quarta-feira, 21 de setembro de 2016

19.03.1983 ─ Figueiredo muda-se em 85 para a Praia do Pepino

A conclusão do Edifício Brennand, na Praia do Pepino, coincidirá com o final do mandato do Presidente Figueiredo em 85

Figueiredo muda-se em 85 para a Praia do Pepino

A garota-propaganda entregou o folheto ao Presidente Figueiredo, que fazia Cooper na praia. O papel chegou às mãos de D Dulce, que já tinha visto outros apartamentos, e a decisão foi tomada. Ao deixar a Presidência da República em março de 85, Figueiredo vai morar num condomínio formado por quatro edifícios, na Praia do Pepino, no Rio.

O preço é de Cr$ 90 milhões à vista. Área útil, 444 metros quadrados. Varanda e varandão, duas suítes, dois quartos, salão, sala de estar, copa-cozinha, dois quartos de empregada. Instalações hidráulicas em cobre, ar condicionado central. Fachada em granito, esquadrias em alumínio e bronze, mesma cor dos vidros. Três vagas na garagem, instalações amplas de lazer e esportivas.

Vender para comprar

O porta-voz da Presidência, Carlos Átila, ao informar ontem em Brasília que a decisão foi tomada por D Dulce, disse que Figueiredo comprará o apartamento com economias próprias e com a venda do imóvel da família na Rua Conselheiro Lafayette, em Copacabana. O prédio do Pepino está ainda em construção e ficará pronto no início de 1985, às vésperas do final do mandato do Presidente, que virá para o Rio imediatamente após 15 de março daquele ano.

O apartamento, disse Átila, foi comprado por Figueiredo nas mesmas condições dos outros compradores. "Não houve nada de especial, o Presidente nem conhece o dono da imobiliária e se dirigiu ao vendedor como um cidadão comum." Com uma única diferença: em vez de ir ao estande da imobiliária, chamou um corretor à Gávea Pequena, onde fechou o negócio.

Confortável como poucos no Rio de Janeiro, ainda assim o apartamento de Figueiredo não se compara aos de seus futuros vizinhos ─ das colunas 01 e 04 ─ de seu edifício, o Brennand, e aos do prédio ao lado, o Bruno Giorgi, que têm piscina térmica e hidromassagem nos apartamentos.

O mar, a Pedra da Gávea, a Avenida Niemeyer, asas-delta e surfistas compõem a paisagem que se verá do condomínio Praia Guinle, de cuja construção participam empresas tradicionais como a Gomes de Almeida, Fernandes, a Monteiro Aranha, a Atlântica-Boavista e o Copacabana Palace.

De área real, são 269 metros quadrados ─ os apartamentos do Praia Guinle têm entre 269 e 1 mil 094 metros quadrados de área real. E, seguindo-se a tabela de preços da Patrimóvel ─ responsável pelas vendas ─ o Presidente Figueiredo pagará, entre sinal e escritura, Cr$ 23 milhões. Mensalmente, pagará Cr$ 1 milhão 187, e há várias intermediárias: seis, de quatro em quatro meses de Cr$ 2 milhões 884 mil, três semestrais (1ª em 10 de outubro de 1985) de Cr$ 8 milhões 095 e uma fixa, em 10 de abril também de 1985 de Cr$ 10 milhões 094, "aproximadamente", segundo o diretor da Patrimóvel, Maurício Goldbach.

Nas áreas comuns, estão previstos jardins, playgrounds, gramados, quadras de squash, guaritas para os guardas, estacionamento para visitantes, ruas e calçadas internas. Também existirão um clube privativo (com piscina), deck-bar, sauna, ducha, sala de repouso, vestiários masculino e feminino. Tudo espalhado por cerca de 13 mil metros quadrados de área total.

São quatro prédios, a compor o conjunto: o Bruno Giorgi, de todos o mais luxuoso, com um apartamento por andar, piscina também em todos os apartamentos (é nesse prédio que se localiza a "cinematográfica" cobertura da cantora Simone), todos de frente para o mar. Já os do Malibu Mabe são todos voltados para a estrada das Canoas.

O Ascânio fica bem atrás do prédio do Presidente da República, e apenas de alguns apartamentos será possível ver-se o mar. Como no Brennand, haverá no Ascânio um elevador social para cada dois apartamentos, mas somente no primeiro haverá nas colunas 01 e 04. O Ascânio só terá piscinas nas coberturas.

O Praia Guinle está sendo construído dentro de um parque fechado, cercado por gradis ornamentais, tendo como acesso único um portão de ferro que será acionado eletricamente. Se o Prsidente Figueiredo quiser, não precisará sequer sair da área do Praia Guinle para dar suas corridas: está prevista a construção de uma pista de jogging na área interna do condomínio. Caso o Presidente adquira, como hábito, o squash, também haverá uma quadra no Praia Guinle.

O prédio fica pronto às vésperas de 15 de março ─ restam 22 meses do prazo para entrega ─ e, no Brennand, era intensa a atividade ontem, os operários quase atingindo a laje do 8º andar.

─ Agora vamos caprichar mais um pouquinho, disse um dos operários ao saber que trabalhava no futuro apartamento de João Figueiredo.

PDS ganha cópia dos rendimentos do governador

O Deputado Heitor Furtado, do PDS, que havia cobrado da Tribuna da Assembléia declaração de bens do Governador eleito Leonel Brizola, recebeu ontem uma cópia do líder do PDT, Deputado José Gomes Talarico. De acordo com o documento, Brizola possuía entre imóveis e depósitos bancários pouco mais de Cr$ 111 milhões até agosto do ano passado.

Heitor comentou com ironia que quando o Governador recusou-se a divulgar sua declaração de bens, durante a campanha eleitoral, afirmando que só o faria se o ex-Governador Chagas Freitas exibisse a sua, ele havia agido corretamente, pois seria dos cinco candidatos ao Governo o que reuniria mais bens.

Na declaração de bens enviada ao Tribunal Regional Eleitoral, no dia 16 de agosto, Brizola informou que possuía trê imóveis: o primeiro é o apartamento onde reside, na Avenida Atlântica, 3.210, "adquirido em 22 de ágosto de 1980, como parte do produto da venda de uma propriedade rural no Uruguai (inscrição número 9.434 da Dirección Impositiva) pela importância de Cr$ 6 milhões, valor estimado em Cr$ 25 milhões".

O segundo é um apartamento em Montevidéu. Fica no número 5 da Rambla Armenia, 1.606, "adquirido como parte do produto de venda de propriedade no Brasil, no valor estimado em Cr$ 20 milhões". O terceiro imóvel, de maior valor, é uma fazenda de 15,14 milhões, de metros quadrados no Uruguai, "adquirida com o produto de venda de outras propriedades no Brasil e naquele país (deduzida de uma hipoteca no valor de Cr$ 26 milhões), valor atual estimado em Cr$ 63 milhões e 200 mil."

Os outros bens relacionados por Leonel Brizola se referem a depósitos bancários em 13 de agosto: na Banca Federada do Interior, em Montevidéu, tinha N$ 198.978 (nuevos pesos), Cr$ 2 milhões 490 mil ao câmbio de ontem.

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RÁDIO BANDEIRANTES ─ UM PASSO À FRENTE NA COMUNICAÇÃO

Jornal do Brasil, sábado, 19 de março de 1983

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