quinta-feira, 9 de junho de 2016

16.12.1948 ─ NO PORTO O "GENERAL BLACK", repleto de deslocados da guerra



NO PORTO O "GENERAL BLACK",
repleto de deslocados da guerra

827 imigrantes entre lavradores, e técnicos ─ Nacionais de satelites da Russia, nada querem com Moscou

Transportando nova leva de imigrantes para o Brasil, chegou hoje a esta capital o navio-transporte norte-americano "General Black", que está fundeado nas imediações da Ilha das Flores.

AGRICULTORES E TECNICOS

Trouxe aquele barco 824 deslocados de guerra, provenientes dos campos da Organização Internacional de Refugiados e foram recolhidos na Austria e na Alemanha. Dentre esses imigrantes, 370 são homens, 257 mulheres e 197 crianças. Por nacionalidade, estão assim divididos: ucranianos: 175: poloneses, 166; iugoslavos: 116 e hungaros: 75.

Apenas 153 desses deslocados são agricultores. Os demais são pedreiros, mecanicos, carpinteiros, marcineiros e engenheiros de minas, eletricistas e químicos. Um dos imigrantes é especialista em açucar.

GOSAM PERFEITA SAUDE

A nossa reportagem, a bordo do "General Black", constatou que, dentre as levas de imigrantes que já vieram para o nosso país, a presente é a unica constituida de elementos sadios, fortes e dispostos ao trabalho.

Acompanhou os deslocados o medico Antonio Gavião Gonzaga, do Departamento Nacional de Saude, que permaneceu 26 meses na Europa, comissionado pela O. I. R., para proceder aos exames medicos de seleção dos imigrantes. Ouvido pelo jornalista, declarou que existem atualmente no Velho Mundo, num dos campos da O. I. R., cerca de 3 mil deslocados, prontos para embarcar para o Brasil. E acrescentou que nada menos de 800 mil refugiados estão espalhados pelos acampamentos da Europa, desejando emigrar. Predominam nesses campos ─ adiantou o citado medico ─ deslocados provenientes da Russia e paises satelites, que não querem mais regressar ás suas terras. Esclareceu, depois, que o nosso país lucrará, tanto biologicamente, como economicamente, com esses imigrantes, pois eles se adaptam rapidamente ao nosso clima, encontrando apenas duas dificuldades: o idioma e o sistema de trabalho.

Diário da Noite, Rio de Janeiro, quinta-feira, 16 de dezembro de 1948

Um comentário:

  1. Minha avó veio nesse navio com 18 anos de não me engano, está viva e morando comigo no interior do Paraná.

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