domingo, 10 de janeiro de 2016

11.06.1964 - General: Ademar é intocável

 
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GENERAL: ADEMAR É INTOCÁVEL

SÃO PAULO (Sucursal) — "O mandato do governador Ademar de Barros é intocável e jamais permitiremos quaisquer intervenções no Estado, nem mesmo nos seus mais distantes municípios". Esta afirmação foi feita ontem pelo general Aldévio Barbosa Lemos, secretário de Segurança Pública, falando em nome do governador paulista.

O general Aldévio Lemos, depois de reafirmar que "a autonomia do Estado de São Paulo jamais será ferida", disse que "existe absoluta cooperação entre a Policia paulista e o II Exército, que realizam consultas prévias antes de tomarem qualquer atitude". 


Alerta
O general Aldévio Lemos informou que as fôrças policiais de São Paulo poderião voltar a qualquer momento ao estado de prontidão em que estavam quando da eclosão do movimento de primeiro de abril. E acentuou:

"Por enquanto, queremos apenas evitar que seja quebrado o arcabouço democrático que tanto nos custou montar."


Secretariado
Conforme ainda o general, o secretariado do govêrno paulista não será modificado senão mais tarde, desmentindo assim noticias de que haveria pressão para a reformulação dos quadros administrativos de São Paulo.

Causou estranheza mesmo nos círculos ligados aos Campos Elísios, o fato de ter sido atribuído ao general Aldévio Lemos o encargo de fazer tais pronunciamentos, em nome do sr. Ademar do Barros, pois o secretário da Justiça, sr. Miguel Reale, vinha sendo o responsarei por semelhantes declarações, quando estas não eram feitas pessoalmente pela governador do Estado.

Candidatura
Pouco depois das afirmações do general Aldévio Lemos o Serviço de Imprensa Oficial anunciava que "a candidatura do sr. Ademar de Barros é definitiva, pois foi consagrada pela Convenção Nacional do PSP". A nota esclarece que o governador "aceita e defende o adiamento das eleições diretas, mas isso não importa, necessàriamente, na retirada de seu nome, como candidato à Presidência, nas eleições diretas que vierem a se realizar no País, se não em 1965, com toda a certeza em 1966".


Intervenção 
O deputado Paulo de Castro Prado, da UDN, afirmou ontem, por sua vez, que "São Paulo se encontra sob intervenção branca". O parlamentar, que vem articulando um pedido de impeachment do governador Ademar de Barros, disse que "ao contrário do que se admitia, o governo revolucionário não está fechando os olhos ao passado e presente do chefe do Executivo, levando em conta os serviços prestados por êle à revolução". Frisou o sr. Paulo Prado que "o governador não foi cassado, mas está sendo acossado".

A noite passada o sr. Ademar de Barros embarcou para a Guanabara, a fim de encontrar com o presidente Castelo Branco, e a FAB foi colocada de prontidão. O esquadrão de Reconhecimento Mecanizado observa regime a semiprontidão.

VENEZUELA DIZ TER
APOIO CONTRA CUBA

Washington e Havana (AP•FP•CM) — O embaixador da Venezuela em Washington e na OEA, Enrique Tejera Paris, dizendo ter o apoio da maioria dos países americanos, solicitou ontem a convocação, para o dia 16 do corrente, de uma reunião extraordinária do Conselho da OEA para fixar a data e o local da reunião consultiva dos ministros de Relações Exteriores destinada a tratar do problema cubano. 

Tejera Paris fêz o pedido de convocação depois de uma troca de opiniões em reunião do Conselho, informal e secreta, realizada na terça-feira à noite, na qual o embaixador venezuelano diz ter verificado "que os países membros, em maioria, são favoráveis a uma reunião ministerial". A Venezuela procura realizar uma reunião de chanceleres para impor sanções adicionais ao regime de Fidel Castro, sob a acusação de intervenção cubana nos assuntos internos venezuelanos.


