quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

10.02.1982 - O estranho objeto: Brasília fala com cuidado.

O Cindacta, o controlador do tráfego aéreo, não nega a versão do piloto e dos passageiros da Vasp. Mas diz que nada registrou.



O estranho objeto: Brasília fala com cuidado.

Os técnicos do Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle do Tráfego Aéreo — Cindacta — admitiram, com base nas declarações das testemunhas, que a luz vista pelos que se encontravam a bordo do Boeing 737 da Vasp, na terça-feira, fazendo o vôo Fortaleza-Rio, poderia estar sendo emitida por um "objeto não identificado", mas a grande distância, sem ser captado pelos radares.

O Ministério da Aeronáutica adotou ontem uma postura de cautela, sem contudo negar informações, a respeito do que poderia ser essa luz. Os técnicos do Ministério, ligados ao Cindacta, dentro da cautela recomendada pelo gabinete do ministro da Aeronáutica, procuraram — ao dar todas as informações a respeito das comunicações que o controlador de vôo manteve com o comandante Gerson — não desmentir a tripulação e os passageiros.

Um oficial, ligado ao Cindacta, disse que "diante das testemunhas que estavam a bordo do avião e que também viram a mesma luz", acredita que "isso tenha realmente ocorrido". Todavia, ele não podia confirmar, por falta de uma prova concreta, que essa luz era projetada por um objeto — que os técnicos chamam de "alvo" — não identificado, que seria perfeitamente visível no escopo do radar do controlador de vôo da área em que o aparelho estava sobrevoando, no instante em que se comunicou com Brasília.

Partindo do fato de os ocupantes do vôo 169 da Vasp, e da tripulação do vôo 177, da Transbrasil, terem visto a luz, o oficial do Cindacta levantou a hipótese de que ela estivesse sendo irradiada "por um objeto muito poderoso, mas que, para nós aqui no controle do vôo, se encontrava muito distante do alcance das ondas dos nossos radares".

A outra hipótese, na qual esse mesmo oficial preferiu não acreditar, diante do fato de que o comandante é um homem experiente em vôos noturnos, é a de que ele estivesse vendo uma estrela cuja luz se tenha tornado mais intensa naquele local por um fenomeno atmosférico.

Na fita apresentada ontem, num certo momento em que o controle de vôo solicitava às tripulações de dois outros aviões, que estavam próximos ao da Vasp, para que também identificassem a luz, o comandante de um deles, o da Aerolineas Argentinas, indagou: "Não será Vênus?". Ele não recebeu resposta do comandante Gerson.

Ainda com base apenas na análise das comunicações do comandante Gerson com o controle de vôo, os técnicos notaram que a luz que ele dizia estar vendo não se moveu do ponto em que era vista de dentro do avião, quando o aparelho mudou de rumo. Pelas comunicações, o comandante informava que ela se encontrava, num determinado momento, à esquerda, num ângulo relativo à linha de proa. Depois o comandante recebeu recomendação do controle para mudar o rumo da proa, e o ângulo de visão da luz, vista pelo comandante, também se modificou. Ele ficou visível, de acordo com o comandante Gerson, num mesmo ângulo relativo à mudança de proa, fazendo crer que a luz estava parada.

Com relação ao "ponto", que o controlador de vôo informou ao comandante Gerson também estar vendo na sua tela de radar, os técnicos do Cindacta voltaram a dizer que "isso não significa que ele tenha visto um objeto estranho, com massa que pudesse ser identificada como estranha naquela rota. Ou que confirmasse ser isso que estivesse emitindo a luz vista pelos ocupantes do vôo 169".

O major José Orlando Belon, do Cindacta, levou os jornalistas ontem até a tela do radar que estava, às 3 da manhã de terça-feira, controlando o vôo 169. Ali, ele mostrou o "ponto" que o controlador informou que estava vendo, dizendo que ele é uma "anomalia eletrônica", ou seja: um defeito técnico que aquele tubo de imagem apresentava. Ao mostrar o ponto, o major Belon fez ver que nas outras telas, ao lado (na sala de controle de tráfego existem 18 telas, controlando outras áreas do Cindacta), não aparecia o ponto.

