terça-feira, 8 de dezembro de 2015

22.05.1986 - Invasão aérea. São os tais Ovnis.



Invasão aérea.
São os tais Ovnis

Brasília
Agência Estado

O céu de São Paulo, São José dos Campos e Rio de Janeiro foi virtualmente invadido por mais de objetos voadores não identificados, na noite de segunda feira, provocando um estado de alerta geral nas bases de defesa do espaço aéreo brasileiro e a mobilização de quatro aviões supersônicos - dois "Mirage" e dois "F-5". O próprio presidente da República, José Sarney, foi alertado para o fato.

A informação, oficial, foi transmitida ontem no Palácio do Planalto pelo ministro da Aeronáutica, brigadeiro Octávio Moreira Lima, que espera ainda hoje os relatos do Estado-Maior da Aeronáutica, do Centro Integrado de Defesa Aérea e de Controle do Tráfego Aéreo (Cindacta) e dos pilotos que participaram da interceptação. Os caças brasileiros foram acionados em cinco minutos, logo após as telas dos radares ficarem completamente congestionadas pelos objetos não identificados.

Os aviões partiram, simultaneamente, das bases de Anápolis, a 150 quilômetros de Brasília, e de Santa Cruz, no Rio, com ordens expressas para estabelecer contato e identificar os aparelhos misteriosos. No entanto, de acordo com relato do ministro da Aeronáutica, os pilotos apenas viram no céu objetos de luminosidade intensa, refletindo várias cores. E em certo momento, a uma velocidade supersônica, um dos caças "F-5" foi surpreendido sendo seguido por seis objetos de um lado e sete de outro. O próprio ministro admite que as informações dos pilotos e das bases em terra "são fantásticas", e que no momento não há como explicá-las. Oficialmente, disse, trata-se de "um fenômeno inexplicável".

O brigadeiro Moreira Lima admite a possibilidade de ter havido interferência no radar, como resultado de uma "guerra eletrônica", mas considera esse fator remoto porque os sinais foram bastante claros e prejudicaram os controles de tráfego aéreo dos aeroportos nas regiões onde sobrevoaram os objetos não identificados - ou "Ovnis", como são chamados.

O fenômeno, disse ainda, ocorreu por volta das 20 horas e durou vários minutos, dando tempo inclusive a acionar uma verdadeira operação de guerra aérea. Apesar de serem vistas apenas as luzes, as autoridades aeronáuticas acreditam na existência de algum artefato por trás. Isto porque os radares do Cindacta foram programados para detectar objetos metálicos, superfícies sólidas e nuvens pesadas. Como o céu estava limpo, a última hipótese foi descartada.

O ministro explicou ainda que há registro de fenômenos parecidos no Cindacta, "mas nada que se assemelhe em magnitude a este". Os "Ovnis" desapareceram tão misteriosamente como surgiram nas telas dos radares. Horas depois, enquanto participava de um jantar oferecido ao presidente de El Salvador, Napoleón Duarte, no Itamaraty, o ministro comunicou o ocorrido ao presidente Sarney, que ouviu "interessado e curioso".

"Vão acabar dizendo que o presidente da Petrobrás rasga dinheiro." Foi com essa frase e um jeito meio sem graça que o presidente da Petrobrás, Osires Silva, reagiu às perguntas dos jornalistas que queriam saber dele como era o Objeto Voador Não Identificado (Ovni) que teria sido visto pela tripulação do avião Xingu, que o levava a bordo de Brasília para São José dos Campos.

O Estado de São Paulo, São Paulo, quinta-feira, 22 de maio de 1986.

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