Desmentido
As autoridades militares norte-americanas desmentiram ontem uma denúncia cubana de que sentinelas da Base Naval dos Estados Unidos em Guantánamo efetuaram disparos contra um soldado cubano, na terça-feira à noite, ferindo-o seriamente, a cêrca de um quilômetro e meio da entrada principal da Base. 

Porta-voz do Pentágono sugeriu que talvez os disparos tenham sido feitos por tropas comunistas que perseguiam elementos anticastristas e declarou: "Este informe de Havana é típico das denúncias irresponsáveis e infundadas emitidas pelo regime castrista. Investigamos a fundo a denúncia consultando o comandante da Base de Guantánamo e achamos que carece de fundamento, porque uma investigação cuidadosa confirmou que nem os sentinelas da Infantaria da Marinha nem qualquer outro elemento do pessoal norte-americano usou munições na noite da terça-feira."

O porta-voz acrescentou que "durante os dois últimos dias fôrças militares cubanas estavam manobrando em volta da Base de Guantánamo procurando aprisionar elementos anticastristas, e é possível que um soldado cubano tenha sido ferido em conseqüência dessa ação e o governo castrista esteja querendo lançar a culpa nos sentinelas norte-americana de dentro da base."


MENEGHETTI APONTA
NOVOS SECRETÁRIOS

PORTO ALEGRE (TRP-ASP-CM) — O professor Cirne Neves e o deputado Paulo Brossard (PL) aceitaram convite do governador Ildo Meneghetti para as Secretarias da Fazenda e do Interior e Justiça, respectivamente. Foram mantidos em seus cargos os sercretárlos de Segurança, de Administração e de Obras Públicas.


Cassações
O vereador Mendes Ribeiro condenou, na Câmara Munucipal, a atitude do governador Meneghetti, que "assinou em cruz a relação para a cassação de mandatos e suspensão de direitos políticos no Rio Grande do Sul".

Prefeitura
A Câmara Municipal deverá fixar hoje a data para a eleição do nôvo prefeito, conforme deliberaram ontem os líderes das bancadas. Considera-se que a eleição do sr. José Batista Pereira é problemática, dependendo da posição que adotar o PTB.

Ministro
A Assembléia Legislativa aprovou, ontem, por 38 votos contra 5, a indicação do deputado Ari Delgado para ministro do Tribunal de Contas do Estado.

"POST" DIZ QUE DITADURA
MILITAR CALOU JUSCELINO

Nova York, São Francisco, Lima e Montevidéu (AP•DPA-UPI•CM) — O "New York Post" disse ontem que as medidas repressivas adotadas contra o sr. Juscelino Kubitschek provam que o Brasil está sob uma ditadura militar, enquanto a repercussão negativa da cassação dos direitos políticos do ex-presidente brasileiro abriu a possibilidade de o general De Gaulle excluir o Brasil do seu roteiro de visitas à América Latina — segundo noticiou a agência DPA, em telegrama procedente de Buenos Aires.

Fonte da Embaixada da França no Rio, ao registrar que os jornais franceses receberam mal a cassação do mandato do sr. Juscelino Kubitschek admitiu que o presidente De Gaulle é multo atento à opinião pública de seu país. Segundo a fonte, as reações produzidas na França contra a suspensão dos direitos políticos do ex-presidente se explicam porque o "sr. Kubitschek era o político brasileiro mais conhecido pelos franceses".

Evidência
O "New York Post" afirmou ontem em editorial que "se houver necessidade de alguma evidência nova para demonstrar que o regime Instalado no brasil é uma ditadura militar as medidas repressivas adotadas contra o ex-presidente Juscelino Kubitschek deverão ser suficientes.

Adiantou o jornal que "por multo que tentasse forçar a imaginação ou a linguagem, Kubitschek não pode ser considerado senão como um liberal moderado. A suspensão dos seus direitos políticos por 10 anos nada tem a ver com a luta contra o comunismo. É simplesmente uma artimanha para eliminar o principal candidato à presidência".

