quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

27.02.1983 - Jogar contra computador não convence enxadristas

Carias Hungria


Jogar contra computador não convence enxadristas

Valéria 9 anos, aceitou o desafio da máquina mas achou que "isso demora muito, é sem graça"

Jogar contra computador
não convence enxadristas
Patrícia Faria

Enquanto Hollywood está vivendo a síndrome da eletrônica, produzindo cada vez mais filmes que estão levando o público ao delírio, devido a efeitos sonoros e visuais, como Guerra nas Estrelas, E.T. e mais recentemente Tron — Uma Odisséia Eletrônica, a era do computador ainda não chegou a convencer os tradicionais jogadores de xadrez.

Ontem a Associação de Moradores e Amigos da Freguesia, em Jacarepaguá, promoveu uma manhã diferente de lazer: colocou um computador na calçada da Estrada de Jacarepaguá, em frente ao Largo da Freguesia, programado para jogar xadrez. Os curiosos eram poucos, e os habituais jogadores tinham opinião unânime, como Manoel Paulo: "A maneira tradicional é bem melhor. Mas vejo uma vantagem, se eu ficar irritado com o jogo é só desligar a máquina.

Fácil de mexer
O computador Vic 20 acoplado a um televisor é de fácil manuseio. Foi programado pelo analista de sistemas do Serpro, Luís Freire, morador do bairro e dono do aparelho, para operar em jogos de xadrez em sete níveis de dificuldade. Esse nível é crescente logo, o nível um é para os "focas e o mais alto para os mequinhos. Para operar o computador, de origem americana, é necessário saber jogar xadrez e apertar as teclas.

Valéria Tomsic, de nove anos, quis aprender a mexer no computador em sua primeira exibição. Olhos atentos à tela, dedos nas teclas e uma observação firme no painel que indica a posição das peças. No sentido horizontal estão as letras. No vertical, os números.

E na tela o tabuleiro eletrônico. A indicação das peças combinadas com o número e letra faz com que as peças desejadas se movimentem através do toque das teclas.

Após alguns minutos apertando as teclas — parecidas com as de uma máquina de escrever — Valéria Comentou: "Isso demora muito, é sem graça. Prefiro o jogo como ele é, sem muita sofisticação."

Encontro e lazer
Para o presidente da Associação de Moradores e Amigos da Freguesia, Eduardo Lobato, promover jogos na rua "é uma maneira diferente de misturar encontro e lazer". 

Jornal do Brasil, domingo, 27 de fevereiro de 1983

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