sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

07.08.1996 - Sofunge fecha e 1.500 perdem empregos

ECONOMIA
TRABALHO


Sofunge fecha e 1.500 perdem empregos

Empresa acumulava
prejuízo de R$ 30 milhões e
vai vender ativos para
pagar trabalhadores

LILIANA PINHEIRO

A Sofunge, com prejuízo acumulado de R$ 30 milhões nos últimos dois anos, encontrou ontem em regime de liquidação. Assim, rescindirá contrato com seus 1.500 empregados e fechará as portas definitivamente. A empresa depende da venda de seus ativos - prédio, terreno, máquinas, etc, da fábrica na Lapa - para pagar os trabalhadores. O patrimônio é avaliado em R$ 1,8 milhão, valor que segundo a direção da companhia é suficiente para saldar a dívida trabalhista. O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, Paulo Pereira da Silva, disse ter ficado revoltado com mais essa baixa na sua categoria, hoje com 320 mil empregados. Em apenas um dia, cerca de 0,5% dos Metalúrgicos da Capitai ficaram desempregados

A liquidação foi anunciada ontem, um dia depois da reunião de acionistas que chegou à seguinte conclusão: a empresa não tem mais condições de enfrentar a globalização da economia, o excesso de interferência da Justiça nas relações trabalhistas, a desatualização cambial e o mercado interno retraído.

O principal acionista da Sofunge, com mais da metade das ações, é a Fundição Tupy. Assim, o presidente executivo da Tupy, Mário Egerland, foi eleito liquidante da fundição, que fornecia blocos, cabeçotes e carcaças pata motores de tratores e caminhões da Maxion, Mercedes-Benz e MWM. De Janeiro a junho, o mercado de tratores teve queda de 60% em relação a igual período do ano passado, e o de caminhões de 30%, de acordo com o presidente.

"Quando decidimos comprar a Sofunge - até novembro a empresa pertencia à Mercedes-Benz - tínhamos um programa de reestruturação previsto", afirmou Egerland. Mas, em dezembro, o Tribunal Regional do Trabalho, num julgamento de greve na empresa, decidiu dar estabilidade de seis meses aos empregados. 

Assim, sem faturamento para arcar com salários e impossibilitada de demitir e aumentar a produtividade por empregado, a empresa passou a destinar 73% do faturamento para a folha de pagamento.

Indústria faz mais 1.833 demissões

ISABEL DIAS DE AGUIAR

A indústria paulista demitiu 1.833 trabalhadores na quarta semana de julho, o correspondente a uma queda de 0,09% no índice medido pelo Departamento de Estatística (Depea) da Fiesp. Desde o inicio do mês, 8.102 empregados da indústria foram dispensados, equivalente a uma queda de 0,40%.

O poncentual aponta para um agravamento do cenário no mercalo de trabalho. Em junho, o setor industrial do Estado demitiu 4.670 trabalhadores, com queda de 0,21%.

O prognóstico dos empresários de estabilidade no mercado de trabalho no segundo semestre não se confirmou. Apesar da expectativa de um moderado aquecimento nas atividades industriais, impulsionadas pelo efeito sazonal, próprio do período, muitas empresas mantêm a politica de enxugamento de seus quadros de funcionários.

Dentre os 46 setores industriais pesquisados, apenas sete contrataram. Outros 14 setores continuam demitindo trabalhadores. Entre esses, destacam-se as indústrias de alimentos congelados e supergelados, malharias e meias, relojoaria, parafusos e porcas, perfumaria e fundição. O emprego na indústria paulista acumula queda de 5,10% desde janeiro, o correspondente ao fechamento de 109.589 vagas. Nos últimos 12 meses, essa queda foi de 11,83%, o que representou a perda de 274.701 postos de trabalho.

O Estado de São Paulo, quarta-feira, 7 de agosto de 1996

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