Explicou o major que essa não é a primeira vez que a tripulação de um avião informa ao controle de vôo que está sendo seguida por uma luz ou objeto, cuja imagens não era detectada pelos radares. Contou ele que, há dois anos, receberam um comunicado de outro comandante da Vasp, que fazia a rota Goiânia-Brasília, informando que estava vendo uma luz estranha no céu. Em Anápolis, por onde o avião passou nessa rota, o Cindacta recebeu, depois, a notícia de que, em terra, várias pessoas também viram essa mesma luz no céu. Porém, nos radares, não apareceu nenhum sinal.

No Ministério da Aeronáutica, em Brasília, caso o relatório do comandante Gerson seja enviado, ele será arquivado. Não existe, no Ministério, nenhum órgão ou seção com oficiais ou técnicos para analisar esse tipo de informação. Foi, todavia, admitida a hipótese de um fato como o de terça-feira ser estudado, no Brasil ou nos Estados Unidos, caso, além dos depoimentos da tripulação e dos passageiros, as telas de um radar tivesse registrado, de forma clara e concreta, e presença de um objeto estranho no espaço aéreo.

A reação do general

Comentário do general Alacyr Frederico Werner, chefe do Estado-Maior das Forças Armadas e presidente da Comissão Brasileira de Atividades Aeroespaciais: "Yo no creo en las blujas, pero que las hay, hay". 
Foi a sua resposta quando lhe pediram uma opinião a respeito do objeto visto através do Boeing da Vasp. E nada mais disse.

Outros pilotos falam "daquela luz"

"Era uma coisa linda como nunca vi antes. Uma luz forte, potente, de forma arredondada, algo como... um aparelho de tevê a cores" O piloto Mário Pravato, primeiro-oficial do vôo 177 da Transbrasil (Manaus-Rio, com escala em Brasília) que vinha cerca de 15 minutos atrás do avião da Vasp, procura palavras para descrever o seu deslumbramento face a visão do objeto não identificado na madrugada de anteontem, quando sobrevoava Belo Horizonte.

Pravato e o comandante Milton Missaglia, que pilotavam o Boeing 727-100 da Transbrasil, confirmaram ontem, no Aeroporto de Congonhas, toda a história contada pelo piloto da Vasp, Gerson Maciel de Brito, sobre o OVNI que acompanhou a sua aeronave de Petrolina, em Pernambuco até o Rio.

— A impressão que tivemos de nossa cabina é de que aquele objeto estava realmente seguindo o avião da Vasp — disse Pravato; 36 anos de idade e sete mil horas de vôo. Missaglia, com 30 anos, dez dos quais na Transbrasil, afirmou que ao ver o objeto luminoso pensou tratar-se do planeta Vênus, que os pilotos sempre observam nos vôos norutnos. "Mas a partir da informação do Centro de Radares de Brasília de que estava sendo detectado um ponto localizado a oito milhas do Boeing da Vasp, mudei de opinião."

Bem antes, Pravato, que estava no comando da aeronave, acompanhava pelo rádio, com bastante interesse, os diálogos entre o comandante Brito e o Cindacta. "Comecei a observar e luminosidade do objeto mais ou menos às 3h40 da madrugada. Lembro perfeitamente quando o Centro de Radares chamou o comandante da Vasp e pediu a posição do objeto em relação ao seu avião. Logo em seguida nos fez o mesmo pedido. E ainda ao jato da Aerolineas Argentinas, que vinha cerca de 30 minutos atrás. Após checar essas informações, avisou que havia detectado, na tela de seus radares, um ponto a oito milhas do Boeing da Vasp."

Pravato diz ter ouvido essa informação do Cindacta com "clareza cinco'', o que, em aviação, significa som nítido e perfeito.

Não sentiu medo. "Essa visão do lado esquerdo da minha aeronave foi a coisa mais bonita que já vi na minha vida. Eram luzes fortes, de cores intensas. Apesar da distância — estavam a 120 quilômetros — pude perceber que o objeto era vermelho e tinha um facho de luz amarela interiormente."

Missaglia e Pravato, que avistaram o objeto durante cerca de 40 minutos, também tentaram estabelecer contato com o objeto fazendo sinais com os faróis do avião, porém "não fomos correspondidos".

