quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

31.08.1979 - Aeronáutica revela causas da queda do Boeing da Lufthansa



Aeronáutica revela causas da queda do Boeing da Lufthansa

O Major Ronaldo Jequins, chefe do setor de investigação e prevenção de acidentes aeronáuticos, do Ministério da Aeronáutica, disse, ontem, que, apesar de ter "assumido a responsabilidade pelo acidente do Boeing 707 cargueiro da Lufthansa, no dia 26 de julho, vários fatores contribuíram para o desastre."

Acrescentou que está "definitivamente afastada a hipótese de desatenção de um controlador de plantão, não sendo verdadeira a notícia de que ele teria dirigido pilhérias a uma mulher não identificada". Segundo ele, "a falha foi do sistema e jamais poderíamos atribuí-la, pura e simplesmente, ao controlador."

Visibilidade

"Dentre os vários fatores que contribuíram para o acidente, destacam-se o pouco conhecimento da área, pelos pilotos do jato, que se limitaram a seguir as instruções do controle; um vento de 17 nós na cauda do aparelho, batendo em 220 graus, quando o normal são ventos de seis nós; o fato de ser noite, sem nenhuma visibilidade, e o excesso de velocidade do aparelho, nas circunstâncias" - acentuou o Major Jenquins.

Na sala de controle do Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro, oito controladores, um supervisor e um coordenador de tráfego aéreo trabalham com conjunto.

"Não posso assegurar que as condições ideais tenham sido integralmente cumpridas" - prosseguiu o Major Jenquins - "mas o mínimo necessário para a segurança do tráfego aéreo estava em operação. Isso, para não falar nos cinco elementos permanentemente a postos na torre."

O rumo

Depois de decolar na pista 27, no rumo 270, pouco antes de Duque de Caxias, por congestionamento do tráfego aéreo na região do aeroporto, o avião da Lufthansa teve seu rumo modificado para 40, ao invés do rumo previsto, 093. Isso ocorreu devido à chegada de um avião Electra procedente de São Paulo e de dois aviões em posição de pouso.

"O Boeing da Lufthansa recebeu instruções para seguir no rumo 40, na altitude de dois mil pés e com velocidade liberada. A velocidade pela qual a tripulação do aparelho optou foi de 300 nós. Quando o controlador de vôo, auxiliado por um controlador 2, fixado em um scope que confere uma panorâmica das rotas em curso, em trajeto delimitado, percebeu a iminência do choque, imediatamente avisou a tripulação. Nesse momento, houve uma demora na resposta oral, provocada por outras vozes na freqüência em que operam os aeroplanos" - acrescentou o Major Jenquins.

Disse, ainda, que, "apesar desse retardamento, o avião não se chocou frontalmente, pois estava em curva e subindo, tendo, portanto, recebido a mensagem do controle de vôo. Assim, seria injusto atribuir ao controlador de plantão - que possui mais de 25 anos de experiência e já recebeu diversos elogios na folha de serviço - a culpa pelo acidente".

De acordo com a nota oficial do Ministério da Aeronáutica, houve falha nas instruções dadas pelo setor de controle do terminal do Rio de Janeiro.





1) Boeing 707, prefixo D-ABUY, da Lufthansa - cargueiro; 2) Cargueiro decolando; 3) Rota Original - Rumo 093; 4) Electra à 3 mil metros de altitude, preparando-se para pousar; 5) Rota do Electra vindo de São Paulo; 6) Avião em posição perna de vento, preparando-se para entrar na curva de pouso; 7) Avião pronto para os ajustes finais para pouso; 8) Rota tomada pelo cargueiro da Lufthansa, a fim de evitar o congestionamento do tráfego aéreo, já que todos os aviões em trânsito atravessavam sua rota original, altitude 2 mil pés, rumo 40; 9) Interceptação nas comunicações, aviso final dos controladores de voô; 10) Colisão em posição de curva ascendente, com vento de 17 nós na cauda do cargueiro.

Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, sexta-feira, 31 de agosto de 1979

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