segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

19.12.1935 - EM VILLA ZELINA, UM MECANICO ATIRA CONTRA A NOIVA, FERINDO-A MORTALMENTE E, AO SER PRESO, SUICIDA-SE



EM VILLA ZELINA, UM MECANICO ATIRA CONTRA A NOIVA, FERINDO-A MORTALMENTE E, AO SER PRESO, SUICIDA-SE

Hontem, mais ou menos ao meio-dia, o dr. Delduque Garcia, delegado da 9.ª Circumscripção, quando iniciava o plantão na Policia Central, foi scientificado de que, momentos antes, havia se registado um crime de sangue em Villa Zelina, situada entre São Caetano e Santo André.

A vista disso, a autoridade, fazendo-se acompanhar de escrivão, transportou-se para o ponto indicado.

A POLICIA NO LOCAL
A autoridade, chegando ao local, encontrou cahidos ao chão, nadando numa poça de sangue, um casal de jovens, ella ainda com vida, mas em estado desesperador, e elle já cadaver.

A IDENTIDADE DO CASAL
Pelas investigações feitas de momento, o delegado soube que a moça era Maria Vargas, de 16 annos, solteira, operaria, poloneza, moradora no predio 14 da rua Quatro e o moço era o mecanico Sylvio Gifin, com 21 annos, solteiro, morador á rua Toledo Barbosa, 35.

Maria Vargas foi transportada para o hospital da Santa Casa e o cadaver de Sylvio Gifin removido para o necroterio do Gabinete Medico Legal, para o competente exame.

ABERTURA DE INQUERITO E OS ANTECEDENTES DO FACTO
Paula Segewich, poloneza, de 16 annos, operaria, filha de João Segewich, moradora á rua Ciclames, 54, em Villa Bella, amiga inseparavel de Maria Vargas, prestou declarações no inquérito aberto, narrando, com precisão, os antecedentes do facto.

Disse, que, ha mezes, conhecendo Maria Vargas, se tornou sua amiguinha, que ha dois annos, pouco mais ou menos, se tornara noiva de um rapaz de nome Sylvio Gibin.

NOIVADO DESFEITO
Ante-hontem, á noite, Maria contou á declarante que, depois de ter descutido com o noivo, este lhe deu uma bofetada, razão por que desfez o noivado. 

Hontem, pela manhã, Maria sahiu de casa em companhia da declarante, afim de procurar collocação em uma fabrica do bairro do Belémzinho.

ENCONTRO FATAL
Quando ambas regressavam da referida fabrica e caminhavam pela rua Quatro, ao enfrentarem o n.° 24, encontraram-se com Sylvio. Maria pediu-lhe as photographias que lhe havia dado, tendo Sylvio respondido que elle carregava no bolso. Em seguida, sacando de um revolver, resfechou dois tiros contra a sua ex-noiva, attingindo-a em pleno peito.

A declarante, vendo a sua amiga cahir por terra banhada em sangue, poz-se, espavorida, a gritar por soccorro, acudindo então um militar residente nas vizinhanças.

TENTATIVA DE FUGA E SUICÍDIO

Sylvio Gibin, vendo o militar, tentou fugir e, ao ser alcançado pelo mesmo, que lhe deu voz de prisão, virou a arma contra o peito e deu ao gatilho, morrendo immediatamente, 

Correio Paulistano, quinta-feira, 19 de dezembro de 1935

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