domingo, 17 de abril de 2016

19.11.1999 - Gigante P-36 chega para operar Roncador


Gigante P-36 chega para operar Roncador
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MAIR PENA NETO

Após 20 dias de viagem, a plataforma P-36, a maior semi-submersível do mundo, chega hoje ao Rio para colocar em operação o Campo de Roncador em março de 2000, pouco mais de três anos depois de sua descoberta. Roncador garantiu à Petrobras o recorde mundial de exploração e produção em águas profundas, a partir de um poço piloto que já produz a 1.853 metros.

Campo mais ao norte da província petrolífera de Campos, Roncador foi descoberto em outubro de 1996, em águas ultraprofundas — 1.500 a 2.000 metros —, a leste do Frade e a nordeste de Albacora. Com reservas de 3 bilhões de barris de óleo equivalente, estará produzindo 100 mil barris diários até o fim de 2000 e 180 mil barris/dia em 2001.

O desenvolvimento de Roncador se dará em três fases. Na primeira, a cargo da P-36, serão desenvolvidas as áreas norte e leste, bombeando óleo de 31° API, por meio de 21 poços. O investimento previsto é de US$ 2 bilhões, que a Petrobras está buscando em project finance. A segunda fase, cujos estudos de viabilidade deverão estar concluídos em meados do ano que vem, destina-se à produção da área sudoeste do campo, em águas de 1.500 a 1.850 metros. A terceira fase, ainda sem prazo definido, desenvolverá as áreas mais profundas a sudeste do campo, que chegam a 2.000 metros.

Grande porte — A história da P-36 começou há nove anos, em Gênova, na Itália. O estaleiro Fincantieri começou a construí-la por encomenda da empresa britânica Midland Scottish Resource (MSR). A plataforma, projetada para perfuração e produção de 100 mil barris/dia, foi concluída em 1994 e entregue em março de 1995. Por uma mudança em sua política, a Msr decidiu vendê-la e a Petrobras quis comprá-la para operar no campo de Marlin Sul. Após dois anos de negociação, a Petrobras assumiu a Spirit of Columbus, como era batizada, mas resolveu destiná-la para Roncador, cuja qualidade de óleo e potencial de produção exigiam plataforma de maior porte.

Em 1997, a plataforma saiu de Palermo para Quebec, no Canadá, onde foi transformada exclusivamente em unidade de produção, com capacidade elevada para 180 mil barris/dia e condições para operar a 1.400m de profundidade. A adaptação às condições de Roncador exigiu corte de mais de 2,5 toneladas da estrutura original e o acréscimo de 5,5 toneladas de no-vos equipamentos.

Durante as transformações, o estaleiro Davie, contratado pela Marítima, vencedora da licitação da plataforma, entrou em concordata, retardando financiamento de órgãos canadenses. A Petrobras assumiu a responsabilidade pelos contratos e fez um empréstimo-ponte. 

Jornal do Brasil, sexta-feira, 19 de novembro de 1999

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