domingo, 2 de outubro de 2016

23.06.1958 ─ Antes de ser morto o engenheiro travou discussão com o advogado



ANTES DE SER MORTO O ENGENHEIRO
TRAVOU DISCUSSÃO COM O ADVOGADO

População paraense acompanha tôdas as providências
policiais no sentido de bem esclarecer os motivos que
levaram advogado a assassinar o engenheiro do DEER

BELÉM, 21 (Meridional) ─ Pelo telefone ─ Repercute, ainda, o crime no qual perdeu a vida, abatido por tês tiros de revolver, disparados pelo seu antigo amigo e advogado, Carlos Lima, o engenheiro Belisario Dias, do quadro de engenheiros do Departamento Estadual de Estradas de Rodagem.

Preso horas depois, o advogado Carlos Lima foi conduzido para a Central de Policia, onde ficou em sala especial. Depois de prestar declarações, o criminoso foi conduzido ao Presídio São José, onde se encontra detido em prisão especial, dada a sua condição de bacharel.

Hoje prestaram depoimento, sigilosamente, a esposa da vítima, e a costureira em casa de quem se encontrava, horas antes do crime, a esposa do engenheiro Belisário Dias.

Por ocasião do levantamento do cadáver, a Polícia encontrou nos bolsos da vítima, a importancia de 18 cruzeiros e um salvo-conduto expedido em julho de 1956, pelo Tribunal de Justiça do Estado do Pará, e que havia sido requerido, exatamente, pelo advogado autor do crime.

A reportagem apurou que por ocasião do encontro entra a vitima e o criminoso, o engenheiro Belisário Dias acusou o advogado Carlos Lima, seu antigo amigo e patrono, de se ter apropriado da importancia de 1 milhão e 700 mil cruzeiros, que lhe foram dados a guardar, no periodo em que o engenheiro esteve fora do Estado, fugindo de uma ordem de prisão administrativa expedida pelo diretor do Departamento de Estradas de Rodagem, acusado que fôra de desviar dineiro do Departamento. Da discussão que tomara carater violento, outras acusações ainda teriam sido feitas pelo engenheiro. Como fisicamente, o criminoso era inferior, não teve outra alternativa senão alvejar o seu ex-amigo, a queima-roupa, com três tidos, que o prostraram. Levado ao Pronto Socorro, pela sua propria esposa, a vítima não resistiu aos ferimentos, falecendo quando era socorrido.

O advogado-criminoso, no encontro que tivera com o engenheiro, teria verberado o seu procedimento de ter feito as pazes com o governador do Estado, através de uma carta que escrevera ao chefe do Executivo paraense. O governador, aceitando as razões alegadas pela vítima, teria dado ordens para que a ordem de prisão fôsse relaxada, assim como o processo criminal não mais tivesse curso. Com isso, não se conformou o criminoso, que se tornara, então, inimigo do engenheiro Belisario Dias. Dias depois, quando o assunto estava completamente superado, o engenheiro Belisário Dias acusava seu advogado, sr. Carlos Lima, de se ter apropriado e desviado a importancia de 1 milhão e 700 mil cruzeiros, que lhe teriam sido entregues para guardá-los, quando a ordem era para confiscar os bens do engenheiro. Declarações públicas foram feitas pelo advogado, se defendendo da acusação, e quando o caso parecia morto, eis que um novo encontro surgiu, novas discussões se verificaram e o epilogo foi a morte trágica do engenheiro Belisário Dias, cujo enterramento foi feito ontem, na necrópole de Santa Isabel.

O Jornal, Rio de Janeiro, segunda-feira, 23 de junho de 1958

2 comentários:

  1. Uma história intrigante queteve um triste fim para Belisário

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  2. O acusado foi condenado? Fiquei curioso pra saber o que aconteceu no julgamento.

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