terça-feira, 29 de dezembro de 2015

11.09.1953 - Pormenores do trucidamento do assassino de Felix Araujo



Pormenores do trucidamento
do assassino de Felix Araujo

Esse flagrante foi colhido em Campina Grande no dia 13 de julho. Nêle aparece João Madeira prestando depoimento, depois de ter atacado a tiros o vereador Felix Araújo, que veio a falecer a 28 do mesmo mês, em consequência dos ferimentos recebidos.

Recolhido á Penitenciária de Campina Grande, teve na mesma noite, a cela arrombada pelos detentos - O corpo ficou em estado deploravel

CAMPINA GRANDE, 10 (Do correspondente) - Continua a repercutir o trucidamento de João Madeira, na noite de ante-ontem, no presídio desta cidade. Por ser o assassino do vereador Felix Araujo, João Alves de Brito, mais conhecido por João Madeira, se transformou numa figura muito comentada. Chegara em dias do mez passado para ser interrogado sobre o crime.

O juiz sumariamente designava o dia 9 de setembro, para inquirição das testemunhas, o que não foi realizado. Em virtude de não ter sido possível inquirir todas as testemunhas, o dr. Onesipo Novais determinou que o preso ficasse em Campina Grande, sendo recolhido á penitenciária local. Cerca das 21.30 horas de ante-ontem, correu a noticia de que João Madeira fôra morto por detentos no interior da propria penitenciaria.

Imediatamente procuramos apurar a ocorrencia. Já as autoridades policiais e judiciarias tomavam as primeiras providencias, inclusive a de instalar inquerito policial, afim de esclarecer a responsabilidade do trucidamento.

Na delegacia de policia, o detento Severino Branco, entre outras coisas, disse o seguinte: que provocara a indignação dos detentos a não irradiação do depoimento  das testemunhas, em virtude da ordem do quiz. Ao tomar conhecimento de decisão da Justiça, os detentos, chefiados por Luiz Queiroz, deliberaram que, se por ventura, João Madeira fosse recolhido á penitenciaria, eles o assassinariam.

Segundo ainda as declarações de Severino Branco, Luiz Queiroz disse que, sendo eles homens desgraçados, o assassinio de Madeira não alteraria a situação, no encontro de todos com a Justiça.

Desconhecendo essa trama, o juiz enviou João Madeira á Penitenciaria.

Cerca de 20 horas, ao retirar-se para o jantar, o carcereiro deixou os detentos em seus respectivos lugares e João Madeira numa cela separada.

Severino Branco narra, então, que sendo perito em arrombamento de cadeados, foi designado para aquele mister, na cela de Madeira. Afirmou que este, a principio, tentou reagir, mas não foi possivel, porque, de posse de pedaço de cano e de facas, (a presença destes objetos em poder dos detentos não está devidamente esclarecida) trucidaram o criminoso João Madeira, cujo corpo ficou em estado deploravel.

Somente quando regressou á penitenciaria, o carcereiro tomou conhecimento do fato.

A policia está prosseguindo no inquerito.

Diário de Pernambuco, sexta-feira, 11 de setembro de 1953

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