Pouca confiança
O "Chronicle" de São Francisco disse também, ontem, em editorial, que "o atual governo instalado pelos militares no Brasil, com a derrubada do esquerdista presidente João Goulart em abril, está provocando desconfiança em suas intenções em vista de sua extensa série de depurações politicas".

Acrescentou o jornal que "sua promessa de restabelecer os processos democráticos praticamente se tornou inverossímil esta semana quando o presidente Juscelino Kubitschek foi retirado de sua cadeira no Senado e despojado dos direitos politicos por dez anos".

Legisladores contra
Dois legisladores reprovaram, ontem, em Lima, as medidas tomadas, contra o sr. Kubitschek, dizendo que "a perda dos direitos políticos do ex-presidente é um ato antijurídico, de vingança, sem paralelo na História da América Latina", sustentando ainda que o govêrno assim procedeu "a fim de preparar o caminho à presidência do ar. Carlos Lacerda".

Em Montevidéu, tôda a imprensa diz que JK foi atacado "sem a menor possibilidade de defesa". 

Castelo
cassa mais
mandatos 

O presidente Castelo Branco assinou ato suspendendo os direitos políticos de mais oito cidadãos e cassando o mandato de três. Os que tiveram seus direitos políticos suspensos foram os srs. José João Abdala, deputado federal por São Paulo; — João Massena de Melo. deputado estadual pela Guanabara; — Giovani Francisco Amadeu Romita, deputado estadual pela Guanabara; — Manuel Rodrigues da Silva, ex-vereador por Manaus; — Lício da Silva Hauer, ex-deputado federal pela Guanabara; — Arlindo Augusto dos Santos Pôrto, deputado estadual pelo Amazonas; — Aldo Morais, ex-secretário de Finanças do Amazonas, e João Batista da Costa, presidente do Diretório Estadual da UDN.

Tiveram seus mandatos cassados os srs. José João Abdala, deputado federal por São Paulo; — João Massena de Melo, deputado estadual pela Guanabara; e Giovani Francisco Amadeu Romita, suplente de deputado estadual pela Guanabara. 

JOHNSON ANUNCIA
DOMÍNIO NUCLEAR 

Worcester, Massachusetts (AP•UPI-FP•CM) — O presidente Lyndon Johnson revelou ontem, numa solenidade universitária, que os Estados Unidos conseguiram um avanço econômico de vários anos na utilização pacífica da energia atômica, obtendo resultados que seriam compartilhados por todo o mundo, na esperança de que a política da "guerra fria" seja substituída pela batalha científica do homem contra a natureza.

Johnson fêz um apêlo para que se utilizem todos os recursos científicos mundiais contra as três grandes ameaças que pesam sobre a humanidade — a pobreza, as enfermidades e a diminuição de recursos naturais — lembrando, a êsse propósito, que o ano de 1965 fôra designado como "Ano da Coopereção Internacional", por motivo do 20.º aniversário das Nações Unidas.

Contribuição 
Dentro do contexto dessa cooperação cientifica mundial, o presidente Johnson afirmou que os Estados Unidos prosseguiriam em seus esforços tendo em vistas a) A utilização simultânea de reatores nucleares para a produção de energia elétrica e para dessalinizar as águas do mar; b) a prevenção de enfermidades em todos os continentes, em estreito contato com as nações que querem "melhorar o bem-estar da humanidade"; c) o estabelecimento de um sistema meteorológico mundial que utilize os satélites artificiais e as instalações de todos os países industrializados, a fim de lutar contra as tempestades, as sêcas e as inundações. "De nossa parte — disse — nos propomos a reunir todos os recursos dêste pais, públicos e privados, para trabalhar com outras nações e chegar a novos métodos que melhorem a vida do homem".

Potência nuclear
O presidente anunciou que no dia primeiro de setembro comunicará à Conferência Internacional de Energia Atômica, em Genebra, que os Estados Unidos têm uma nova modalidade de uso da fôrça nuclear para satisfazer as necessidades mundiais".

Comentando "parece que o tão esperado dia da potência nuclear econômica está multo próximo", manifestou que nos últimos meses "conseguimos um avanço econômico decisivo no uso de reatores em grande escala para produzir energia comercial".

