terça-feira, 26 de abril de 2016

19.07.1975 - Advogado chefe de bando marcado para morrer


Advogado chefe de bando marcado para morrer


O perigoso bandido Édson Brisa da Costa, 25 anos, solteiro, autor de nove homicídios no Paraná, e que fazia parte da quadrilha que assaltou o restaurante Lago Azul, no km 72 da via Anhanguera, onde roubaram 425 mil cruzeiros entre cheques e dinheiro, disse que matará o advogado Radion Arnaut Filho. Este causídico, que tinha escritório montado na ladeira Porto Geral, 163, 4.o andar, chefiava o bando juntamente com outro advogado e ex-juiz de Direito do Paraná, Osvaldo Loureiro de Melo, que encontra-se preso em Belo Horizonte por ter assaltado uma agência bancária.


"Radion não respeitou a lei do silêncio e por isso pagará com sua vida", disse Brisa, que matou nove pessoas, inclusive o cunhado, que tentou delatá-lo à Polícia.

Confessando todos os seus crimes com a maior naturalidade, sorrindo quando lhe perguntam os motivos que o levaram a matar, com vários tiros, todas as pessoas que tentaram "alcaguetá-lo", Brisa ainda tem esperanças de ser colocado em liberdade este ano:

"Todos os crimes que cometi ─ disse ele ─ foram para salvar a vida de Radion, que comandava a quadrilha, e especialmente de meus comparsas, que agiram como bandidos e não como "alcaguetas", como é o caso de Radion, que está foragido. Eu prefiro morrer que delatar um comparsa. Nunca fiz isso e nunca farei", continua Brisa, que é temido e muito respeitado no submundo do crime. "A nossa quadrilha só fazia assaltos de 100 mil cruzeiros para cima. Não é como muitas, por aí, que só assaltam carregadores de marmitas. Isso eu já falei ao senhor Dino Bacheli, encarregado dos investigadores da Equipe Oeste, que me prendeu, juntamente com dois de meus comparsas. Eu vou matar Radion, que nos "entregou" para a Polícia."

Os policiais da Equipe Oeste, responsáveis pelo desbaratamento da quadrilha, que era muito bem organizada, disseram que nunca viram um bandido tão frio como Édson Brisa da Costa, que tem cinco filhos menores e prometeu matar Radion, que é suspeito de ter dado fuga ao "Caveirinha".

─ Mesmo estando atrás das grades, comandarei um bando para assassinar esse advogado, que está foragido. Se eu pudesse sair daqui, juro que iria buscá-lo e trazê-lo morto ao "seu" Dino ─ finalizou Brisa, que é temido até pelos seus próprios comparsas.

Diário de Notícias, sábado, 19 de julho de 1975

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