A Mulher Maravilha agiu novamente

Márcia Mara foi assaltada, mas perseguiu e prendeu os ladrões. Ela já está "acostumada": há pouco tempo ajudou a prender uma quadrilha.

Márcia atropelou os ladrões com o seu carro

A relações públicas Márcia Mara de Oliveira, 24 anos, passeava tranqüilamente com sua cachorrinha Bany pela calçada da rua Joaquim Nabuco, no bairro do Brooklin, às 14h30 de segunda-feira, quando chegaram dois rapazes montados em uma motocicleta. Um deles desceu e se aproximou. Tinha um revólver na mão e o apontou para o peito de Márcia, disse que era um assalto e lhe tomou as correntes e pulseiras de ouro. Mas os dois não sabiam que a moça iria se transformar na incrível Mulher Maravilha.

Depois de ser roubada, ainda um pouco aflita, Márcia Mara — ou a Mulher Maravilha, como suas amigas a chamam agora — pensou em seguir imediatamente os dois motoqueiros, mas desistiu por causa de Bany, a cachorrinha. Retornou à sua casa, um sobrado da rua Palmares, travessa da Joaquim Nabuco, deixou Bany e avisou a amiga, com quem reside ali há algum tempo, Neusa Stuart:

— Fui roubada, disse nervosamente. Olha o meu ouro, levaram tudo.

Ela então subiu em seu automóvel, um Passat preto, e iniciou a perseguição, com esperança de alcançar os dois ladrões. Desceu a Joaquim Nabuco em velocidade, passou umas oito quadras, perdeu de vista os ladrões e acabou saindo na avenida Ibirapuera. Pelo retrovisor do carro no entanto, ela percebeu uma motocicleta aproximando-se. Eram eles.

— Eu não tinha bem certeza se eram os dois — contaria depois Márcia Mara, já na delegacia do bairro do Campo Belo — por isso abaixei-me no volante para ver de pertinho eles passarem. Tive certeza de que eram, e fui atrás. Os dois jovens motoqueiros pararam adiante, no farol do cruzamento da movimentava avenida Vereador José Diniz com rua Demóstenes. Márcia vinha atrás, pisou no acelerador e jogou o Passal contra a motocicleta, uma Honda CG-125. Os dois rapazes foram cair muitos metros além, quase no meio do perigoso cruzamento. Estavam um pouco machucados, mas mesmo assim conseguiram correr. Enquanto isso, Márcia perdia um pouco de tempo, tentando tirar seu carro de cima da motocicleta dos ladrões. Deu uma ré e conseguiu. livrar-se. A perseguição recomeçou e algumas pessoas ajudaram Márcia Mara, gritando e apontando: "Ali, ali, eles entraram naquela rua".

Os ladrões só foram apanhados dentro de um ônibus por policiais militares do patrulhamento Tático Móvel, já alertados. E Márcia Mara nem quis esperar a chegada na delegacia. Foi exigindo logo de volta o "meu ouro" e revistando os bolsos dos ladrões.

Na 27ª delegacia os dois infelizes ladrões foram autuados em flagrante pelo delegado Sérgio Correali. São eles: Marcos César Campos, 20 anos, feirante que trabalha numa banca de legumes, e Carlos de Oliveira Barcelos, 20 anos, apontador desempregado.

Na sexta-feira passada, à tarde, Marcos roubou aquela motocicleta perto de um cinema da rua Barão de Campinas, no bairro dos Campos Elíseos. A moto é de Ademar Mituharo Yamamoto. Marcos César conseguiu roubá-la fazendo uma ligação direta. "Primeiro cortei os fios, depois fiz uma amarração, baixei o pedal e fiz ela pegar. Ela pegou e eu saí passeando. Não, eu nunca roubei moto antes. Eu sei ligar direto porque já tive uma e me ensinaram assim", conta Marcos César.

Com esta motocicleta, placa BR-113, Marcos diz que passou um fim de semana "à vontade", chegando a ir ao show "Canta Brasil", no Morumbi, domingo passado. Na segunda-feira, passou em Osasco, na casa de seu amigo Carlos Barcelos, e o convidou para um passeio. Os dois saíram e num dado momento Marcos mostrou a Carlos um revólver Rossi calibre 22. "Eu achei essa arma numa área de lazer no Jaguaré, perto de um mato. Um dia eu passava por ali e vi um cara meio estranho, parado. Quando ele se foi, eu vi que tinha deixado o revólver. 
Eu o peguei, mas não tinha segundas intenções com o revólver."