EUA vão dar armas à Argentina
Omaha (AP•CM) — O ministro da Defesa da Argentina, Leopoldo Suarez, que conferenciou na semana passada em Washington com seu colega norte-americano Robert Macnamara, revelou ontem que as Fôrças Armadas de seu pais receberão brevemente modernos armamentos dos Estados Unidos, inclusive aviões, como resultado de um nôvo acordo militar argentino-norte-americano.

O ministro argentino partiu ontem da Base da Fôrça Aérea dos Estados Unidos, em Offutt, depois de uma visita à sede do Comando Aéreo Estratégico e disse aos jornalistas que as armas norte-americanas são destinadas mais a "aumentar a eficiência do que a promover uma expansão" dos serviços militares argentinos. As armas serão apresentadas às Fôrças Armadas da Argentina por uma missão militar que já se encontra em Buenos Aires.

Hoje
  • O ministro da Agricultura, sr. Thompson Filho, foi demitido pelo presidente Castelo Branco, pela divulgação de um trabalho sôbre reforma agrária (Ult. Pág.). O aumento do funcionalismo público poderá ultrapassar os 100% (Ult. Pág.).
  • O STF publicará boletim diário, divulgando processos dos presos políticos. Cêrca de 10 presos aguardam pronunciamento daquele tribunal (Ult. Pág.). E o Serviço de Trânsito iniciou a operação "pneu-vazio", que consiste em esvaziar os pneus doa carros estacionados em tocais proibidos (Pág. 3).
  • O governador Ildo Meneghetti já tem nomes certos para as Secretarias da Fazenda (prof. Cirne Neves) e do Interior e Justiça (deputado Paulo Brossard). (Pág. 1). O Conselho Superior do Comércio Exportador do Café acha que, mantida a política cambial da Instrução 272 da SUMOC, o Govêrno aniquilaria a produção cafeeira. (Pág. 2).
  • Flamengo empatou (1x1) com o Milan, em Milão; o América também, pelo mesmo escore, com o Sporting, no Pôrto; e o Bonsucesso com • Strasbourg (2x2), na França. Garrincha, alegando contusão, não viaja com o Botafogo, para a Güiana Inglêsa ao contrário do Fluminense, que vai completo para Assunção. (Pág. Esp).
  • O 99.º aniversário da Batalha do Riachuelo será festejado hoje pela Marinha de Guerra, (Pág. 3), enquanto o conselho de representantes da UME criticou extinção das entidades estudantis pelo presidente da República, (Ult. Pág.).
  • O prêmio de "Seus Talões Valem Milhões", no Valor de Cr$ 4 milhões, coube à sra. Maria de Lourdes Costa Thibau (Pág. 3). E o aumento do leite para Cr$ 130 o litro está em vigor a partir de hoje: (Pág. 3).

EUA: SENADO LIQUIDA
A OBSTRUÇÃO RACISTA

Washington (AP•FP-UPI-CM) — O Senado norte-americano, com seus 100 membros presentes, decidiu ontem, por 71 votos contra 29, pôr fim ao debate sobre o projeto de lei dos direitos civis limitando a uma hora o tempo para cada senador dizer se é ou não favorável à lei, acabando assim  em definitivo com a ação dos senadores racistas do Sul, que, através de intermináveis discursos, há 75 dias protelavam a matéria para que ela não fôsse submetida à votação. 

Segundo esta decisão — considerada por Robert Kennedy como expressão de verdadeira política bipartidária — a discussão não poderá ultrapassar o total de 100 horas, e de hoje em diante o Senado se reunirá todos os dias até a votação final do projeto, que dará aos cidadãos norte-americanos de raça negra a quase igualdade de direitos de seus compatriotas brancos e que, segundo Robert Kennedy, representa o desejo da maioria do povo dos Estados Unidos, de progredir até a solução dos problemas raciais". 

Otimismo
O presidente da Câmara de Representantes, John McCormach, externou ontem sua confiança de que o Senado aprovará o projeto de lei em termos que resulte aceitável peles membros da Câmara Baixa.

