domingo, 27 de março de 2016

01.05.1974 - Conselho homenageia no Dia Nacional da Mulher as 10 que se destacaram em 73


Conselho homenageia no
Dia Nacional da Mulher as
10 que se destacaram em 73

As 10 mulheres que mais se destacaram em 1973, segundo escolha do Conselho Nacional de Mulheres do Brasil, foram homenageadas ontem "por sua participação no desenvolvimento sócio-econômico-político do país" em cerimônia comemorativa do Dia Nacional da Mulher, realizada no Salão Pedro Calmon da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

As homenageadas foram Aída Carvalho Cortez Pereira (assistência social), Embaixadora Francisca Fernández Hall, Carmem da Silva (jornalismo), Hilda Macedo (policial), Hildegard Angel (TV), Lígia Fagundes Teles (escritora), Magdalena Tagliaferro (pianista), Maria Elisa Carrazzoni (museóloga), Maria Ester Bueno (tenista) e Nise da Silveira (psiquiatra).

MOMENTO HISTÓRICO

No discurso de abertura, a presidente da CNMB, Sra. Romi Medeiros da Fonseca, declarou que tem esperanças de que "num futuro próximo possa agradecer ao Governo da Revolução por seu interesse na participação feminina nos três Poderes da República." E, em outro ponto: "A mulher está deixando de ser objeto para ser sujeito, estamos assim vivendo um momento histórico da humanidade."

A primeira a ser chamada foi o destaque em Assistência Social, Sra. Aída Cortez Pereira, mulher do Governador do Rio Grande do Norte, que divide o cargo de secretária do marido com o de presidente da Linha Auxiliar da Comunidade (LAC), órgão executor da Assistência Social no Estado. Dedica-se ao amparo de menores abandonados.

A Embaixatriz da Guatemala no Brasil, Sra. Francisca Fernández Hall, engenheira, é a primeira mulher de seu país a ocupar o cargo de Embaixatriz. No Brasil foi antes Encarregada de Negócios e em Israel, onde também foi Embaixatriz de seu país, era a decana do Corpo Diplomático de Jerusalém. Formou-se em Engenharia no Rio de Janeiro e recebeu duas importantes condecorações nacionais: a Ordem do Cruzeiro do Sul e a Medalha General Rondon.

A JORNALISTA

Carmem da Silva, da revista Cláudia, foi considerada a mulher que em 1973 mais contribuiu para a renovação do jornalismo feminino. Escreve também nos diários argentinos Clarín e La Razón.

A policial Hilda Macedo, outra escolhida, é a fundadora da Polícia Feminina de São Paulo (195) e observou nos Estados Unidos e na Inglaterra, a convite dos Governos locais, o funcionamento das respectivas policiais femininas, "trazendo subsídios aplicáveis à organização brasileira."

Hildegard Angel, produtora de um telejornal da TV Rio, afirmou em suas declarações, ao ser chamada, que "a mulher brasileira, na televisão, está num lamentável segundo plano."

A ESCRITORA

Outra homenageada, a escritora Lígia Fagundes Teles, acaba de ser eleita para a vaga de Cassiano Ricardo na Academia Paulista de Letras. Lembrou que seu livro mais recente, As meninas, é mais um dado em sua longa luta pela emancipação feminina.

Em seguida foi distinguira a Sra. Maria Elisa Carrazzoni, personalidade do ano passado em educação, por procurar dinamizar a instituição que dirige (Museu Nacional de Belas-Artes), "inclusive incentivando jovens artistas." Não puderam comparecer as homenageadas Magdalena Tagliaferro, atualmente em tournée pela Europa ─ no momento está em Paris; Maria Ester Bueno e Dra. Nise da Silveira, também ausentes do País.

Jornal do Brasil, quarta-feira, 1 de maio de 1974

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