quinta-feira, 6 de outubro de 2016

23.11.1989 ─ Lilian acaba com domínio dos chileno no pentatlo



Lilian acaba com domínio dos chilenos no pentatlo

Geraldo Bezerra de Menezes

Lilian Cristina não se considera excelente, mas se diz "razoavelmente boa em tudo, em todos os esportes que formam o pentatlo moderno: a esgrima, a natação, o tiro ao alvo, a corrida cross-country e a equitação". Duas vezes campeã sul-americana, em 86 e 88, ela repetiu a façanha no Circuito Sul-Americano de Pentatlo Moderno, em três etapas, em outubro e novembro, nas cidades de Porto Alegre, Montevidéu e Santiago. Mais do que isso, a sua grande vitória pessoal foi ter conseguido formar uma equipe brasileira com as irmãs Jânia e Tânia Bezerra. É uma equipe vencedora, quebrando a hegemonia do Chile.

─ Nas duas vezes em que venci o Sul-Americano, não me conformei com a superioridade das chilenas, sempre vencendo por equipe, em cinco competições, de 83 a 88. Chamei muita gente para treinar comigo, a fim de formar uma equipe vencedora, até encontrar Jânia e Tânia. Depois de um ano de treinamento, vencemos ─ diz a pentacampeã brasileira de pentatlo moderno, de 23 anos.

Lilian mora em Realengo; as irmãs Bezerra ─ Tânia, 23 anos, Jânia, 22 ─ em Duque de Caxias. Determinadas, só fazem treinar, cinco horas por dia, em locais os mais distantes, locomovendo-se de ônibus. Toda semana, a mesma rotina: equitação, na Escola de Equitação do Exército, em Realengo (três vezes); natação e tiro ao alvo, no Fluminense (quatro e duas vezes); corrida e esgrima, na Escola de Educação Física do Exército, na Urca (seis e três vezes).

─ O desafio da gente ─ explica Lilian ─, que nos distingue dos outros atletas, é que procuramos desenvolver a técnica de todos esses esportes a um só tempo. Por isso, a cabeça da gente é mais aberta, mais maleável. "É a consagração do atleta completo", teria dito o Barão de Coubertin, o idealizador dos Jogos Olímpicos da era moderna, ao bolar o pentatlo moderno.

Felizes com o título sul-americano, Lilian, Tânia e Jânia sonham com as próximas competições: o Meeting Internacional dos Estados Unidos, em março; o Campeonato Aberto Europeu, em maio, e o Mundial da Suécia, em agosto de 90. Mas, de onde tirar dinheiro? A 30 cartas que enviaram para empresas, pedindo patrocínio, mereceram resposta idêntica: "Não temos verba." E daí? Elas são perseverantes mesmo. Continuam a treinar, apostam na boa estrela que possuem e, acima de tudo, gostam do que fazem: competir pelo prazer de competir. "Elas são atletas completas", diria, com certeza, o Barão de Coubertin.

O DIA, Rio de Janeiro, quinta-feira, 23 de novembro de 1989

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