sexta-feira, 16 de setembro de 2016

14.05.1987 ─ Operação irregular com dólar e falsificação de documento leva Ruy Muniz a ser preso no DOPS



Operação irregular com dólar e falsificação de documentos leva Ruy Muniz a ser preso no DOPS

Está relacionada com receptação de 316 mil dólares, comprados com cruzados oriundos de golpe aplicado no Banco do Brasil, a prisão do diretor-proprietário do Colégio Indyu, ontem à tarde, em Montes Claros, por dois delegados enviados pela Secretaria de Segurança Pública. Levado para Belo Horizonte de avião, ontem à noite, Ruy Muniz foi autuado em flagrante, hoje, por crime de receptação, segundo informou na capital o advogado Marcos Afonso de Souza, que diz ter ouvido isto do secretário de Segurança Pública, Sidney Safe da Silveira. Ele está preso em cela do Departamento de Ordem Polícia e Social (DOPS).

Consta, segundo o advogado e fontes da Polícia Civil, que funcionários da agência da Savassi do Banco do Brasil, em Belo Horizonte, expediram ordem de pagamento falsa, como se o documento tivesse partido da agência do BB em Janaúba. Pessoa estranha ao banco sacou o dinheiro na agência da Savassi, Posteriormente, constatou-se que a ordem de pagamento não havia partido de Janaúba, tendo sido preparada com assinaturas falsas. Tendo em vista que a «chave secreta» (código interno) colocada no documento era a verdadeira, suspeitou-se do envolvimento de funcionários do banco, o que foi constatado em apuração policial. Um deles (informou-se que são dois), segundo comentários, seria Setembrino de tal.

Em Montes Claros, o Banco do Brasil e a Delegacia Regional de Segurança Pública recusaram-se a prestar informações sobre o caso, que envolveria dois golpes distintos: tráfico de dólares e desfalque no Banco do Brasil. O delegado-regional interino Dayal Barbosa, disse ter recebido determinação superior para não falar a respeito.

O gerente do Banco do Brasil em Janaúba, Edmundo Cordeiro, revelou que a Polícia Federal e comissão do banco estão apurando o caso, também. Ele frisou que nenhum funcionário da sua agência está envolvido.

Segundo fonte da Prefeitura de Montes Claros, na tarde de ontem familiares de Ruy Muniz pediram ao prefeito em exercício Mário Ribeiro, em seu gabinete, que solicitasse ao secretário Sidney Safe a soltura do professor. Segundo o informante o secretário aconselhou o prefeito a ficar fora do caso, «uma fria» com prejuízos da ordem de 300 mil dólares.

Apurou também a reportagem do Mais Lido que advogados ligados ao PDT de Montes Claros, partido a que Ruy Muniz está se filiando, impetraram ontem à tarde, na 2ª Vara Criminal de Montes Claros, pedido de «habeas corpus» para i diretor do Indyu. A juíza Eulina do Carmo Almeida indeferiu, porque o caso é da alçada da Comarca de Belo Horizonte, onde ocorreram os crimes.

APRESENTADOS
Em Belo Horizonte, a Polícia apresentou à Imprensa os envolvidos no crime, no final da tarde de hoje: Rui Muniz, que participou com o nome falso de Luiz Roberto Souza Marques, utilizando o número de sua conta no Banco Real, agência Barro Preto; Setembrino Lopes Filho, ex-funcionário do Banco do Brasil onde era caixa; e o comerciante Pedro Lopes Francisco, que funcionava como ponto de ligação entre as agências do BB em Belo Horizonte e Janaúba.

Segundo a Polícia, o crime envolve a soma de 1 milhão 310 mil dólares (equivalentes a Cz$ 350 milhões), que Rui Muniz recebeu e aplicou em diversas empresas na Capital, uma delas ligada a importação e exportação.

O JORNAL DE MONTES CLAROS, quinta-feira, 14 de maio de 1987

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