quarta-feira, 25 de maio de 2016

03.04.1993 ─ Tragédia na estrada


Tragédia na estrada

O autor de Porto Solidão morre numa capotagem a 190 por hora

Seu último LP se chamava Raízes, lançado há três meses com selo independente. Mas estar plantado no chão era a coisa de que Jessé Florentino Santos, o Jessé (de Porto Solidão) menos gostava. Ele estava a 190 quilômetros por hora, na Rodovia Raposo Tavares, perto de Ourinhos, São Paulo, quando seu carro capotou. Morreu no hospital, com traumatismo craniano e fraturas diversas, enquanto Rosane Cruzzer, sua quarta mulher, atirada fora do carro, sofria múltiplas fraturas e perdia um bebê no sexto mês de gravidez. A família do cantor doou todos os seus órgãos para transplante.

Jessé tinha voz bonita e refinada. Porto Solidão projetou-o nacionalmente e vendeu 300 mil cópias. Solidão de Amigos vendeu um pouco menos, mas, com Estrela de Papel, de longe o seu maior sucesso, ele ganhou o Festival Ibero-Americano, arrebatando ainda os prêmios de melhor cantor e melhor compositor. Nascido em Niterói há 40 anos, Jessé fazia a delícia dos que acreditam que cantar bem e ter um repertório refinado é o que conta ─ e não apenas seguir tendências da moda.

GILBERTO UNGARETTI

O Jessé de voz refinada adorava a velocidade. E foi ela que o matou.

Revista Manchete, sábado, 3 de abril de 1993

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