Os dois decidiram estender o passeio pelo Brooklin, já no princípio daquela tarde da segunda-feira. Às 14h30 avistaram a vítima, Marcia Mara de Oliveira, que passeara com Bany, "porque sempre que ela faz xixi precisa sair um pouco, passear pela Joaquim Nabuco".

Mas a caminhada de Márcia não durou dois minutos. É ela quem conta: — Eu ouvi um barulho de moto e olhei pra trás. Vi um cara na moto e outro a pé, vindo na
minha direção. Ele olhou bem nos meus olhos, mas tudo bem, pensei que era paquera, era um tipo assim boyzinho. Mas aí o cara veio bem perto e disse que era um assalto. Ele falou bem baixinho e mostrou um revólver, pequeno, meio claro, tão pequeno que parecia de brinquedo. Pensei em correr, mas e se o revolver fosse de verdade? O cara com o revólver disse: "Vai tirando tudo, vai dando tudo aí". Eu comecei a chorar, estava tremendo toda, pedi que não fizessem aquilo comigo, que era uma moça pobre, que não tinha muita coisa. Aí um deles falou: "Pobres somos nós, estamos sem dinheiro nem pra fazer a matrícula da escola". O outro virou e disse que eu podia arrumar dinheiro fácil e eu fui ficando nervosa, perguntei se estavam me achando com cara de vagabunda.

Márcia prossegue:

— O cara que estava com o revólver começou a me puxar as correntes do pescoço. Puxou com força, eu me machuquei. Depois me puxou as pulseiras que são grossas, senti a dor. Até o outro que estava na moto pediu ao amigo que não fizesse assim, que não me maltratasse, que deixasse eu mesma tirar o ouro. Mandaram eu entregar os anéis e dei tudo. Perguntaram pela cachorrinha, a raça dela, gostaram da correia, acharam o maior barato e pensaram em roubar também. Um deles ficou segurando a Bany. Depois subiram na moto e deram no pé, mas um deles falou: "Você não se mexe dai se não eu te mando bala".

Quando a moto com os dois ladrões se afastou, Márcia Mara correu e entrou em casa, contando rapidamente o que aconteceu à sua amiga Neuza Stuart. Subiu no Passat preto.

— Dei logo um cavalo de pau e entrei na Joaquim Esbato, comecei a entrar em um monte de rua, um trânsito louco, parei num farol e fiquei maluca, pensei que não iria mais achar os dois. A essa altura eu estava de olho em tudo quanto é moto. Foi aí que vi pelo retrovisor, já numa esquina da avenida Ibirapuera, uma motinha e deixei passar para ter certeza que eram eles. Passaram, eu joguei uma terceira, acelerei e fui em cima. Aí voaram longe, o meu carro ficou em cima de moto e eles correram.

Apareceu, então, uma viatura do Tático Móvel, para ajudá-la: — Eu subi com tudo no Tático, fiquei no meio, entre dois soldados, descrevi os dois ladrões, um moreno, outro loirinho, dois boyzinhos. Um pessoal deu o toque, avisou que os dois tinham entrado em uma ruínha. Vinha um ônibus, os policiais acharam que os dois podiam estar ali dentro, acertaram em cheio.

Depois da perseguição e de recuperar suas jóias na delegacia, Márcia Mara virou-se para os dois rapazes, com os cotovelos e pernas esfolados, e disse, dedo em riste: "Eu não avisei vocês para não me assaltarem? Estão vendo agora?" Ontem cedo, em casa, Márcia recebeu diversos telefonemas das amigas, que brincavam: "Mulher Maravilha, venha até aqui, preciso de você para resolver um caso bastante perigoso".

Mas muitas queriam saber como é que ela teve tanta coragem: — Acho que já estou acostumada — contava Márcia Mara de Oliveira. Já corri atrás de assaltante outra vez. Não faz muito tempo eu estava chegando no banco onde tenho conta, o Mercantil do Brasil da avenida Ibirapuera, e vi três sujeitos saindo. Eles tinham acabado de assaltar a agência. Eu não desci do meu Passat, fiquei quietinha, e fui seguindo eles até uma rua contra-mão. Ali eles entraram em uma perua Kombi, eu disfarcei, na maior tranqüilidade, o meu carro é um TS, corre bem mesmo, fui seguindo os três até um cemitério. Eles entraram em uma favela perto dali e eu voltei ao banco, que estava cheio de policiais. Eu dei a chapa daquela perua Kombi e o local da favela pros policiais.