McCormach afirmou que "não há dúvida alguma de que o projeto será promulgado no atual período do sessões".

Regra de 1917
A regra usada ontem para acabar com a obstrução sulista foi criada em 1917 e só agora aplicada pela primeira vez. Os dirigentes republicano e democrata se convenceram de que êste era o único meio de limitar e oposição aos direitos civis e conseguiram, assim, a votação de 71 contra 29, isto é, 4 votos mais nos dois terços requeridos. A Câmara de Representantes havia aprovado em 10 de fevereiro passado, por 290 votos contra 130, êste mesmo projeto.

Depois de aprovada a medida, que põe fim à obstrução desse projeto de lei, o Senado Iniciou a votação de 400 emendas propostas durante os 75 dias de debate.

Ajuda ao exterior
A Câmara de Representantes aprovou ontem o programa de ajuda ao exterior, num montante de 3 bilhões e 500 milhões de dólares, sem introduzir-lhe reduções de importância, pela primeira vez nos 17 anos transcorridos desde que os Estados Unidos iniciaram êsse plano de assistência internacional.

Legisladores republicanos e democratas partidários da iniciativa uniram suas fôrças para rejeitar tôdas as tentativas do chamado "Bloco das Economias", de diminuir as diversas verbas do programa, que somente fixa as somas máximas que poderão ser consignadas à ajuda de outras nações. A autorização efetiva para se poder utilizar os créditos consignados terá de ser dada por outra lei adicional.

Antes da violência

Num Importante artigo publicado na revista "The Nation", de 9 de março de 1964, um dos lideres do combate pelos direitos civis nos Estados Unidos, Martin Luther King Jr., expõe algumas das novas condições e métodos de luta dos negros americanos. Uma das novas características é a participação das grandes massas, que só no ano de 1963, realizaram demonstrações em mais de mil cidades, grandes e pequenas, dos Estados Unidos. Outra característica é a luta pelos direitos civis tender, em alguns casos, a assumir um aspecto que já não é de não-violência, mas de violência, assim como a combinar-se com uma orientação de natureza social com fortes tendências radicais.

Essa tendência afirma-se particularmente no movimento "Freedom Now" que foge ao contrôle dos líderes religiosos assim como dos reformistas, embora nada tendo de comunista (o Partido Comunista não tem influência entre as massas dos trabalhadores negros devido, entre outros motivos, aos erros crassos de apreciação do seu problema). "Freedom Now" tem, contudo, tendências socializantes, a que alguns elementos ex-trotsquistas, saídos da revista "The Militant", pretendem dar uma orientação. O movimento, apesar de numèricamente fraco, age, sobretudo, nos sindicatos, e tem conseguido em alguns pontos mobilizá-los para demonstrações de massas. A tendência a uma mudança qualitativa na luta dos negros americanos, passando da não-violência à violência, e de uma luta pela igualdade racial para uma luta social, foi perfeitamente entendida pelo presidente Kennedy que, a razões de consciência de ordem jurídica e moral no seu apostolado pelos direitos civis, juntou motivos de natureza política, para tentar resolver o mais breve possível o problema procurando, com urgência, os meios de fazer aceitar pela nação os direitos civis. A célebre marcha sôbre Washington que êle preconizou situa-se nesta linha de pensamento, procurando em comunhão com o povo forçar as resistências aos seus postulados de igualdade racial. Além disso, a solução do problema racial impunha-se à visão lúcida de Kennedy como indispensável para uma aproximação, no domínio internacional, dos Estados Unidos com todos os povos de côr e, mormente, os africanos. A grande luta que se desenvolveu em muitos setores e através de muitas tragédias pelos direitos civis, e que teve em Kennedy um dos seus maiores intérpretes, acaba de ter agora no Senado americano uma vitória importante, após 75 dias de debates e a obstrução desesperada de elementos sulistas.

Correio da Manhã, Rio de Janeiro, quinta-feira, 11 de junho de 1964

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