que considerou as iniciativas "corajosas", lembrou a Sarney que ele utilizava o decreto-lei pela segunda vez.

Banco estende
feriado e abre
segunda às 13

Os bancos só abrirão às 13h de segunda-feira, prolongando o feriado bancário e aproveitando a manhã para explicar a seus funcionários como trabalhar com o cruzado e as tabelas de conversão do antigo cruzeiro. Esse foi o principal resultado prático da reunião entre o presidente do Banco Central, Fernão Bracher, e 30 banqueiros. Página 32

Primeiro-ministro
sueco assassinado

ESTOCOLMO — O primeiro-ministro da Suécia, Olof Palme, foi morto ontem à noite num atentado a bala, no centro de Estocolmo. Testemunhas viram um homem de meia-idade, de sobretudo, fugindo do local. Palme estava sem proteção policial, como é comum na Suécia. O gabinete está reunido em sessão de emergência, para discutir a situação. Página 7
Foto Sérgio Borges
Sarney anuncia a "guerra contra a inflação" e pede que todos sejam "fiscais"

AS MEDIDAS

• O cruzado (Cz$) é a nova moeda e fica restabelecido o centavo. O Banco Central está encarregado da remarcação e aquisição de cédulas e moedas em cruzeiros e da impressão de novas cédulas e da cunhagem das moedas em cruzados.
• A Obrigação Reajustável do Tesouro Nacional (ORTN) passa a denominar-se Obrigação do Tesouro Nacional (OTN) e vale 106,40 cruzados.
• As prestações do BNH serão congeladas pelo prazo de um ano e os reajustes não serão superiores à equivalência salarial do mutuário.
• Todos os produtos, serviços e aluguéis estão congelados. O governo vai divulgar em todo o País uma relação de 75 itens básicos (desdobrados chegam a 200 produtos) que não poderão ser aumentados.
• O Banco Central congelou o câmbio por tempo indeterminado. A partir de segunda, o dólar vale Cz$ 13,77 para compra e Cz$ 13,84 para venda.
• Os salários são convertidos em cruzados pelo valor médio da remuneração real dos últimos seis meses. Os reajustes serão anuais, a não ser que a inflação ultrapasse 20%. O salário mínimo é de Cz$ 800.
• Está criado o seguro-desemprego para os que forem dispensados sem justa causa ou perderem o trabalho por fechamento de sua firma.
• O governo garante o rendimento de depósitos da caderneta de poupança. O CMN fixou em 90 dias (antes eram 30 dias) o prazo mínimo para crédito de rendimento dos depósitos de poupança.
• Os prazos mínimos para aplicações em CDBs e letras de câmbio foram reduzidos de 180 para 60 dias.

Na cartilha, muitas explicações do pacote

Uma cartilha oficial para entender a desindexação da economia na prática e no cotidiano das pessoas: como calcular o salário, a prestação do BNH ou aluguel, os rendimentos das cadernetas de poupança, as prestações de crediário, futuros compromissos em notas promissórias e até mensalidades de escolas. 

Escreva ao jornal sobre sua dúvida

Hoje, o jornal O Estado de S. Paulo inicia um novo serviço de utilidade pública: a resposta às dúvidas de seus leitores em relação às novas medidas anunciadas ontem pelo presidente Sarney. Por carta, com identificação completa, os leitores podem enviar perguntas, que serão encaminhadas ao governo federal, para to-dos os esclarecimentos.

O Estado de S. Paulo, sábado, 1 de março de 1986

domingo, 25 de setembro de 2016

06.05.1994 ─ No enterro, o silencioso duelo de louras



No enterro, o silencioso duelo de louras
Fernando Maia
Família dá mais atenções a Xuxa do que a Adriane

São Paulo ─ Um silencioso duelo de louras aconteceu ontem, durante o enterro de Ayrton Senna. E a apresentadora Xuxa, ex-namorada do piloto, ganhou facilmente da modelo Adriane Galisteu, que Senna namorou em seu último ano de vida. No velório, o confronto foi evitado, pois Xuxa chegou, estrategicamente, poucos minutos depois de Adriane ter ido embora.

Mas, no cemitério do Morumbi, o encontro acabou sendo inevitável. E, com as duas juntas, ficou evidente que Xuxa desfruta de um prestígio maior junto à família do piloto. Desde os primeiros minutos, a apresentadora demonstrou mais intimidade com os parentes de Senna. Xuxa chegou ao cemitério no segundo carro que cruzou o portão, atrás somente do carro que levava os pais e os irmãos de Senna. Adriane, a última namorada, só entrou num dos últimos carros que cruzou o portão, muito depois do veículo que trouxe Xuxa.