Márcia Mara de Oliveira, agora multo comentada na polícia por suas façanhas, só faz um pedido: que não se coloque o seu endereço na reportagem, "porque ladrões vão querer aparecer por aqui e vai ter encrenca de novo".
Fausto Macedo


Paris: um homem misterioso, atacando mulheres.

Ele acompanha suas vítimas e, rapidamente, espeta uma agulha em seus seios. E a polícia sabe muito pouco.

Não se trata de "Jack, o Estripador" ou do famoso brasileiro dos anos 60, "o bandido da luz vermelha", mas ele aterroriza da mesma forma as mulheres francesas. Agindo desde 1976, sem que a polícia tenha conseguido identificá-lo, o "picador de seios" — como é conhecido — continua livre, provocando medo nos bairros "chics" de Paris. Nestes últimos cinco anos ele já atacou quase uma centena de mulheres, ferindo-as leve ou gravemente com uma agulha de injeção. Ele visa a uma única parte do corpo feminino: os seios. Várias mulheres atacadas não chegaram a dar queixa na polícia.

Na maioria dos casos ele acompanha sua vítima — não importa a idade, de 15 a 70 anos — até a entrada do elevador dos prédios, sem provocar qualquer suspeita. No momento de fechar a porta, ele se volta em direção à vítima espetando uma agulha nos seios e fazendo ligeiros comentários do tipo: "Agora, você vai desinchar". Em seguida, abandona rapidamente o local da agressão, sem que sua surpreendida vítima possa esboçar qualquer reação. No início, o "picador de seios" só atacava no verão, quando as mulheres usam roupas mais leves, algumas vezes com parte dos seios à mostra. Ultimamente, entretanto, vem agindo também em outras épocas do ano, tendo agredido três mulheres no mês de janeiro. Os policiais que investigam essas agressões até já criaram um grupo especial, conhecido como "brigada do picador de seios".

Um amplo relatório sobre esse criminoso já foi elaborado pela polícia, que possui todas as informações, mas a investigação é difícil porque ele age por impulsos. Muitas vezes desaparece de circulação e posteriormente volta à atividade. O ato de agressão é também breve e rápido, deixando poucos indícios. Ele age durante um período de três a seis meses e depois desaparece, levando os policiais a admitirem a hipótese de que durante certos períodos do ano esteja internado em hospitais psiquiátricos.

No mês de agosto, por exemplo, desaparece de circulação. Nestes cinco anos, nenhuma das 73 agressões denunciadas foi praticada nesse mês. A polícia acredita que ele seja uma pessoa razoavelmente abonada, que pode sair de férias durante o verão. Ele também não ataca durante os fins de semana.

Em certas oportunidades, "o picador de seios" chega a colocar formol na seringa, injetando-o nos seios de suas vítimas. No ano passado quase chegou a ser preso, depois de ter agredido uma mulher nos Champs Elysées, mas conseguiu fugir, passando entre os veículos num momento de grande circulação. Nessa ocasião, chegou mesmo a paralisar o tráfego para permitir a passagem de uma ambulância.

Não é a primeira vez na história policial européia que um maníaco age dessa forma. No início do século, foram famosos os casos dos "picadores de nádegas" na Capital francesa e em Hamburgo na Alemanha. O sexólogo Jacques Wymberg o define como um sádico, mas lembra que a perversão é de tal forma especializada que existe o perigo de uma descompensação, ou de um problema afetivo, que poderá levá-lo a praticar agressões mais violentas.

Os policiais parisienses circulam com seu retrato falado no bolso, pois a qualquer momento ele deverá cometer um erro que lhe será fatal. Por enquanto, contudo, o "picador de seios" continua intranqüilizando as mulheres da Capital francesa.
(Reali Jr., nosso correspondente em Paris.

O Estado de São Paulo, quarta-feira, 10 de fevereiro de 1982

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