sexta-feira, 4 de março de 2016

23.12.1977 - "Reencontro": um show especial


"Reencontro": um show especial

Como ocorre normalmente, a Fundação Cultural fecha a temporada com um show que reúne os músicos que maior participação tiveram esse ano. Moacyr Barros, Jorginho Sead, Mário Ruy, Afonso Abreu, Grijó e Gilberto Garcia apresentaram um bom espetáculo que fecha uma sofrível temporada em termos musicais. Neste show (chamado de reencontro porque esses músicos estiveram juntos em conjuntos aqui mesmo em Vitória, para depois se separarem realizando trajetórias independentes), eles exibiram músicas dos estilos que mais marcaram suas performances, principalmente jazz e bossa nova.

"Ternura Ausente" foi a única novidade: música de Carmélia de Souza em parceria com Carlos Lindberg Filho, recebeu um bom tratamento com uma nova cantora que começa aparecer agora, Flávia Moraes. Mas o show agradou exatamente pela boa apresentação de todos os músicos relacionados acima, o que torna mais difícil compreender o porque da pequena movimentação que houve em termos de música, aqui em Vitória. Destaca-se, principalmente, o desempenho de Moacyr Barros no saxofone e de Marcos Antônio Grijó na bateria, sem dúvida nenhuma, o melhor baterista atualmente em Vitória. Na execução de "Summertime", famosa canção americana, de George Gershwin, contou-se com a cantora lírica Natércia de Oliveira; o resultado foi muito bom, já que essa canção se adapta muito bem à forma lírica do canto.

A segunda parte do reencontro foi preenchida com o Coro e Orquestra da Fundação Cultural, que exatamente o grupo musical de maior atividade este ano aqui em Vitória. Limitaram-se a apresentação de músicas eruditas ligadas às festas de Natal. Particularmente a Orquestra, sob a direção do maestro Vitor Diniz, tem apresentado de forma às vezes até surpreendente, em se considerando a precariedade com que se debate a música erudita em Vitória.

"Reencontro" veio mostrar que há condição de, em Vitória, se realizar frequentes encontros musicais, mesmo que de música erudita, com músicos daqui mesmo. O marasmo em que parece ter caído os músicos aqui se deve mais, pelo que pudemos ver, à preguiça tropical que invadiu de cheio Vitória. E podemos esperar, inclusive, criações de músicos daqui mesmo intercalado com interpretações de músicas já conhecidas, como já foi feito em diversas ocasiões anteriores. É só esperar pelo entusiasmo dos nossos músicos. (Julio Fabris).

A Tribuna, Vitória, sexta-feira, 23 de dezembro de 1977

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