segunda-feira, 21 de março de 2016

28.08.2004 - Área de mil campos de futebol é desmatada no Pará

A22 - O ESTADO DE S. PAULO                                     GERAL                                           SÁBADO, 28 DE AGOSTO
AMBIENTE

Área de mil campos de futebol é desmatada no Pará

Ibama apreendeu 34 motosserras e prendeu 54 trabalhadores, mas busca responsáveis pelos cortes


CARLOS MENDES
Especial para o Estado

BELÉM ─ Uma área de floresta de mil hectares, do tamanho de mil campos de futebol, foi devastada por madeireiros de Anapu, no sudoeste do Pará. Os fiscais do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), durante operação que contou com o apoio do Grupo Tático da Polícia Militar de Altamira, apreendeu 34 motosserras, encontrando no local 54 trabalhadores, entre eles duas mulheres.

Além do crime ambiental, a polícia poderá indiciar o responsável pelo desmatamento pela prática de trabalho escravo. Os policiais constataram que os trabalhadores estavam em condições precárias de sobrevivência, dormiam em barracos de lona, bebiam água de um igarapé e, para se alimentar, precisavam caçar animais silvestres.

O chefe do escritório do Ibama em Altamira, Elielson Soares, disse que a derrubada ilegal da mata ocorreu a 70 km de Anapu, dentro de um projeto de desenvolvimento sustentável ainda em fase de implantação pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e que vai beneficiar cerca de 600 famílias de agricultores.

Mas a área foi invadida e ocupada por madeireiros que hoje brigam na Justiça Federal para continuar explorando espécies nobres, como ipê, jatobá, acapu e mogno. Enquanto a questão não for resolvida, o projeto está suspenso por determinação do juiz da Vara Federal de Marabá, Francisco de Assis Garcêz Júnior.

Demora ─ Aos policiais e agentes do governo, os trabalhadores encontrados no local do desmatamento disseram terem sido contratados por um homem de prenome Bira, residente em Altamira, para derrubar a floresta e transformar a área em pasto para o gado. Para dificulta o acesso da fiscalização, troncos de madeira foram atravessados numa estrada vicinal.

A missionária Dorothy Stang, líder do projeto de desenvolvimento sustentável de Anapu, criticou a demora do Incra e da Justiça em resolver o problema dos agricultores da região. "O povo quer trabalhar, mas os madeireiros não deixam e vivem fazendo ameaças, inclusive com pistoleiros. Eles querem a terra somente para derrubar a floresta e ganhar muito dinheiro.

Miguel Oliveira/O Estado do Tapajós
Responsável também pode ser indiciado por trabalho escravo

O Estado de São Paulo, sábado, 28 de agosto de 2004

Nenhum comentário:

Postar um comentário