No local do enterro, mais uma vez Xuxa levou a melhor. Quando Adriane chegou, restavam apenas duas cadeiras vazias. E, ironicamente, ambas estavam localizadas exatamente ao lado de Xuxa. Adriane não teve alternativa: sentou à direita da apresentadora. As duas ficaram cerca de dois longos e constrangedores minutos sem trocar sequer um olhar.

Foi aí que apareceu o empresário José Victor Oliva. Numa intervenção política, ele pegou a cadeira que estava do lado esquerdo de Xuxa e a levou até onde estava Leonardo Senna. Feito isso, convocou a apresentadora para sentar ao lado do irmão do piloto, o que acabou com a proximidade entre a ex-mais famosa e a última namorada que Senna teve na vida.

Na saída, o momento de maior constrangimento para Adriane. Depois de se despedir de todos os pilotos, ela se dirigiu para o carro que levaria a família até o aeroporto. Foi breve: entrou e saiu em menos de um minuto. Fez todo o percurso até a saída do cemitério a pé. Lá fora, embarcou no ônibus reservado para convidados da família.

Antes de deixar o local do enterro, Xuxa se abaixou, pegou uma flor no chão a beijou e depois a devolveu ao solo. Caminhou então para o carro da família, acompanhada por Viviane, a irmã de Senna. A apresentadora seguiu junto com a família. A atenção dispensada pela família à apresentadora foi muito maior do que a que recebeu a última namorada do piloto.

O Globo, 6 de Maio de 1994

sábado, 24 de setembro de 2016

04.05.1994 ─ Família recebe a visita de Xuxa

Leonardo, irmão de Senna, chegou ontem pela manhã a São Paulo


Família recebe a visita de Xuxa
France Presse
A apresentadora fez
companhia à Vivianne,
irmã de Senna, mas não
deve ir ao velório

A irmã de Ayrton Senna, Vivianne, recebeu várias visitas durante o dia de ontem no apartamento dos pais do tricampeão de Fórmula 1, no bairro do Pacaembu. A apresentadora e ex-namorada Xuxa Meneghel chegou na segunda-feira à noite para fazer companhia a Viviane. Dormiu no apartamento e permaneceu no local até às 18h30 de ontem. A presença da apresentadora trouxe um público diferente para a frente do prédio. Dezenas de crianças se aglomeraram no portão esperando a sua saída, o que acabou não acontecendo até às 18h30 de ontem. Segundo o assesor de Ayrton Senna, Charles Marzanaco, Xuxa está muito chateada e não tem ânimo para ir ao velório nem conceder entrevistas.

O irmão de Senna, Leonardo, desembarcou às 7h10 de ontem no aeroporto de Cumbica, em São Paulo e foi direto para a fazenda da família, em Tatuí, onde os pais do piloto já se encontram desde segunda-feira à noite. De acordo com Marzanasco, Fábio, primo e empresário dos negócios de Senna, disse ontem que a família não vai comentar o resultado da autópsia do corpo do piloto, pelo menos por enquanto.

A governanta da casa de Senna, em Algarve, Portugal, Juraci Moreira dos Santos, e a mulher do ex-diretor da McLaren, Clayton Brown, Tereza Brown, também visitaram Viviane ontem. Clayton Brown foi diretor da McLaren de 1988 a 91, época em que Ayrton Senna foi campeão mundial pela equipe.

A família continuou a receber muitas mensagens de solidariedade lamentando a morte do piloto. Segundo o assessor de Senna, chegava uma média de 100 telegramas por dia.

Velório ─ A visitação por parte do público no velório de Senna deve começar por volta de 10h00 a 10h30. Antes, a família vai fazer uma cerimônia religiosa que será ministrada pelo pastor protestante Sabatini Lali, pai de Flávio, marido de Viviane. A família escolheu Sabatini Lali por ser muito amigo de Senna e quem aconselhou o piloto a se casar com Adriaana Galisteu. Uma determinação da família é de que a cerimonia será fechada, sem a presença da imprensa e do público em geral.

O assessor de Senna confirmou as presenças do piloto Gerhard Berger e do ex-campeão mundial da Fórmula 1 na década dos 70, Jackie Stewart. Virá para o enterro, também o banqueiro Antonio Carlos Braga, que era amigo pessoal de Senna. Tanto o prefeito de São Paulo quanto o governador decretaram ponto facultativo nas repartições públicas devido ao velório.

