sexta-feira, 25 de março de 2016

15.05.1979 - EXCLUSIVO: O NOVO VOLKS.

O ESTADO DE S. PAULO ─ Terça-feira, 15-5-79                                                                     JORNAL DA TARDE ─ 3
CARROS

EXCLUSIVO: O NOVO VOLKS.

Alguns já admitem: é o carro que poderá "matar" o velho fusca, a médio prazo. Aproximadamente do tamanho da Brasília, como motor refrigerado a ar, tração dianteira, queimando álcool ou gasolina, e lembrando bastante um Passat: é assim o carro que a Volkswagen está preparando para lançar em 1980, cujos protótipos já estão em experiência não só na pista de testes da Fábrica 2, na Zona Leste, como em diversos pontos do País. Seu nome: Angra.

Durante um vôo de helicóptero o fotógrafo Oswaldo Luís Palermo conseguiu fotografar o carro rodando na pista de testes da Fábrica 2, na rua Vemag. Não foi possível, no entanto, fazer mais do que três fotos: avisado pelas sentinelas, o piloto do novo Volks levou o carro rapidamente para uma das garagens improvisadas na pista justamente para esses casos.

Já existem mais de dez protótipos do Angra em experiência, mas eles saem da fábrica dentro de caminhões fechados, e mesmo depois que desembarcam é praticamente impossível descobrir suas características: a maior parte do carro fica coberta com capas de lona. É assim que eles vêm sendo testados, por exemplo, em trechos de estrada no litoral Sul.

O Angra será um carro destinado a competir com o Chevette e o Fiat, e está sendo inteiramente desenvolvido no Brasil. Até agora, ainda se levanta a possibilidade de que a Volksvagen venha a produzir sem modelo "Pólo" para entrar nessa faixa de mercado, mas as fotos do Angra provam o contrário. Não é verdade, também, que após o lançamento desse carro a fábrica simplesmente suspenda a produção dos modelos do "besouro": de fato o Angra poderá substituí-los, mas a Volkswagen vai esperar que isso aconteça com naturalidade.

Há muitas semelhanças externas entre esse carro e o Passat, especialmente na frente e no interior, e o modelo definitivo vai ficar ainda mais parecido: o protótipo atual ainda está semelhante aos modelos anteriores do Passat, com lanternas embutidas nos pára-choques e faróis redondos; o definitivo deverá ter faróis quadrados e lanternas nas extremidades dos pára-lamas dianteiros.

A grade tem frisos largos, como os do Corcel II, e as ponteiras dos pára-choques são de plástico preto, em forma de barbatanas, como as do Passat deste ano; também o painel de instrumentos e o volante são praticamente iguais aos desse carro.

Do final das portas para trás, no entanto, desaparecem quase todas as semelhanças: há uma janela bastante grande, a ponto de evitar que a coluna traseira fique larga demais, dando ao motorista grande visibilidade; logo atrás da caixa da roda traseira direita, fica a tampa do tanque de combustível; e as saídas de ar do interior do automóvel ficarão, ainda como no Passat, embutidas nas portas.

Embora pequeno, o carro terá grande espaço para bagagens atrás, e o acesso ao bagageiro será feito através de uma terceira porta, dois terços da qual envidraçados. O espaço ficou maior ainda por causa da colocação do estepe no compartimento do motor, na frente, como no Fiat.

A traseira do Angra termina truncada em vertical, também como no Fiat 147, e ali estão duas grandes lanternas divididas em três partes, onde ficam as luzes de freio e pisca-pisca, a lanterna propriamente dita e os faróis de ré.

Embora pareça um contra-senso, a fábrica decidiu adotar para esse carro o motor de 1.300 cc refrigerado a ar. Já não é, contudo, o mesmo 1.300 usado até agora nos sedans: segundo se sabe, o motor foi muito aperfeiçoado, e só sua transferência para a frente, para receber refrigeração direta, já melhorou o desempenho.

Os engenheiros de desenvolvimento de produtos da fábrica, contudo, fizeram outras modificações, entre elas a remoção da ventoinha, que, além de ocupar bastante espaço, tirava cerca de 4 HP da potência total; a ventilação, quando o carro não estiver em movimento ou quando a temperatura passar do limite adequado, será feita provavelmente por um ventilador elétrico, que se ligará automaticamente ─ como no Passat, no Fiat ou no Corcel II.

Com as modificações, o motor 1.300 ganhará no mínimo 10 por cento a mais de potência, alcançando pelo menos 50 Hp ─ contra a potência atual de 46 Hp. Alguns problemas ainda precisam ser resolvidos, como o do nível de ruído interno, por exemplo, e, segundo se sabe, problemas desse tipo já estão provocando um atraso no projeto.

O tipo de motor, no entanto, já está definido. A decisão de adotar um motor já existente ─ embora aperfeiçoado ─ foi tomada levando-se em conta principalmente os custos e facilidade de manutenção. A Volksvagen estudou a instalação, no Angra, de um motor refrigerado a água, de quatro cilindros, da mesma família do motor do Passat, mas ele enfrentaria problemas de manutenção ─ o que a fábrica não quer que aconteça para um veículo que deverá ser produzido em grande escala.

