sexta-feira, 20 de maio de 2016

20.12.1991 - Putz, um carro que veio das alturas

ESTADO DE MINAS
Cenas de BH
Juliana Gouthier


Putz, um carro que veio das alturas

Fotos de Sidney Lopes

No elevador ele não caberia. Pela escada também não daria certo. O jeito foi usar um guindaste para o pequeno carro finalmente conhecer o seu habitat: a rua. Até ontem o Putz — um veículo urbano projetado e construído pelo engenheiro mecânico Humberto Casadei — só havia circulado em uma pequena varanda, onde foi montado, no sexto andar de um prédio na rua Doutor Sete Câmara; no bairro Luxemburgo, zona Sul da cidade.

Depois de 54 finais de semana — tempo gasto para a sua execução —, o Putz circulou pelas ruas do bairro sob calorosa salva de palmas. Não faltou torcida nem mesmo um banho de champagne no seu proprietário. Os vizinhos e alguns curiosos acompanharam durante mais de duas horas a manobra do guindaste para descer o carro, com seus 210 quilos distribuídos por 1,42 metro de altura, 1,10m de largura e 1,92m de comprimento. Muita gente registrou a descida, fotografando ou filmando. Afinal, não é todo o dia que se vê um carro descendo de um apartamento.

Humberto Casadei — engenheiro mecânico que fabricou o carro — "A idéia surgiu em 1971, mas a montagem começou em agosto do ano passado. Além do desafio de fazê-lo, vencemos também o de transportá-lo para a rua. É um carro urbano, ideal para a cidade. É movido à gasolina e faz, no mínimo, 20 quilômetros por litro. A velocidade máxima é de 80 km/hora. Todos seus componentes são nacionais. O nome não poderia ser outro, já que todo mundo quando o conhecia ex-clamava: Putz! Um carro na varanda de um apartamento!".

Joaquim Rodrigues Barbosa — trabalha numa construção ao lado do prédio onde estava o carro — "Eu não estava entendendo por que este guindaste veio parar aqui nesta rua e o motivo de tanta gente olhando para o alto. Quando vi que era um carro, levei o maior susto. Nunca imaginei que alguém pudesse fabricar um carro assim, muito menos em um apartamento. O cara que fez deve ser muito inteligente. Foi bom demais ver a descida do carro. Ele é bonito e parece que anda bem. Gostei muito do carrinho, mas a descida pelo guindaste foi demais!".

Estado de Minas, sexta-feira, 20 de dezembro de 1991

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