sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

01.04.1965 - Teria Sido Assassinado o Homem Dado Como Suicida há 8 Anos em Pouso Alegre


Teria Sido Assassinado o Homem Dado Como Suicida há 8 Anos em Pouso Alegre

BELO HORIZONTE, 13 (O GLOBO) — Depois de laboriosas diligências, o delegado Asdrúbal Giovanini, da Corregedoria de Polícia, apontou Maria Delfim Campos e seus filhos Argentino e Nelcides, proprietários da Pensão Glória, de Pouso Alegre, como responsáveis pela morte de Enelides Bernardes dos Santos, que há oito anos fôra registrada como suicídio na delegacia daquela cidade. 
Investigações
O delegado teve a primeira suspeita ao examinar o relatório dos legistas que fizeram a autópsia do cadáver de Enelides, que fôra encontrado boiando, em novembro de 1957, nas águas do rio Sapucaí. Os médicos verificaram que os pulmões da vítima estavam secos e contraídos, o que afastou a hipótese de afogamento. Nas vísceras foi encontrada pequena quantidade de arsênico, mas o delegado não concordou com a possibilidade de suicídio, porque o morto era homem de profundas convicções religiosas. Uma fratura do crânio, finalmente, indicava que Enelides só poderia ter sido assassinado. De fato não lhe seria possível tomar arsênico, fraturar a base do crânio e atirar-se em seguida às águas do Sapucaí.
Assassinado
Prosseguindo nas investigações, o delegado Asdrúbal Giovanini descobriu que Enelides morava na Pensão Glória e estava desempregado, razão por que a proprietária e seus filhos viviam ameaçando-o do despejo. Para ver-se livre das ameaças, Enelides disse que tinha um pequeno depósito na Caixa Econômica de Pouso Alegre e saiu um dia para retirá-lo, em companhia de Nelcides. Lá se descobriu que êle nunca fôra depositante do estabelecimento e os dois saíram juntos. Uma semana depois o cadáver de Enelides apareceu boiando nas águas do Sapucaí, perto da cidade e o caso foi dado como suicídio.

Com as conclusões a que chegou o delegado de Belo Horizonte, o inquérito será reaberto. 

O GLOBO, segunda-feira, 1 de abril de 1965

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