O Estado de S. Paulo, 4 de maio de 1994

sexta-feira, 23 de setembro de 2016

03.05.1994 ─ Para namorada, 'piloto disse ser muito forte'

Adriane Galisteu (esq.), em Sintra, Portugal, após receber a informação da morte de Senna


Para namorada, 'piloto disse ser muito forte'

Acidentes ocorridos durante os treinos deixaram o piloto brasileiro nervoso e chateado; após jantar com amigos e com o irmão, no sábado, Senna telefonou para tranquilizar Adriane

CRISTINA DURAN

LISBOA ─ O que Adriane Galisteu, namorada de Ayrton Senna, mais lembra é dele ter lhe dito, no último telefonema, sábado: "Não se preocupe comigo e, não esqueça, sou forte, muito forte." Senna disse isso para acalmá-la porque, em telefonema anterior, depois dos acidentes ocorridos durante os treinos, se mostrou nervoso e chateado, avisando que, por isso, não correria mais naquele dia. Na casa do piloto em Faro, Algarve (sul de Portugal), Adriane ficou tranqüila. No dia seguinte viu o acidente pela televisão, em pânico fretou um avião para ir a Bolonha e, minutos antes da decolagem, soube que já não adiantava. Acabou sendo levada para Sintra, na casa do banqueiro Antonio Carlos Braga, íntimo amigo de Senna, onde ele costumava se hospedar quando treinava no Autódromo de Estoril.

Calmante ─ De madrugada, ela ainda pôde rever no vídeo o acidente e só dormiu depois de tomar um calmante. Triste, contendo o choro, mas muito controlada e discreta, de tarde decidiu atender a todos os telefonemas de amigos e familiares. E ainda recebeu uma rosa vermelha de Cesar Calinas, um funcionário público de 26 anos, fã de Ayrton desde que ele começou a aparecer no Estoril. Calinas tem todos os ingressos assinados por ele e lembra de longos papos que batiam no portão da casa de Sintra. "Se não puder colocar a flor no túmulo dele, por favor, ao menos coloque-a em um vaso no quarto onde dormia", pediu Calinas em prantos.

SENNA PLANEJAVA VIAJAR PARA PORTUGAL

Adriane contou que Senna estava alterado no sábado. Ele ligou do box e disse que não correria mais no treito. Mas, à noite voltou a telefonar, mais calmo. Tinha jantado com amigos, o Braga e o irmão e me tranquilizou. "Se eu tivesse o poder de voltar atrás dois dias, tomaria alguma atitude", lamentou a namorada.

Para Adriane, um acidente fatal era coisa que nunca lhe passou pela cabeça. "Ele sabia dos riscos que corria, mas sempre foi sério e profissional", relembrou.

Os planos do casal eram de se encontrar em Portugal, onde ficariam até hoje para ir aos treinos na Inglaterra. Depois iriam para Mônaco ou voltariam para um descanso no Algarve. Agora, Adriane deve voltar hoje para São Paulo.

O Estado de S. Paulo, terça-feira, 3 de maio de 1994

quinta-feira, 22 de setembro de 2016

07.10.1972 ─ Nirenberg ganha bolsa após tocar em orquestra nos EUA

Nélson Nirenberg pretende organizar um programa musical no Brasil


Nirenberg ganha bolsa após
tocar em orquestra nos EUA

Pela primeira vez em 46 anos um brasileiro participou da Orquestra Sinfônica Mundial da Juventude, nos Estados Unidos. Nélson Nirenberg, violinista, de 18 anos, formou ainda um conjunto de camara com colegas de várias nacionalidades, conduziu-os em concertos, teve atuação considerada extraordinária e ganhou uma bolsa-de-estudo.

─ Poderia ter ficado para gozar os quatro anos de estudo na Universidade de Michigan. Mas preferi adiar porque pretendo desenvolver um programa com a nossa juventude musical, e além disso transmitir tudo o que fiz para o nosso público ─ afirmava ontem, horas após o desembarque, em sua casa, cheia de parentes, muitos deles músicos.

O VIOLINISTA

Nélson Márcio Nirenberg não sabe ao certo quando começou a se interessar pela música. Contam-lhe que aos três anos já se aproximava dos violinos de seu pai e de seu tio, Jacques e Henrique Nirenberg, integrantes do Quarteto de Cordas da UFRJ. Sobinho do maestro Henrique Morelenbaum, desde os 10 anos se apresenta para o público e já esteve na Argentina em 1969 e foi convidado a voltar.