Quando for colocado à venda, o Angra já deverá contar com duas versões desse motor: a gasolina e a álcool, já que em fins de 1981 deverá estar bastante ampliado o número de postos de abastecimento que fornecem álcool. Esse carro está integrado nos planos que a Volks tem para executar entre 1979 e 1984, lançando veículos com tração dianteira e traseira, com motores refrigerados a ar ou a água.

No caso do Angra, ele deverá ser produzido na fábrica de Taubaté, capaz de entregar até 450 unidades por dia a partir de setembro deste ano.
Paulo Brito

O Angra será lançado em 1980. Ele tem motor de 1.300cc e refrigerado a ar.

A FÁBRICA SE
PREPARA PARA O FIM
DO VELHO FUSCA

Em 1936, o primeiro modelo.
Em 1967, com motor 1.300cc.
Em 1974, o superfusca, com motor 1.600cc
Em 1979, mudou o retrovisor.


O sedan "besouro" da Volksvagen é, definitivamente, um produto que está com seu ciclo de vida no fim. Já deixou de ser produzido na Alemanha, na Nigéria; nem chegou a ser produzido na nova fábrica da Volks nos Estados Unidos; só é fabricado no México, no Brasil e na África do Sul. E no Brasil, o final do "besouro" está sendo abreviado.

Ele foi sem dúvida o carro mais adequado quando foi lançado no Brasil, com uma economia em desenvolvimento, e em março deste ano já contava com mais de dois milhões e meio de unidades produzidas aqui. Na verdade o Fusca foi um produto tão importante quanto o Ford-T: tem mais de 20 milhões de unidades vendidas no mundo todo.

O "besouro" nasceu em 1936, projetado por Ferdinand Porsche, um construtor de veículos que em todos os seus empregos tentava implantar a idéia de projetar um carro pequeno, econômico, barato, o carro do povo. E que sempre fracassava.

Somente em 1933, Porsche conseguiu apoio para sua idéia: o próprio governo alemão o convidou a construir um carro exatamente como ele queria, e que não custasse mais de mil marcos. Os três primeiros protótipos ficaram prontos em 12 de outubro de 1936, e durante os 70 dias seguintes rodaram cerca de 50 mil quilômetros cada um. Os protótipos suportaram o esforço, mas a Associação da Indústria Automobilística da Alemanha ainda não estava satisfeita: foram feitos mais 30 Volks na fábrica Daimler Benz, e em seguida mais 30, para serem testados por pilotos que tinham a ordem de tentar literalmente destruir o veículo durante o uso, e comportando-se como os mais medíocres dos motoristas.

Todas as unidades se saíram bem nos testes, rodando 80 mil quilômetros cada uma, e decidiu-se então iniciar a produção em série. Com a II Guerra, no entanto, a fábrica construída em Wolfsburg foi usada para produzir veículos militares (70 mil de 1940 a 1945) e depois serviu como oficina de reparos para veículos do exército inglês.

Na reconstrução da Alemanha, após a guerra, uma comissão de técnicos ingleses chegou à conclusão de que o "besouro" era um produto sem oportunidade no mercado, e que, portanto, não valia a pena produzi-lo. No entanto, o oficial inglês responsável pela fábrica havia se entusiasmado pelo carro e, embora sem recursos, iniciou uma lenta recuperação das máquinas e equipamentos; pouco depois, o coronel Radclyffe, responsável pelo setor industrial do governo militar inglês na Alemanha, convidou o engenheiro Heiz Nordhoff para dirigir a Volksvagen.

Ele chegou a Wolfsburg a 1º de janeiro de 1948 e instalou sua cama dentro da própria fábrica, decidido a transformá-la na maior da Europa. Nesse mesmo ano, foram produzidos 19.244 veículos. Quando Ferdinand Porsche, em 1949, já com 74 anos, saiu da Áustria para visitar a Alemanha, decidiu contar os Volksvagen que viu depois de cruzar a fronteira. Não conseguiu.

A produção anual continuou crescendo sempre, desde então, com o carro penetrando cada vez mais em novos mercados. Trinta anos depois do lançamento, contudo, o "besouro" já é um produto desgastado em muitos desses mercados. E começa, enfim, a ser substituído.

No Brasil, depois de mais de dois milhões e meio de unidades produzidas, o "besouro" já enfrenta um mercado que se sofisticou e que exige renovações. É o que a Volksvagen está fazendo, para não correr o risco de perder seus lucros nessa fatia do mercado.

LPS ELDORADO
UMA REVOLUÇÃO
NA MÚSICA
GRAVADA
NO BRASIL

Revendo com a flauta os
Bons Tempos do Chorinho
Carlos Poyares

Entusiasmado com a volta do choro, Carlos Poyares, flautista desde os 8 anos de idade, gravou este LP interpretando alguns dos chorinhos brasileiros mais bonitos, como o conhecido "Flor Amorosa" e o inédito "Choro Serenata" de Sivuca.
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O Estado de São Paulo, terça-feira, 15 de maio de 1979

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