O convite para participa da Orquestra Sinfônica Mundial da Juventude ─ que se forma anualmente em setembro na pequena cidade de Interloch, no Michigan ─ veio através do Ministério das Relações Exteriores. Após um teste de seleção, com centenas de participantes, veio a confirmação de que integraria a orquestra nas apresentações do festival. Formou um conjunto de camara com seus companheiros da Suécia, Alemanha, Luxemburgo, República Dominicana, México e Estados Unidos, regeu e solou em várias apresentações, obrendo o maior sucesso entre os regentes que participavam do festival.

O SUCESSO

─ A idéia que tive de formar a orquestra de camara tomou a muitos de surpresa, mas eles ficaram mais surpreendidos com os resultados excelentes a que chegamos. O festival mandou uma carta com os maiores elogios ao nosso Ministério, mas o melhor foi a bolsa-de-estudos que me ofereceram, de quatro anos na Universidade de Michigan, das mais completas dos Estados Unidos e com um excelente Departamento de Música. Isso é que eu considero verdadeiramente sensacional ─ conta Nélson Nirenberg.

Este não é o primeiro convite que fazem ao jovem violinista carioca, que já recebeu alguns da Argentina, da Europa e de Illinois, nos Estados Unidos. Em Michigan, ele já foi aceito sem terminar seus estudos de segundo grau ─ atualmente cursa o terceiro ano clássico ─ e deverá começar seus estudos em julho de 1973. Antes disso, no Rio, ele tem planos para o aproveitamento dos jovens músicos brasileiros.

─ Na verdade, tenho grandes esperanças de que possa realizar alguma coisa com a nossa juventude musical. Eu já coordenei ano passado o Festival de Verão de Teresópolis, mas ainda não sei bem o que será. É que me sinto fazendo parte de uma cadeia muito grande aqui no Brasil, e conto com o apoio do Ministério da Educação e ainda do Governo do Estado para isso ─ explicou.

Para Nélson, bastante conhecido pelos concertos que tem realizado como solista da Orquestra Sinfônica Brasileira, o tempo "do estudante de violino visto como aquela figura magra e de gravatinha borboleta já passou, e atesto dia a dia um crescente interesse dos jovens pela nossa música."

Fazenda em Itabira onde
Drummond passou parta da
infância será soterrada

Belo Horizonte (Sucursal) ─ A Fazenda do Pontal, no Município de Itabida, onde o poeta Carlos Drummond de Andrade viveu fases de sua infância, será soterrada por uma camada de lama e servirá de depósito de todo o rejeito dos laminados finos da Cia. Vale do Rio Doce, hoje sua proprietária, segundo informou ontem a empresa.

Em estilo senhorial, com mais de 20 cômodos espaçosos, a casa da fazenda, porém, deverá ser preservada caso a companhia consiga sua remoção para um lugar próximo, livre da inundação programada, como homenagem ao poeta.

"FAZENDEIRO DO AR"

A Fazenda do Pontal, a 15 quilômetros de Itabira, era uma das propriedades rurais que o Sr. Carlos de Paulo Andrade tinha no município. Ele doou-a ao filho Carlos como adiantamento de legítima herança. Preferindo ser apenas um "fazendeiro do ar", o poeta, já casado, resolveu vende-la e mudar-se de Itabira, vindo para esta capital.

Nascido no dia 31 de outubro de 1902, numa casa da Rua dos Padres, em Itabira, era levado frequentemente pelos pais à fazenda, onde morou dos três aos cinco anos e passou férias ao estudar no grupo escolar da cidade, no Colégio Arnaldo, em Belo Horizonte, no Colégio de Friburgo, no Estado do Rio, e na Escola de Farmácia de Ouro Preto, onde formou-se ainda muito jovem farmacêutico.

Casado também jovem, Drummond passou com a esposa uma temporada no Pontal, e depois vendeu-a à Belgo-Mineira. Hoje de propriedade da Cia. Vale do Rio Doce, a casa é a mesma de sempre ─ e por isso a empresa está disposta a conservá-la, porém noutro lugar.

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andar exclusivo na Vieira Souto com 20 metros de frente para o mar...

Um privilégio muito pessoal, que você vai estender, com orgulho, a seus amigos... porque dá gosto receber num apartamento exclusivo (um por andar) com 20 metros de frente...

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Empreendimentos imobiliários

Rua Prudente de Morais, 1008 ─ Tel.: 227-0030

Jornal do Brasil, sábado, 7 de outubro de 1972